Só sei que nada sei, mas ainda insisto em digitar...

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Só sei que 2011 vem aí.

"Logo, o Réveillon é uma época simbólica, que deve nos relembrar de toda a responsabilidade que temos pelo simples fato de estarmos vivos."



"Ano Novo, vida nova". Quantas vezes não ouvimos, ou não dissemos, essa baboseira tão clichê? Antes fosse tão fácil assim - entrar em um novo ano, e automaticamente ter sua vida e seu caráter completamente transformados. Uma vida nova em um ano novo que chega, pelo simples fato do ano ter chegado. Como se não houvesse de ser necessário um esforço homérico na transformação interna de cada um.

Começo esse post, que é o último do ano de 2010, perguntando à vocês: "O quê é um ano?" Um ano dentro de todo o tempo. Uma vida dentro de todo o tempo. Aí vou perguntar: "O quê é o tempo?" Bom, minha definição preferida (na minha opinião é uma definição perfeita) está no livro "A Gênese", escrito por Allan Kardec e pelos Espíritos.

No capítulo XI do livro, chamado "Uranografia Geral", começa-se falando sobre "O espaço e o tempo". E a definição dada sobre o tempo é que "o tempo é apenas uma medida relativa da sucessão das coisas transitórias . Se séculos de séculos são menos que um segundo, relativamente à eternidade, que vem a ser a duração da vida humana?!" Afinal, eu e você somos seres transitórios nesse planeta que também e transitório por si só. Pois pessoas nascem e morrem a todo o segundo na imensidão do planeta, assim como planetas nascem e morrem também na imensão do Universo. Logo, o Réveillon é uma época simbólica, que deve nos relembrar de toda a responsabilidade que temos pelo simples fato de estarmos vivos.



Sim, sou amante da simbologia e das datas comemorativas, afinal, são simbólicas por si só. E tudo que é simbólico, tem um significado e é rico por si só. O que não podemos fazer é banalizar o significado das coisas, como a sociedade fez com o Natal, por exemplo.

Devemos resgatar sim, o verdadeiro significado das coisas. E qual o significado do chamado Réveillon? A palavra "Réveillon" surge do verbo francês "réveiller" que significa "despertar" na nossa língua pátria. Sim, animal, você falou francês esse tempo todo sem saber. E não precisa ser muito mais que um animal para perceber que quem "desperta" é o ano novo que chega. Mais um ciclo que se fecha.

Ora, não só o ano novo desperta para todo o planeta, como desperta também para todas as pessoas que vivem neles. Ou seja, as pessoas deveriam, em tese, despertar junto com o ano. "Despertar em que sentido?" - você irá me perguntar. Bom, aí que está a beleza do negócio.



A verdade do mundo é uma só, e de fato, cada um sabe o quê é bom para si mesmo e para o próximo. Logo, "despertar" significaria algo como "despertar para a verdade, e deixar de vez certas mentiras adormecerem junto com o Ano Velho." E as ditas "mentiras" podem ser muitas. Vai de cada um. As mentiras serão exatamente a antítese da verdade de cada um. Cada um com seu tempo, no seu ritmo de evolução.

Meu objetivo no Ano Novo nunca é nada específico. Acho que as pessoas sim, devem fixar certos objetivos.  Não só no Réveillon, mas o tempo todo. Mas eu acho sim, que a festa em si deve te chamar a uma reflexão DAS COISAS QUE VOCÊ FEZ NO ANO QUE TERMINA, E NÃO EXATAMENTE NAS COISAS QUE VAI FAZER.



É interessante fazer assim: Durante a festa, lembre-se de todos os seus feitos do ano. Bons e ruins. Aí esqueça os bons um pouco. Afinal, fazer coisas boas não é nada mais que nossa obrigação como um ser-humano decente. Foque nas coisas ruins. Analise-as, e simplesmente COMPROMETA-SE A NÃO REPETÍ-LAS. Se seu objetivo durante todo o ano que chega for simplesmente se comprometer a não cometer os mesmos feitos ruins (para si mesmo e para os outros), está ótimo. Estarás num caminho certo para 2011. Exceto em 2012, pois parece que o planeta vai explodir, não?

Mas tudo bem, até que o planeta exploda ou algo do tipo, sem baixarias, ok?

Te desejo um Próspero e Feliz Ano Novo, de todo meu coração. À você e à todos que você ama, e odeia. Até o ano que vem!

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

O Monstro.

 


O monstro acordou cansado como sempre. Monstros dormem mal, a rotina de monstro cansa. Monstro que se preza mesmo não dorme. Não dorme nem come. Afinal, o descanso é justo pro corpo e pra alma. Mas como assim? Monstro não é justo, é injusto. Monstro nem alma tem.

Monstro não tem casa, não tem lar. Mesmo que seja a caverna mais fria, ou o charco mais fedorento. Se chamou de "casa", monstro não é. E mesmo se tivesse casa, não enfeitaria a casa. Nem com sangue, nem com a pele ou a cabeça das vítimas. Monstro não se apega à nada nem ninguém.

Mas o "monstro" levantou, mijou, cagou e comeu. 

Ele anda irritado. Falaram por aí que monstro não existe. E ele não estaria irritado à toa. Aliás, monstro não fica irritado. Pois só se irrita quem tem paz relativa. E se tem paz relativa, não seria monstro.  Monstro não tem lado negro. Monstro nem lado tem. Monstro não é dois, é um. É monstro e pronto.

Mas resolveu encarar certos fatos: Monstro chora escondido? Se chora, não é monstro.

E se faz maldade e fica bem com ela também não é monstro. O monstro odeia tudo. Inclusive ele mesmo. 

O monstro não pode mais estudar. Pois quem estuda ama o conhecimento. E quem ama, não é monstro. 

Monstro penteia o cabelo, monstro se arruma, monstro se perfuma? Não, monstro é monstro. 

Monstro tem cor preferida e ouve música? Existe sequer música pra monstro? Claro que não, pois só um monstro tocaria uma verdadeira música de monstro. Mas em contrapartida, um monstro jamais tocaria um instrumento, ou cantaria. Nem que para outros monstros. Nem que para ele mesmo. Monstro em essência não faria nada disso.

Monstro sorriu, monstro ama e já amou. Mesmo que ele não confesse pra ninguém. Mesmo que não confesse pra ele mesmo. "Que porra é essa?", diria um monstro de verdade, caso ele não existisse. Aliás, um monstro de verdade não diria porra nenhuma. Como questionar algo que vai além de monstruosidades? Monstro não questiona. Nada nem ninguém. Nem ele mesmo.

Monstro se age como monstro no fundo tem medo. Alguma mensagem ele quer passar com suas monstruosidades. Mesmo que a mensagem seja de auto-afirmação. Ora, monstro que é monstro jamais teria medo de nada. Muito menos passaria mensagem alguma. Nada além de monstruosidade na cabeça do monstro.

Monstro sai pra se divertir, mesmo que com outros monstros e monstras. Monstro sorri, monstro dá risada e monstro dá gargalhada. Como assim? Monstro que é monstro não fica feliz nunca, nem quando faz monstrice. Afinal, apenas cumpriu sua obrigação de monstro. Ops!, obrigação? E monstro lá tem obrigação?

O monstro viu a monstra, e fez sexo com ela. Não importa ter agido como monstro, em um ato que demonstra NO MÍNIMO carinho e afeto recíproco mesmo que em nível inconsciente. Mesmo que feito entre monstros e monstras. Porra, monstro de araque!

Monstro não é leal a ninguém, não tem ideologia. Se ele vive um ideal de monstro, monstro então não é.

Monstro faz monstrice, às vezes segue um padrão, às vezes tem dia certo pra isso. Porra, monstro que é monstro não tem rotina.

Monstro não senta. Quem senta e pára, pensa. E monstro não pára, e monstro não senta, e monstro não pensa. Pois a realidade é uma só: monstruosidade. Para quê pensar, se não há nada além disso? Se cogita algo além da monstruosidade, é porque monstro não é. Monstro que é monstro só enxerga um lado.

Monstro não usa a droga que for, lícita ou ilícita. Droga cria sensações. E monstro não sente nada. Nem dor, nem prazer. Aliás, "ilícito" é algo que um monstro de verdade jamais compreenderia.

E se tiver um monstro no mundo que não tenha passado por tudo isso, pouco importa. Monstro ele também não é. Pois se não passou, ainda vai passar. Tão certo quanto dois e dois são quatro. Matemática monstruosa da vida.

No fundo o monstro é um coitado. No fundo o monstro é monstro pois tem medo. Medo do bem que ele aos poucos sente aflorar dentro dele. Mas não adianta mais maltratar os outros. Não adianta mais SE maltratar. O monstro cansou. Monstro não existe mesmo. Vai ver usou uma fantasia esse tempo todo e não sabia. Ou sabia e não ligava. Ou sabia e não conseguia mudar. Pouco importa, já é hora de tirar. E se tirou, não adianta agir como monstro. Não adianta agir como algo que no fundo não existe. Não adianta viver uma mentira.

Mas se monstro não existe, quem é esse pseudo-monstro que falamos tanto então?

Quem é ele? 

Eu. Você.

Tchau, monstro.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Só sei que Papai Noel existe.

"Você lembra quando seus pais contaram à você que o Papai Noel não existia? Grande choque, não? Pois então. Agora eu tomo a liberdade de dar uma de "anti-pai" e dizer: o Papai Noel existe."

"Então é Natal..." diz todo o ano a Simone.



Confesso à vocês que o clima do final de ano me agrada demais. Luzinhas piscantes, árvore de Natal, renas, "Jingle Bells", cigarras cantando na hora que o nasce e na hora que o sol se põe. Graças ao capitalismo, Natal eu também lembro da Coca-Cola. 




E é tanto Papai Noel que tem por aí que provavelmente deve ter algum saindo pela sua bunda nesse exato momento. Ou entrando. Whatever. O Natal é uma época realmente muito feliz para a maioria, em razão das festas de final de ano. Natal e Ano Novo. Falaremos semana que vem sobre o Ano Novo. Hoje falarei sobre o Natal. 

No Natal, comemoramos o nascimento dele. "O cara". O nascimento da Papai Noel? Não. Nascimento de Jesus Cristo. Existem muitos estudos que visam comprovar que o Cristo não nasceu no dia 25 de dezembro num estábulo, que Maria engravidou da maneira tradicional mesmo, que Jesus era negão, entre outras bisonhices.



Ultimamente tenho cagado e andado para esse papo "Código Da Vinci". O mais importante, de fato, é o verdadeiro significado do Natal. Comemorar simbolicamente o nascimento do Cristo, ou seja, o nascimento de uma nova palavra que ainda seria traduzida à língua dos homens, através de seus exemplos: a língua da caridade e do amor ao próximo e à Deus.



Por isso, que nessa data que se aproxima, que todos nós estejamos unidos de alma com todos nossos familiares e amigos na hora da ceia. Que vivamos e saibamos valorizar momentos e datas importantes como essa, tão simbólica e necessária ao equilíbrio da humanidade. Que o presente que você dá e que o presente que você recebe rePRESENTEM o amor recíproco. Que o presente material seja a materialização do sentimento imaterial. E que mesmo que você não ganhe presente, saiba reconhecer que a vida, a família e os amigos são os únicos e necessários presentes que precisamos para sermos felizes. Mas eu não vou criticar caso algum leitor queira me mandar um X Box ou um Playstation 3.

Após ter mencionado o verdadeiro significado do Natal, vamos falar sobre uma figura muito importante e muito presente no Natal - o Papai Noel.



Eu não estou muito afim de escrever sobre a história deste personagem ao longo dos tempos. O Google está aí pra isso.  Mas quero ter uma conversa muito importante com você.

Você lembra quando seus pais contaram à você que o Papai Noel não existia? Grande choque, não? Pois então. Agora eu tomo a liberdade de dar uma de "anti-pai" e dizer: o Papai Noel existe.

E vou dizer à você o motivo pelo qual estou dizendo isso. Eu me lembro muito bem, no começo dos anos 90, uma tarde de final de ano na minha antiga escola. Era a famosa e aguardada hora do recreio, e entre mordidas no mistinho e goles no Nescau que tinha acabado de tirar da minha lancheira verde-limão da "Família Dinossauro", eu percebi que o papo do momento era "Acreditar ou não no Papai Noel: Eis a questão."

Em meio à esse momento "hamletiano", lembro do meu melhor amigo (que nessa época ainda não era meu melhor amigo), o Eric, defendendo com unhas e dentes o argumento que o Papai Noel não existia. Nessa época eu confesso à vocês que nem desconfiava de nada. O Papai Noel, para mim, era tão real quanto o fato do Chaves e do Chapolim serem brasileiros.



Lembro-me de me dirigir até ele, na frente de todos, dizendo que o Papai Noel existia. Ele resistiu, e contra-atacou, dizendo com ar de superioridade que inclusive ele NUNCA havia acreditado no Papai Noel, e que mesmo assim, sempre recebeu o presente anual de seus pais, em mãos.

Como eu fui e sou uma alma contestadora, desde sempre e para sempre, eu disse à ele algo do tipo: "Os pais assumem a responsabilidade de presentear a criança quando ela ou os pais não acreditam no Papai Noel." Ou seja, no meu raciocínio infantil, a partir do momento que você não acredita no Papai Noel, a responsabilidade de presentear é sua. Simples assim.

E fui feliz durante muitos anos, escrevendo cartas ao Papai Noel, e acordando na manhã mais feliz do ano, indo pegar meu tão esperado presente na árvore. No fundo, todo esse processo natalino era muito mais prazeroso e divertido do que o próprio presente em si. Era ritualístico. E cara, como isso era bom.

Comecei a desconfiar do Papai Noel quando ganhei dele um computador. O Super Nintendo, um ano antes, passou batido. Mas o computador não passou tão batido. Para mim, era estranho o fato dele ter mandado um técnico de uma loja trazer e instalar o computador aqui. Se fosse um duende, tudo bem. Mas um técnico? Nem orelhas grandes o cara tinha.



Desconfiei mais ainda quando ganhei a fita do "Mortal Kombat 3". Até o manual do jogo vinha em português, com certeza Português não é a língua-pátria do Pólo Norte. Seria necessário duendes programadores para as fitas, tradutores para os manuais...

O fato dele fazer todas as entregas em uma noite também não me soava mais fisicamente impossível. A explicação dos meus pais que "era possível por causa do fuso-horário" não me satisfazia mais. Um saco não parecia ser o suficiente para todos os presentes do mundo. Lembro de tentar calcular a média de casas visitadas no mundo, na velocidade da luz, média de crianças em cada país e etc. E mesmo assim, renas que viajam na velocidade da luz não são plausíveis. E mesmo se fossem, o Papai Noel morreria no trajeto. A verdade se aproximava. Até que então ela veio. E nem senti doer tanto, no fundo foi até um alívio. Mas o fato era um só. Da mesma forma que Nietzsche acabou matando Deus, a Dona Suely tinha acabado de matar o Papai Noel.




Sim, tristeza bateu. Muita. Afinal, por mais que se desconfie de algo, dói mesmo quando você confirma a hipótese. E no meu caso, foram dois coelhos numa cajadada só: Papai Noel e Coelho da Páscoa. Quer dizer,  um coelho, literalmente. E um idoso obeso.

Mas o mais interessante de tudo é que desde esse dia, e até hoje, eu NUNCA me senti traído de alguma forma pelos meus pais. Eu fui feliz vivendo essa fantasia. Que de fantasia não tinha nada. Era a fantasia mais real de todas. Até hoje os agradeço por isso. Principalmente as crianças, almas em desenvolvimento, de coração tão puro, precisam viver essas fantasias. Isso faz bem, isso alegra a vida de qualquer criança. Toda aquela expectativa, todo aquele mistério e magia que envolvia todo o mês de dezembro. Escrever a carta, ir dormir com um sorriso no rosto e acordar com um sorriso maior ainda. Não há preço que pague tudo isso que vivi durante vários anos. Como foi importante pra minha infância viver essa fantasia real.

Por isso digo que meus filhos vão acreditar em Papai Noel. Mesmo com os "Garotos Podres" dizendo: "Papai Noel, filho da puta, rejeita os miseráveis, presenteia os ricos, cospe nos pobres..."

Infelizmente nesse mundo cão, ainda vai haver pobreza, violência e desigualdade social durante muito tempo. Então, que façamos nossa parte, orando e ajudando materialmente essas crianças que infelizmente, nessa encarnação, encontram-se numa situação de miséria e tristeza.



Mas que, mesmo diante de tanta miséria, você tenha a sensibilidade de dizer aos seus filhos que o Papai Noel existe, e que os faça viver essa fantasia como eu vivi, e como você talvez tenha vivido. Afinal, tudo que eu senti durante todos esses Natais foi real. E se foi real, ele realmente existe. Se ele existe dentro da gente, ele existe em qualquer lugar. Toda aquela expectativa, toda a alegria, todos os sorrisos e gargalhadas intermináveis à beira da árvore de Natal, enquanto eu e meu irmão rasgávamos euforicamente os embrulhos temáticos.

Campanha: "Papai Noel existe." Façamos isso pelas nossas crianças.



Um Feliz Natal à todos, de coração! E que passemos esse Natal felizes do mesmo jeito que o mundo ficou feliz na noite do nascimento daquele simpático menininho naquela manjedoura, banhado pela luz da Estrela-Guia e festejado naquele momento pelos homens e pelos amigos animais!

PS2.: Falando em presépio, você sabia que ele foi inventado por São Francisco de Assis? O motivo do presépio é não nos esquecermos, na noite de Natal, do momento que acabei de descrever acima.

PS.: Eu só fui DESCONFIAR que o Chaves não era brasileiro, em um episódio onde ele vende suco de tamarindo que tem gosto de laranja mas parece de limão. Nesse episódio, lemos claramente "Tienda del Chavo". Aí então comecei a investigação. Descobrir que o "Guarujá" do episódio era "Acapulco" fez meu mundo cair. Muito embora já conhecesse todas as praias do Guarujá, residia em mim a esperança de que aquela praia onde eles cantam "Boa noite vizinhança" fosse uma espécie de praia secreta ou particular. Vivendo e aprendendo.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Só sei que é preciso saber amar.

"Existe de fato, idade para saber amar? Para votarmos, temos que ter 16 anos. Segundo o Direito, a maioridade penal é de 18 anos. Afinal, existe maioridade para saber amar?

"Mas era jovem demais pra saber amar."

Trecho de "O Pequeno Príncipe", de Antoine de Saint-Exupéry. Um dos livros mais fofos já escritos na história, com grande teor poético e filosófico. Conta a estória do menino que mora com sua rosa no planetinha B-612.

O planetinha "B-612" e seus habitantes.



Vamos discorrer sobre esse trecho em especial. Existe de fato, idade para saber amar? Para votarmos, temos que ter 16 anos. Segundo o Direito, a maioridade penal é de 18 anos. Afinal, existe maioridade para saber amar?

Eu acho que ele realmente se pronunciou com maestria. Na humilde opinião deste que vos escreve, amor é um sentimento. Mas amar é um processo.

"Como assim, Tayan? Um processo?" Sim, criatura. Um processo.

O amor realmente é intrínseco ao ser-humano. Para mim, o mal, de fato, não existe. O mal é apenas o nome que inventaram para a ausência do bem. Ou seja, somos todos bons em essência. Se nos tornamos maus, apenas nos deixamos levar por influências negativas do meio.

Na estica.


Ou seja, vendo dessa forma, amar torna-se natural ao ser-humano, pois ele é movido pelo amor. Logo, ele ama. Mas COMO ele ama? Como ele lida com esse amor?

Aí que reside o problema. Como amar de forma RACIONAL? Sim, o amor tem de ser racional. Pois senão, amaremos de forma infectada. Infectada pelo quê? Por toda aquela horda de sentimentos inferiores que ainda insistimos em carregar na nossa personalidade. Infelizmente, ao longo dos milênios, tais sentimentos de ordem inferior acabaram criando raízes nas bases morais do homo sapiens.

Ciúmes, orgulho, desconfiança, possessividade. Nomes de alguns dos vírus presentes na nossa personalidade. E como usar esse vírus ao nosso favor? Transformando-o em antídoto. Tal qual o soro antiofídico que tem como componente químico o veneno da cobra, e a vacina que decorre do vírus.

O carneiro e a caixa.


E essa habilidade que desenvolve antídotos morais contra nossa própria personalidade corrosiva, decorre de experiências. Da maturidade. Mas o mais interessante é que essa maturidade não decorre da idade biológica. Essa "maioridade" como me referi acima é uma maioridade espiritual. E aviso-vos de pronto: não existe idade certa para alcançá-la. Nem 16, nem 18, nem 21, nem 81. É variável entre as pessoas. MUITO variável. 

Sim, existem espíritos jovens e velhos. Maduros e imaturos. Ativos e passivos. Experientes e inexperientes. Pois então, Saint-Exupéry está certíssimo quando diz que às vezes somos jovens demais para SABER amar. De fato, a jovialidade do coração quase sempre resulta em amores irresponsáveis e infectados. E nós e os outros acabamos sofrendo com isso no decorrer dos processos amorosos, ao longo de toda nossa vida.

Como expliquei, amar é intrínseco ao ser-humano. Mas o ser-humano nasce justamente para SABER amar, para APRENDER a amar. Aprender como lidar com seu amor de forma limpa e justa. A maneira certa. Muitas vezes, quando somos jovens (ou não) lidamos de maneira errada com nossos amores, de maneira viciada. Viciadas pelos já mencionados: ciúme, intolerância, possessividade, etc. Amar exige muita responsabilidade de nossa parte, tendo em vista que somos responsáveis por todos os nossos atos decorrentes do nosso livre-arbítrio. Ainda mais quando lidamos com outras vidas, tão humanas e sensíveis quanto a nossa própria. Por isso AMAR APENAS NÃO BASTA, TEMOS QUE SABER AMAR. Não basta mais dizer que ama, aí machucar esse alguém que hipoteticamente se ama, e depois desculpar-se com esse alguém. Isso já não é o bastante. É irresponsável demais, é adolescente demais. Aliás, isso nunca foi o bastante.

Você então me questionará: "Como saber amar?"

Bom, meus amigos, saber amar é muito simples. "Saber amar" é simplesmente amar. Afinal, temos "amado" de forma completamente errônea e irresponsável.  Saber amar é amar de forma pura, sem as mencionadas viciações e desvios de personalidade. Amar independe de ser amado. Amar é agir em desfavor de sua própria personalidade. Quando seu orgulho gritar, que seu amor grite mais alto que ele. Quando o orgulho não conseguir mais te cegar momentaneamente, aí sim tu irás enxergar com olhos amorosos. Quando o ódio ou a discórdia tentarem te envolver, que o amor te liberte dessas fétidas amarras morais. Quando a ira se espalhar no ambiente, e você sentir o ímpeto de agredir alguém, fisicamente ou moralmente, que você consiga se domar ao ponto de conseguir amar o seu agressor. E você o ama e o compreende, pois sabes que um dia também já foi um agressor. E você não irá revidar uma agressão. Pois no fundo, aquele que agride é sempre mais infeliz que aquele que é agredido. Esse é o famoso "dar a outra face". Não deixar de se defender, mas sim uma metáfora de não retribuir violência com violência. Não agredir, mesmo tendo sido agredido. Pois esse tipo de atitude realmente não resolve NADA. Só faz ecoar o choro, só prolonga o banho de lágrimas.

Saber amar, senhoras e senhores, é saber RESPEITAR. E não vou nem exigir muito de vocês e pedir para respeitarem o próximo. Respeitem pelo menos aqueles que vocês amam. Já é um bom começo. E nem isso às vezes conseguimos fazer direito. E é quando constatamos isso que sabemos que é hora de mudar, hora de melhorar e de fazer algo em relação à isso. A chamada-mor para a corrigenda interior é constatar que machucamos alguém que amamos. Não façamos aos outros NADA que não gostaríamos que fizessem com a gente.

O autor, que era piloto militar, morto durante
uma missão de reconhecimento.
Seu corpo nunca foi encontrado.


Paremos com tudo o que estivermos fazendo de errado então, a partir de agora. Que não simplesmente amemos alguém. Isso é muito pouco. SAIBAMOS AMAR ALGUÉM, de forma autêntica e responsável. Sentir e viver um amor legítimo de alma. Vamos deixar a infantilidade e a adolescência para trás. Vamos nos esforçar para atingirmos de vez a nossa maioridade espiritual. E isso se dá com amor e respeito à todos que nos cercam. Mas para saber amar, é requisito básico atingir a maioridade espiritual. Deixemos de lado nossa futilidade mundana, e nossos vícios de personalidade. O amor é o mais nobre dos sentimentos, logo, para ser vivido na sua plenitude (que é transcendental ao ser físico), deve ser vivido e tratado com a mais alta nobreza humana possível, da parte de cada um. Quando soubermos amar, seremos felizes. E quando formos felizes, nossa única preocupação será tornar todo o resto feliz. Grande trabalho à frente. Comece tornando você mesmo feliz, aprendendo a saber amar. Sua pessoa amada agradece. Você também irá agradecer. O mundo agradece.

Mãos à obra!

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Só sei que a vida é uma proposição engraçada.

Pois é, clima de final de ano. Muitas coisas acabando. Inclusive, o que acabou esse domingo (para a minha tristeza) foi a primeira temporada da sensacional série da HBO chamada "Boardwalk Empire". Para quem gosta de história, clima de máfia e Martin Scorsese, eu recomendo. Diria até obrigatório.



Não quero falar sobre a série, vou postar hoje, de maneira muito simples, apenas a transcrição de uma excelente música que tocou no último episódio, de George M. Cohan, chamada "Life´s a funny proposition after all", que me fez refletir bastante.

Eis aqui o vídeo da mencionada cena.

http://www.youtube.com/watch?v=DlNBcNcmKIk

Espero que reflitam também. Boa noite à todos.

"Já sentou e refletiu, sentou e imaginou, sentou e pensou?
 Por que estamos aqui, e qual o sentido dessa vida?
 É um problema que levou muitos homens inteligentes a beber;
 É a coisa mais estranha, eles tentaram entender.

 Milhares de teorias diferentes que os cientistas podem mostrar;
 Mas nunca puderam achar a razão.
 Com tudo que pensamos e tudo que aprendemos;
 Porque tudo que sabemos é que nascemos, vivemos um pouco e depois morremos?

 A vida é uma proposição muito engraçada;
 Imaginação, inveja, hipocrisia e tudo mais.
 Três refeições por dia, muito a dizer quando não se tem dinheiro;
 Sempre pelo caminho, todos estão lutando enquanto estamos caminhando.

 Todo camarada diz que o outro está errado;
 Apressados e preocupados até sermos enterrados sem aviso;
 A vida é uma proposição muito engraçada apesar de tudo.

 Quando as coisas estão fáceis e quando um homem está com sorte;
 Então a vida para ele é brilho por todos os lados.
 Então o destino sopra como uma brisa e perturba os planos;
 Aí ele reclama que a vida é um fardo difícil de carregar.

 Apesar de hoje ser um dia de sorrisos, amanhã é uma incógnita;
 E o que me traz alegria pode me trazer preocupação e sofrimento.
 Nascemos para morrer, mas não sabemos porquê, ou o que é tudo isso;
 E quanto mais tentamos aprender menos sabemos.

 A vida é uma proposição engraçada, pode apostar;
 E ninguém resolveu o problema de um jeito satisfatório.
 Jovem um dia, depois velho e grisalho;
 Como a rosa que do botão floresce, seca a se desfaz.

 Perdendo a saúde para ganhar riquezas, durante esse sonho que vivemos;
 Tudo é um palpite e nada é uma certeza absoluta.
 Batalhas excitantes, e ao destino nos opomos até que as cortinas desçam;
 A vida é uma proposição engraçada apesar de tudo."

P.S.: Já estou com saudades de Nucky, Jimmy, Eli, Margaret, Al Capone e companhia. Meu personagem preferido é o Richard Harrow.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Só sei que violência gera violência. - Rorschach x Justiça no Planeta.

"Confesso que eu mesmo, caso não acreditasse ou não tivesse fé em Deus, já teria me tornado um vigilante mascarado há MUITO tempo."

Primeira aparição de Rorschach
em "Watchmen".


"12 de outubro de 1985. Carcaça de um cão morto no beco hoje de manhã com marcas de pneu no ventre rasgado. A cidade tem medo de mim. Eu vi sua verdadeira face. As ruas são sarjetas dilatadas cheias de sangue e, quando os bueiros transbordarem, todos os vermes vão se afogar. A imundice de todo sexo e matanças vai espumar até a cintura e as putas e os políticos vão olhar para cima gritando "salve-nos"... e eu vou olhar para baixo e dizer "não". Eles tiveram escolha, todos. Podiam ter seguido os passos de homens honrados como meu pai ou o presidente Truman. Homens decentes, que acreditavam no suor do trabalho honesto. Mas seguiram os excrementos de devassos e comunistas sem perceber que a trilha levava a um precipício até ser tarde demais. E não me digam que não tiveram escolha. Agora o mundo todo está na beira do abismo contemplando o inferno e os liberais, intelectuais e sedutores de fala macia... de repente não sabem mais o que dizer."

Assim começa a mais aclamada "graphic novel" de todos os tempos.

Elenco de "Watchmen".
Ilustração clássica.


"Rorschach" não é bem meu personagem preferido da trama de "Watchmen", mas sem dúvida é o que eu mais admiro dentre todos eles. Rorschach é o alter-ego de Walter Joseph Kovacs, e tem esse nome pois usa uma máscara manchada, cujas manchas vão se moldando à máscara do personagem, conforme o mesmo vai mudando de expressões ou emoções. Ele é praticamente o personagem principal da trama, além de ser o principal narrador. Ele narra a história nos quadrinhos da mesma forma que a narra em seu diário. Ele passa a  história toda escrevendo em seu diário. Após o assassinato do Comediante, em 1985, Rorschach passa a investigar o seu possível assassino, descobrindo então, aos poucos, uma conspiração maior do que ele mesmo cogitava. Assim, vai aos poucos tentando alertar os outros heróis aposentados, dizendo que alguém lá fora estava matando os antigos mascarados. E ele diz "antigos", pois ele mesmo, Rorschach, foi o único que continuou agindo (na ilegalidade) após a aprovação da "Lei Keene", sendo ele um constante procurado pela Polícia e pelo Governo.

Rorschach, ao invadir o apartamento de Edward Blake,
logo após a polícia cercar o local.



"13 de outubro de 1985. Dormi o dia todo. Acordei às 16:37, com a senhoria reclamando do cheiro. Ela tem cinco filhos de cinco pais diferentes. Deve enganar a previdência social. Logo vai anoitecer. Lá embaixo a cidade grita como um matadouro cheio de crianças retardadas. Nova York. Sexta à noite um comediante morreu em Nova York. Alguém sabe por quê. Lá embaixo... alguém sabe. O crepúsculo fede a fornicação e más consciências. Acho que vou me exercitar.
Primeira visita da noite infrutífera. Ninguém sabia de nada. Sinto-me deprimido. A cidade está morrendo de hidrofobia. Será que só consigo limpar a baba da sua boca? Jamais se desesperar. Jamais se render. Deixo as baratas humanas discutindo heroína e pornografia infantil. Tenho assuntos a tratar com outra classe de pessoas.

20:30. Encontrar Veidt me deixou um gosto ruim na boca. Ele é mimado e decadente. Traiu até mesmo suas próprias hipocrisias liberais. Talvez homossexual? Devo me lembrar de investigar mais. Dreiberg não fica atrás. Um fracassado lamuriando-se no porão. Por que restam tão poucos de nós na ativa e sem desvios de personalidade? O primeiro Coruja é dono de uma oficina. A primeira Espectral é uma puta velha e inchada morrendo num asilo na Califórnia. Capitão Metrópolis foi decapitado num acidente de carro em 1974. O Mariposa está num hospício no Maine. Silhouette aposentou-se em desgraça. Foi morta seis semanas depois por alguém querendo vingança. Dollar Bill foi baleado. Justiceiro Encapuzado sumiu em 55. O Comediante está morto. Só restam dois nomes na minha lista. Ambos moram no Centro Rockefeller de Pesquisas Militares. Eu vou até eles. Vou avisar o homem indestrutível que alguém planeja matá-lo.

23:30. Sexta à noite um comediante morreu em Nova York. Jogado pela janela. Quando atingiu a calçada, a cabeça dele entrou no estômago. Ninguém liga. Ninguém além de mim. Será que eles estão certos? Logo vai haver guerra. Milhões vão queimar. Milhões vão perecer de doença e miséria. Por que se importar com uma morte? Porque existe o bem e o mal, e o mal tem de ser punido. Mesmo à beira do fim, isso não vai mudar. Mas muitos merecem punição... e há tão pouco tempo"

Sequência que narra uma das partes de seu Diário.



Vamos por partes. As imagens que aparecem em sua máscara são imagens do "Teste de Rorschach", e é necessário sabermos o básico sobre esse mencionado teste antes de continuarmos com o "Especial Watchmen" da forma elegante com a qual o mesmo vem sendo conduzido. O Teste de Rorschach é um teste psicológico desenvolvido pelo psiquiatra suíço Hermann Rorschach.

O psiquiatra suíço Hermann Rorschach, que é
a cara de Brad Pitt em "Bastardos Inglórios".


É aquele teste em que você tenta dizer o quê entendeu de dez manchas de tintas simétricas que mostram pra você, sempre nas cores preta e branca. Eu inclusive me recordo de ter feito esse teste na minha escola, na primeira série. Com suas interpretações e respostas, procura-se obter um quadro amplo da dinâmica psicológica do indivíduo. É dito que a pessoas projeta aspectos de sua própria personalidade ao interpretar os borrões de tinta. O examinador pega a prancheta e pergunta pra ti: "- O que poderia ser isto?" E o examinado responde o que quiser, quantas vezes quiser.

Algumas imagens do "Teste de Rorschach".
O quê isso lhe parece?


Classificam -se as respostas levando em conta quatro pontos de vista:

1. modo de percepção - ou seja, se o borrão é visto como um todo ou se apenas uma parte é importante (e, neste caso, em que parte do borrão);

2. determinante - ou seja, que aspecto do borrão foi importante para a resposta: a forma, a cor, a impressão de movimento;

3. conteúdo - a figura decrita é de um ser humano, de um animal, uma parte do corpo humano, uma planta, uma paisagem, uma objeto (arquitetônico, histórico, etc.);

4. originalidade ou vulgaridade da resposta - ou seja, se a resposta é, na população da pessoa que está sendo testada, uma resposta muito comum (que muitas pessoas dão) ou muito rara.

Com o resultado dos testes, o examinador tem a oportunidade de examinar uma estimativa do grau de inteligência de alguém, qual o tipo de inteligência mais desenvolvido dessa pessoa (se ela tende à artes, trabalho técnico, se é uma pessoa com imaginação mais fértil), a estrutura e o respectivo controle da vida emocional e a capacidade dessa pessoa se socializar, atitudes gerais como ambição, sentimentos de inferioridade ou superioridade, agressividade, tendência de sentir-se embaraçado, se seu humor tende mais à tristeza, alegria, apatia ou ansiedade, se existem traços neuróticos, e por aí vai.

Walter Kovacs na prisão, cagando e andando
pro "Teste de Rorschach".


Eu sei que meu blog não é dedicado ao estudo técnico da psiquiatria, mas é necessário sabermos o básico para podermos analisar o personagem Rorschach de forma mais justa. Um pouco de cultura não faz mal a ninguém, afinal. E se você não gosta de cultura, eu não quero que você leia meu blog. Sério.

Rorschach chega ao apartamento de Blake,
em cena do filme.


Já que sabemos o básico do básico sobre o Teste de Rorschach, inventado pelo Tenente Aldo Raine, vamos agora nos focar no personagem Rorschach. Mas sendo Rorschach o alter-ego de Walter Joseph Kovacs (como já supracitei), falemos primeiro sobre quem é Walter Kovacs.


O jovem Walter e sua mãe Sylvia.
Pronta para o trampo.


Walter é filho de Sylvia Kovacs, uma prostituta, e seu pai é um homem conhecido apenas como "Charlie. Nunca recebeu a devida educação e atenção da mãe, e era constantemente agredido por ela, tanto fisicamente quanto verbalmente. Sempre foi um garoto tímido e estranho. Uma vez, em uma briga, quando tinha 10 anos, chegou a arrancar a orelha de um rapaz mais velho que ele com uma mordida.

Logo após esses acontecimentos, Walter é encaminhado para um orfanato, onde desenvolve talentos para linguística e educação religiosa. 

"16 de outubro de 1985. Rua 42: seios nus se esparramam de todos os outdoors, de todos os cartazes, sujando a  calçada. Me ofereceram amor sueco e amor francês... mas não amor americano. Amor americano; como Coca em garrafas de vidro verde...eles não fazem mais. Pensei na história do Moloch a caminho do cemitério. Pode ser mentira. Parte de uma vingança planejada durante uma década atrás das grades. Mas, se for verdade, o que significa? Referência intrigante a uma ilha. Também ao Dr. Manhattan. Será que ele corre perigo? Tantas perguntas. Tudo bem. Respostas em breve. Nada é insolúvel. Existe esperança. Enquanto houver vida. No cemitério, cruzes brancas se enfileram, marcas de giz numa lousa gigante. Faço última visita em silêncio, sem alarde. Edward Morgan Blake. Nascido em 1924. Comediante por 45 anos. Falecido em 1985, enterrado na chuva. É o que acontece conosco? Uma vida de conflitos sem tempo para amigos... e no fim só nossos inimigos deixam rosas. Vidas violentas terminando violentamente. Dollar Bill, Silhouette, Capitão Metrópolis... nós nunca morremos na cama. Não é permitido. Algo da nossa personalidade, talvez? Algum impulso animal para lutar e se debater, fazendo de nós o que somos? Não é importante. Fazemos o que deve ser feito. Outros enterram a cabeça entre as tetas inchadas da indulgência e da gratificação, leitões procurando abrigo debaixo de uma porca... e o futuro se avista como um trem expresso. Blake entendia. Tratava tudo como piada, mas entendia. Ele viu as rachas na sociedade. Viu os homenzinhos de máscara tentando remendar tudo... Ele viu a verdadeira face do século 20 e escolheu se tornar um reflexo, uma paródia desses tempos. Ninguém mais viu a piada. Por isso a sua solidão. Ouvi uma piada uma vez: Homem vai ao médico. Diz que está deprimido. Diz que a vida parece dura e cruel. Conta que se sente só num mundo ameaçador onde o que se anuncia é vago e incerto. Médico diz: "Tratamento é simples. O grande palhaço Pagliacci está na cidade. Assista ao espetáculo. Isso deve animá-lo." Homem se desfaz em lágrimas. E diz: "Mas, doutor... eu sou o Pagliacci." Boa piada. Todo mundo ri. Rufam os tambores. Desce o pano."

Após se formar na escola, Walter conseguiu um emprego como arrumador de vestuário em uma loja de vestidos, onde adquiriu um tecido especial. Tal tecido havia sido criado pelo Dr. Manhattan e continha líquidos sensíveis ao calor entre as camadas de látex, criando assim uma coloração preto-e-branco que mudava de forma constantemente. Esse material que Kovacs conseguiu foi na verdade recuperado de um vestido que havia sido rejeitado por uma jovem chamada Kitty Genovese.


"Vou te contar sobre Rorschach."


Dois anos depois, Walter descobre que Kitty foi estuprada e assassinada. E assim, inspirado pelo triste destino de Genovese, ele resolve fazer uma máscara com o tecido do vestido e começa a combater o crime como um vigilante mascarado, assumindo a identidade de "Rorschach".  Até então, poupava a vida dos criminosos que combatia, para que fossem presos pela polícia.

Walter conta ao psiquiatra que "deixava" os criminosos vivos.
No passado, claro.


Até que em 1975, enquanto o mesmo investigava o desaparecimento de uma jovem chamada Blair Roche (após ter prometido aos pais dela que a devolveria viva à eles), ele conseguiu chegar em uma loja de costura, com as informações que vinha colhendo nas ruas desde então. Chegando lá, ao investigar a casa, encontrou uma roupa de menina queimada num fogão, avistou dois cães que roíam um osso humano no quintal.

O dono da loja chamava-se Gerald Trice. Rorschach então mata seus dois cães, e aguarda a chegada de Gerald no recinto. Nos quadrinhos, quando Trice chega na sua loja, o algema no fogão e derrama querosene em torno dele. Deixa à ele uma serra, deixando a entender que para ele sair de lá vivo, teria que cortar sua própria mão algemada fora, antes de ser queimado vivo.

"A cidade tem medo de mim."


No filme, Rorschach o algema no fogão, dizendo então à Trice que "Homens são presos, e animais são massacrados." Desfere então, vários golpes de machadinha contra Trice, assassinando-o. (Inclusive, quero elogiar aqui publicamente a atuação de Jackie Earle Haley no papel de Rorschach nesse filme. É o personagem mais bem interpretado, seguido pelo Comediante interpretado por Jeffrey Dean Morgan. IGUAL ao do HQ. IGUAL.)

Quando juntou-se à liga de aventureiros mascarados "Watchmen", Rorschach já formava uma dupla com o Coruja.

Amizade verdadeira.


Rorschach é um detetive exímio, e também tem grande facilidade de entrar em casas ou prédios trancados. É discreto, e extremamente forte (apesar de ser baixinho). Luta utilizando seu corpo, e vive improvisando armamentos, como gordura, cigarros acesos, garfos e inclusive sua própria jaqueta. Em dado momento da história, ele é preso pela polícia numa emboscada, sendo depois resgatado da cadeia por Coruja e Espectral, durante uma rebelião na mesma. O cara é embaçado mesmo. Durante a trama, parece ser indiferente à dor e o desconforto físico. Para provar isso, em dada parte da história, Coruja e Rorschach, quando estão na Antártida, no encalço de Ozymandias, Rorschach cruza grande parte da Antártida apenas com sua jaqueta e seu cachecol.

Coruja e Rorschach na Antártida.
Só jaqueta e cachecol.


No final da história, quando descobre todo o plano mestre de Ozymandias, Rorschach é o único que não tolera o tipo de conduta dele. E diz à todos que vai voltar à Nova Iorque, acusá-lo, e contar à todos o que realmente aconteceu. Mas isso tem um porém. Caso viesse à tona que o monstro alienígena era na verdade uma farsa, uma criação humana, a paz mundial poderia ser quebrada novamente, esquentando novamente a Guerra Fria e a tensão nuclear entre Estados Unidos e Rússia.

Dr. Manhattan diz à Rorschach
que não pode deixá-lo ir.


Quando Rorschach se retira da base de Ozymandias na Antártida, o Dr. Manhattan (que já havia aceitado, como todos os outros, manter a mentira de Ozy, para garantir a paz mundial e para que tantas mortes não tenham sido em vão) tenta, pela última vez, pará-lo. Rorschach diz ao azulão que a única forma dele pará-lo, seria assassinando-o. Eis que o Dr. Manhattan assassina Rorschach ali mesmo, explodindo-o.

Rorschach sendo assassinado pelo
Dr. Manhattan na Antártida.


O que no fundo não adianta muita coisa, pois a história de "Watchmen" realmente acaba com o Diário de Rorschach (que continha simplesmente TUDO sobre a conspiração e o plano de Adrian Veidt, o Ozymandias) caindo nas mãos de um editor de um tablóide local. A história de "Watchmen" termina assim mesmo, em aberto.

Jornalista tendo acesso ao Diário de Rorschach
no final da história.


"21 de outubro de 1985. Saí da casa de Jacobi às 2:35. Ele não sabe nada sobre a tentativa de desacreditar Dr. Manhattan. Foi apenas usado. Por quem? Russos parecem a escolha óbvia: Manhattan e Comediante eram figuras militares importantes. Mas Comediante falou de uma ilha, artistas e escritores vivendo nela. Não se encaixa. Não consigo me concentrar. Cansado demais. Sem dormir desde sábado. Andei pra casa passando por latas de lixo cheias de rumores de guerra, analisando fatos; corpos; motivos... aguardando um lampejo de clareza no mar de sangue.
Acordei às onze com gritos lá fora. Perturbado por ter adormecido sem remover a pele da cabeça. Mais cansado do que imaginava. Devo ter mais cuidado. Do outro lado da rua, garotos com spray desfiguravam prédio abandonado. Memorizei feições e me preparei para o trabalho. Primeiro tirei meu rosto, dobrei e guardei no casaco. Sem face, ninguém me conhece. Ninguém sabe quem sou. Ao sair do quarto, encontrei a senhoria. Queixas de sempre: higiene e aluguel. Havia marcas de chupada no pescoço gordo. Recentes. Ela me lembra minha mãe. Na rua, inspecionei o prédio desfigurado: silhueta na porta, homem e mulher, possivelmente em preliminares sexuais. Não gostei. Faz porta parecer assombrada. Na 40a com a 7a, vi Dreiberg e Juspeczyk saindo do Gunga Diner. Um caso, talvez? Será que Juspeczyk arquitetou exílio de Manhattan a fim de abrir caminho para Dreiberg? Ela também odiava o Comediante. Devo investigar. Entrando no Diner, pedi café e me sentei olhando minha caixa de correio do outro lado da rua. Transeuntes fizeram vários depósitos: papel de bala, jornais, um par de tênis estrangulado pelos próprios cadarços, línguas pendendo horrivelmente. Esta cidade é um animal feroz e complicado. Para entendê-la eu leio seus dejetos, seus aromas, o movimento de seus parasitas... Sentei olhando o lixo e Nova York abriu seu coração.
Alguém tentou matar Veidt. Prova a teoria do "matador de mascarados". O assassino fecha o cerco. Verifiquei mensagens. Bilhete de Moloch. Relacionado talvez? Depois fui recolher rosto no beco. Em frente ao Utopia, polícia prendeu um viciado em KT-285. Estava gritando alguma coisa sobre o presidente Nixon. Sobre bombas. Será que todos enlouqueceram menos eu? Sobre a 40a, um elefante flutuava. Acima dele, satélites espiões invisíveis. Se eles estreitarem seus olhos de vidro, todos vamos morrer. Mundo implacável. Só há uma resposta sadia para ele. O beco estava frio e deserto. Minhas coisas estavam onde eu havia deixado. Esperando por mim. Colocando-as, abandonei o disfarce e voltei a ser eu mesmo, livre do medo, da fraqueza ou do desejo. Meu casaco, meus sapatos, minhas luvas imaculadas. Meu rosto. Tenho três horas antes de encontrar Moloch. Mais adiante, ouvi grito de mulher, primeira nota balbuciante do coro noturno da cidade. Me aproximei. Uma tentativa de estupro/assalto/ambos. Pigarreei. O homem se virou e havia algo gratificante no seu olhar. Às vezes à noite é generosa comigo."

Rorschach de rolê.


Agora, vamos à análise em si. Rorschach claramente era mentalmente desequilibrado, com um porém. E um "porém" muito importante. Ele agia com justiça. Não que isso legitimasse suas ações e seus assassinatos, mas para ele, Walter Kovacs, dentro de seu próprio código moral que ele mesmo construiu, ele era um agente do verdadeiro conceito de Justiça. E segundo ele (e segundo eu também) a Polícia, o Governo e as Leis dos homens nem de longe promovem a Justiça.

Rorschach dando uma prensa em Dan, o Coruja.


A questão é: "Quem promove a Justiça no Planeta Terra?" Resposta, na minha humilde opinião: Se Deus é infinitamente justo perante o Universo, Deus o é infinitamente justo na Terra. E nós, formigas que somos nesse formigueiro esférico e azul que gravita no Espaço, devemos nos esforçar para sermos também, justos. E assassinar pessoas não me parece ser justo de verdade. Por isso sou contra o vigilantismo, e por isso sou contra a pena de morte. E digo mais, por isso sou contra qualquer ato de vingança em nome de Justiça.

Pra quem foi de jaqueta e cachecol pra Antártida,
o que é uma chuvinha dessas?


Platão, em "A República", narra um diálogo com Sócrates sobre como seria a Justiça dentro da República. Resumidamente, Sócrates diz mais que A JUSTIÇA É A SAÚDE, A BELEZA E O BEM-ESTAR DA ALMA. Isso deixa bem claro que qualquer atitude que não seja bela por si só e não cause bem-estar na alma NÃO É UMA ATITUDE JUSTA.

Indo mais adiante na história, mais propriamente em Roma, citarei os princípios básicos do Direito Romano, tendo em vista que o Direito, em sua essência, visa pura e simplesmente promover a Justiça entre os homens.

Em Roma, os princípios do Direito são, no latim: "honeste vivere" (viver honestamente), "alterum non laedere" (não prejudicar a ninguém) e "suum cuique tribuere" (dar a cada um o quê lhe é devido). 

Sequência da prisão de Rorschach.


São máximas que validam o Direito, protegem e distribuem a Justiça na Terra. E assassinato e violência também não me parece de acordo com uma pessoa que viva honestamente, não prejudicando a ninguém e dando a cada um o quê lhe é devido. Pois no fundo, a Lei de Talião ("olho por olho, dente por dente") não deve ser aplicada por nós, meros mortais. Ou seja, se alguém prejudicou alguém, estuprou ou assassinou, isso não nos dá o Direito de praticar o mesmo com esta pessoa, pois soa injusto à boa moral.

Indo ainda mais além, dentro do Espiritismo (doutrina a qual eu estudo) temos uma obra chamada "O Céu e o Inferno", ditada pelos Espíritos e publicada por Allan Kardec. Segundo esta obra, basicamente, a Justiça Divina processa-se de acordo com um princípio evangélico básico, uma das máximas do Filho do Homem, Jesus Cristo: "A cada um com suas obras".

Rorschach interroga chapados no bar,
torturando-os delicadamente.


Aí você deve estar pensando: "Tayan, você está metendo o pau no Rorschach, mas acima disse que ele era o personagem que você mais admirava." E de fato, o admiro. Pois durante a trama, ele é muito específico sobre sua "não-crença" em Deus. Dizendo algo como: "Este mundo não é moldado por forças metafísicas. Não é Deus que mata crianças. Não é o destino que as massacra ou que alimenta seus cachorros com elas. Somos nós. Apenas nós.", referindo-se à menina Blair, que foi assassinada.

Walter explica ao psiquiatra no quê
ele REALMENTE acredita.


Como eu posso julgar ou criticar alguém que age assim, se esse alguém não acredita em Deus? Afinal, deve ser desolador, para não dizer DESESPERADOR viver num mundo como o nosso, sem crer na Justiça Divina. São barbaridades e atrocidades sem número, que ocorrem no nosso dia-a-dia.

Rorschach queimando um policial
numa emboscada.
OH SHIT!


As declarações de Rorschach são, por exemplo, completamente opostas com as declarações do comandante do BOPE, que li ainda essa semana, em meio à todo esse caos que ocorre no Rio de Janeiro atualmente. Nem sei se essa declaração procede na verdade, mas merece no mínimo uma análise. A declaração é: "Perdoar os bandidos cabe à Deus. Ao BOPE cabe promover esse encontro."

Rorschach queima o policial denovo.
Agora no filme.


Calma lá, se você acredita em Deus, não pode falar uma merda dessa. Pois se você acredita realmente em Deus, sabe que o encontro de qualquer alma com Ele, só é promovido por ele mesmo. Nem o BOPE, nem o Rorschach têm o direito de promover esse encontro legitimamente. 

Again. OH SHIT!


Mas como eu já disse, Rorschach não acreditava em Deus. Ele não promovia encontro de criminoso com Deus algum. Ele simplesmente, agindo dentro de seu ideal e conceito próprio de Justiça, expurgava esses criminosos covardes da sociedade. E dentro dele, é um ideal nobre. Não um ideal covarde. É um ideal inclusive altruísta, pois no fundo não era um ato de revanchismo ou vingança pessoal - era apenas a Justiça dele sendo executada. Justiça onde ele mesmo julgava, condenava e executava. Em proteção à sociedade. Pelo bem da sociedade. Pelo bem da "República". Um verdadeiro guardião, e até em seu último suspiro, antes de ser assassinado, não traiu seu código moral. Seu código de Justiça. Pois ninguém que ele matou, segundo seu julgamento, era inocente. Nem corria o risco de ser inocente. Eram todos criminosos confessos. E se não existia Deus, cabia à ele executar a Justiça no Planeta. 

Pronto para escalar o prédio de Edward Blake.


Por isso todos os fãs são apegados demais ao Rorschach, nunca conheci UM que não tivesse muito carinho por ele. Por isso ele soa carismático, ao mesmo tempo que soa ultraviolento (tudo bem, acho que o fato dele ser baixinho também ajuda ele a ser mais carismático). Pois ele não é apenas mentalmente desequilibrado, ele é verdadeiro e acredita de coração naquilo que faz. E sem esperar reconhecimento ou recompensas por isso. Faz por que é seu dever fazer. Nunca ferindo inocentes. Apenas ferindo quem deve ser ferido. Protegendo a sociedade. 

Rorschach´s watching YOU, bitch.


Confesso que eu mesmo, caso não acreditasse ou não tivesse fé em Deus, já teria me tornado um vigilante mascarado há MUITO tempo. Mas ainda não decidi qual ia ser meu alter-ego, nem como seria minha fantasia. O dia que eu resolver essa importante questão na minha vida, eu compartilharei com vocês, queridos leitores.

Rorschach invadindo a base militar.


Finalizando. No final de "Watchmen", por ironia do destino (ou não), seu diário, contando toda a verdade, acabou caindo nas mãos de um redator de um jornal. Mesmo depois de morto, continuou sendo justo consigo mesmo, e com a sociedade. Para bem ou para mal, pouco importa. O verdadeiro justo não trai a si mesmo.

Perdeu, Moloch.


Sua última anotação em seu diário pessoal é essa:

"1 de novembro de 1985. Último registro? Saímos do escritório de Veidt quase meia-noite. Dreiberg, convencido de que Veidt está por trás de tudo, fala sério em visitar a Antártica. A nave dele aparentemente tem condições, mas e nós? Veidt. Não imagino oponente mais perigoso. Se a jornada for possível, rastreá-lo ao seu covil é a única opção. Mas me sinto intranqüilo. Território desconhecido... Ele poderia nos matar na neve. Ninguém jamais saberia... Primeira noite de novembro. Estou com frio. Escritórios abaixo, lajes marcando diariamente milhares de túmulos. Dentro, nos mostradores dos relógios, tão visados quanto celebridades, os ponteiros iniciam as voltas finais. O fim vem a galope, favorecendo a espora, poupando as rédeas. Acho que vamos tombar logo. Veidt é mais rápido do que Dreiberg. Talvez mais do que eu. Voltar da missão parece improvável. Última anotação. Vou mandar o diário aos únicos em quem confio. Digo a Dreiberg que preciso checar minha caixa postal. Ele acredita. Quer eu esteja vivo ou morto, se você estiver lendo isso agora vai saber da verdade: seja qual for a natureza desta conspiração, Adrian Veidt é o responsável. Esforcei-me para ser compreensível. Acredito que tracei um quadro aterrador. Apreciso seu apoio recente e espero que o mundo sobreviva até isto chegar às suas mãos, mas tanques estão em Berlim oriental e o fim está próximo. Quanto a mim, de nada me arrependo. Vivi a vida sem concessões... e agora avanço rumo às sombras sem me queixar. RORSCHACH, 1 de novembro de 1985."

O último quadrinho de "Watchmen".
O Diário de Rorschach.


Rorschach, eu pessoalmente te absolvo. À cada um com suas obras. Boa madrugada à todos. 

P.S.: Com este post, com muito pesar, encerro o especial "Watchmen". Já estou com saudades.

Allan Moore e Dave Gibbons ainda jovens,
autor e desenhista de "Watchmen."