Só sei que nada sei, mas ainda insisto em digitar...

sábado, 19 de março de 2011

No, we can´t.

"Antigamente, o ser humano deveria ter sido guiado à rédeas curtas, tal qual um animal racionalmente irracional, em que uma voz misteriosa e inquisidora lhe dissesse: "No, you can´t!" ("Não, você não pode!). Qualquer semelhança com o Deus de Moisés não é mera coincidência."

Ninguém olhou para a foto, nem o Abraham Lincoln.


Motivado com a frase "Yes, we can!", o povo norte-americano elegeu o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos. E o povo brasileiro, sempre seguindo os passos da América, elegeu a sua primeira presidenta da história. Eu particularmente não votei na Dilma, e provavelmente se fosse americano votaria no Obama. A questão não é, aqui e agora, analisar a estrutura política do governo de ambos. A questão é o quanto tudo isso é simbólico.

Um negro comanda hoje, uma das maiores potências e influências do planeta. Sendo que, há menos de cem anos atrás, um negro era proibido de, por exemplo, tomar sorvete em uma lanchonete em Louisiana.

Uma mulher comanda hoje, um dos países mais prósperos e um dos países mais agraciado em riquezas naturais do planeta. Sendo que, há menos de cem anos, as mulheres não podiam sequer votar. E nos primórdios, quando começaram a votar, só poderiam fazê-lo se fossem casadas, e mesmo assim, ainda dependiam da permissão do marido para poder exercer o seu direito ao voto.

Tudo isso nos soa absurdo nos dias de hoje. E se isso não te soa absurdo, você ainda deve ser um racista de merda, um retrógrado nojento, em outras palavras, um belo de um filho da puta. Lixo.

Até pouco tempo atrás, os seres humanos ainda levavam ao extremo as práticas de discriminação de qualquer tipo. O homem branco, durante séculos, julgou-se melhor que o homem negro. O homem, no ponto de vista de gênero da espécie, durante milhões de anos, julgou-se melhor que a mulher.

O ser-humano, pela primeira vez na sua história, começa a ter uma noção de responsabilidade em relação à seu livre-arbítrio. Sua liberdade. Kant dizia que "só é livre aquele homem que cumpre seu dever." Ora, um dever básico do ser-humano é respeitar a liberdade do seu semelhante, e assim sucessivamente. Mas a maioria dos seres-humanos nunca tiveram, ou têm, esse tipo de conduta. Parece só agora entender que o "Yes, we can!" ("Sim, nós podemos!") é sim verdade, mas que nós não podemos tudo nessa vida. Existem limites, existem restrições de caráter político e moral. E devemos respeitar, pois existem aqui conosco inúmeras culturas diferentes, muito mais antigas que a nossa própria. É preciso de muita responsabilidade para lidar com o "Yes, we can!". Durante muito tempo, os homens usaram esse poder para subjugar e humilhar raças pelo planeta afora, simplesmente pois não eram iguais à sua própria. Logo, se era diferente, era pior. Antigamente, o ser humano deveria ter sido guiado à rédeas curtas, tal qual um animal racionalmente irracional, em que uma voz misteriosa e inquisidora lhe dissesse: "No, you can´t!" ("Não, você não pode!). Qualquer semelhança com o Deus de Moisés não é mera coincidência. 

Para a minha felicidade e de muitos, o mundo parece romper, oficialmente e politicamente, barreiras definitivas de preconceito e de limitações intelectuais e morais. É claro que resquícios permanecem, mas são apenas resquícios. Geração após geração isso será expurgado de vez da índole racista humana, e será de vez, motivo de vergonha para todo um novo povo que irá surgir, mais desenvolvido moralmente e intelectualmente, e completamente desprovido de impulsos preconceituosos de qualquer ordem.

Eu sei que certas vezes ainda podemos brincar com a cor de um amigo de verdade, aquele que consideramos um irmão. Eu sei que ainda podemos, sem malícia alguma, brincar com a capacidade intelectual de uma mulher. Mas nos esforcemos para não mais fazermos isso, nem de brincadeira. Afinal, ainda temos esse vício de caráter. E todos os vícios são combatidos da mesma forma: disciplina. As próximas gerações deste lindo planeta agradecem.

Bom fim-de-semana à todos!

Nenhum comentário:

Postar um comentário