Só sei que nada sei, mas ainda insisto em digitar...

sábado, 15 de setembro de 2012

Só sei que assombrarei.

"Os reflexos precisam ser embelezados. As sombras precisam ser educadas."



Vamos ao banheiro diariamente. Fazemos tudo aquilo que os seres humanos ainda insistem em fazer - urinar, defecar - e após lavarmos as mãos (pois nosso senso de higiene pessoal é impecável) nos assustamos com algo. Com um vulto. O coração disparado, os pêlos do corpo agora congelado arrepiam-se todos. As pernas parecem dobrar, mas nesse exato momento você já está se dando conta que o que te assustou foi um vulto que seu próprio reflexo no espelho ocasionou. Você sorri um tanto envergonhado, ainda com o coração apertado, e seu dia segue normal.

Situações assim também ocorrem com nosso reflexo em janelas, com nossas próprias sombras projetadas à meia-luz nos corredores, normalmente da nossa própria casa. Todos já passaram por momentos assim, creio eu. 

Mas momentos vão e vêm. Reflexões vão e vêm também, mas quando contundentes, reflexões vêm e ficam. Vamos refletir sobre isso. Vamos refletir da mesma maneira que os espelhos dos banheiros da vida, ou dos corredores, refletem nosso vulto imprevidente.

Parece ridículo que as pessoas se assustem com elas mesmas. Parece, mas não é. Quantas vezes nos arrependemos de coisas que dissemos, que fizemos? Nos arrependemos amargamente de tanta coisa! 

Talvez se houvesse um espelho refletindo nossos piores momentos, e nos assistíssemos "durante o durante" de tais piores momentos, tenho quase certeza que pararíamos de sopetão, e não levaríamos a cabo os tais momentos. Salvos pelo espelho. 

Talvez se houvesse uma luz amiga projetando contra uma parede as sombras demoníacas, sombras essas que emanam dos demônios que nós próprios ainda insistimos em nos tornar por tantas vezes, tenho certeza que esse show de sombras macabro seria encerrado no ato pelo infeliz ator que o protagonizava. Salvos pela luz. 

As sombras que projetamos e os reflexos que enxergamos mais parecem E PODEM, E DEVEM ser interpretados como um sinal do próprio Universo. Do tipo, "estou de olho em você!", as próprias leis da Física refletindo como um filme nossos melhores e piores momentos.

Os reflexos precisam ser embelezados. As sombras precisam ser educadas. E isso depende de apenas uma pessoa. O refletido. O iluminado. Pois sim, sombras apenas existem pois alguém insiste em iluminá-las incessantemente. Sem medo delas. Luz essa que é infinita, cujo raio tem precisão matemática e metafísica. E se a luz não teme as sombras ou reflexos assustadores no espalho, é pois talvez enxergue além das sombras. "Além do espelho", como já dizia o poeta que não faz samba só porque prefere. 

Pena que o espelho da consciência de cada um encontre-se quase sempre tão sujo e embaçado, e que a luz presente nas almas imortais dos homens estejam quase sempre ofuscadas ou momentaneamente apagadas pelos infernos artificiais e transitórios do planeta Terra. Infernos esses que são seu próprio país, cidade. Às vezes são até a sua própria casa. A casa, ou as pessoas. Vai saber. Não sei do inferno de vocês, sei apenas do meu próprio.

Assim como também sei do meu próprio paraíso artificial. Somos o Deus do nosso mundo. Dos NOSSOS mundos. E das pessoas que vivem nele (neles) junto conosco.

Por isso, perante os espelhos da vida, muita atenção com o seu próprio reflexo. Muito cuidado com as sombras que você mesmo projeta nos corredores à meia-luz de sua existência

Assustar-se consigo mesmo é um dos primeiros passos para atitudes mais prudentes, elegantes e responsáveis perante os corredores, espelhos e janelas da vida. Agora, chorar perante as próprias obras é simplesmente opcional.

Reflexo de monstro é monstruosidade. A Medusa que o diga.

Até o próximo susto!

Texto escrito em Nova Iorque em 15 de setembro de 2012.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Só sei que contextualizei. - "O mundo precisa de mais romantismo, caralho!"

"Poetas gozam e choram como ninguém."



Dizem que "contexto" é a relação entre o texto e a situação em que ele ocorre dentro do texto. É o conjunto de circunstâncias em que se produz a mensagem que se deseja emitir - lugar e tempo, cultura do emissor e do receptor, etc. - e que permitem sua correta compreensão.

Mas essa definição meramente textual não me agrada, acho que é preciso transpô-la. Pois eu vejo tudo de uma forma muito simples: textos são palavras. Palavras são idéias. Idéias são a própria vida. 

Vivemos as idéias. Tanto apenas no plano mental (apenas sentindo as idéias, que nos causam emoções variadas), quanto no plano físico mesmo (idéias que se tornam atitudes no mundo material). Tanto atitudes físicas propriamente ditas (um beijo, um abraço), ou apenas a exteriorização física e materialização dessas idéias através da escrita (o ato de se escrever um texto, ou uma poesia).

Ou seja, VIVEMOS idéias. Respiramos, sofremos e sorrimos idéias.

E já que a própria vida em si é um texto metafísico, um texto ambulante sendo escrito pela mente de cada um, há de se falar em contexto. Ora, como não? 

Devemos analisar todas as idéias (as nossas e as dos outros) e todas as eventuais situações que nasçam dessas eventuais idéias sempre contextualmente.

Tudo é simbólico. Tudo há de ser contextualizado.

A vida é mais bonita com os símbolos. Pois os símbolos e o próprio contexto de tudo enobrecem a experiência humana. Torna tudo mais bonito, mais charmoso. Mais verdadeiro. Mais profundo. Seja essa intensidade para bem, ou para mal.

Aquele que vive a vida com sensibilidade o suficiente para ver e viver os contextos situacionais mil que a experiência humana nos proporciona e que nós mesmos nos permitimos (ou não) viver é um abençoado e um amaldiçoado ao mesmo tempo.

A alegria e o sorriso de um artista é muito mais sincero do que o de uma pessoa dita "normal". Pois tudo tem contexto. Vive-se a situação E o contexto. Alegria ou sofrimento em dobro. 

Poetas gozam e choram como ninguém.



Pois um contexto "X" torna uma situação "Y" diferente. Mais intensa. Como eu disse, mais intensa para bem ou para mal. Aí vai depender de quem você é, com quem e aonde você anda e o que você e as pessoas andam fazendo por aí na sua vida.

Viver com intensidade não é fácil, pois a vida em si é uma montanha-russa. E só é uma montanha-russa por dois motivos: ou assim o deixamos ser (por que GOSTAMOS de emoções fortes, boas ou ruins) ou simplesmente somos desgovernados pois somos ainda somos incompetentes como pessoas. 

Ou comemos merda por acidente, ou comemos porque nos acostumamos a comer merda. E o filé mignon metafórico custa caro, não? Então come-se merda e dá risada, na zona de (des)conforto que nós mesmos criamos. Tal qual uma hiena.

Como eu ia dizendo, tudo é contexto. Eu vou dar o meu próprio exemplo. Eu acordando de madrugada aqui com vontade de escrever. Eu poderia ver isso de duas maneiras. 

MANEIRA 1 (SEM CONTEXTO) - Acordei pra cagar e mijar, tomei um copo d´água, e como fui dormir cedo ontem e como tenho uma tendência e uma certa facilidade para escrever as coisas, sentei aqui e escrevi um texto sobre certas coisas que já pensei sobre, e que pensando bem, não são tão novidade assim, nem para mim, nem para ninguém.

MANEIRA 2 (COM CONTEXTO) - Acordar para cagar e mijar e tomar um copo d´água na verdade foi a maneira de minha mente acordar o meu corpo. Meu próprio corpo me acordou, pois minha mente assim o quis. Ela tem tantas coisas para colocar para fora que teve que me acordar. O quê será que ela quer me dizer? Vamos esfregar os olhos e pensar. Bom,  tenho vivido as coisas com tanta intensidade ultimamente. Sempre refletindo, sempre refletindo. Principalmente nos contextos. Ora, afinal, acordar e querer escrever assim de madrugada, é completamente simbólico, contextual. É romântico, cara. Vou começar a escrever sobre isso e ver no que vai dar: "Dizem que contexto..." 

E aí foi. E cá estamos. Se não fosse eu reparar no "contexto" de acordar de madrugada para escrever, esse texto não teria saído. Esse texto só começou a ser escrito pois refleti acerca da palavra "contexto". Aí sentei aqui para ver no que ia dar.

Chega de sermos mecânicos, que mania do ser-humano! Não podemos fazer as coisas maquinalmente mesmo, não somos máquinas! E nem fazer as coisas apenas por instinto, pois não somos bichos! Somos algo ENTRE um bicho e uma máquina. Pois nosso cérebro é um verdadeiro computador. Mas não somos robôs. Somos de carne, comemos, mijamos, cagamos e trepamos. Mas também não somos bichos. Por isso o ser-humano está sempre em crise. Vive em busca de modelos (animais ou máquinas), quando na verdade deveria saber que ele próprio deveria ser seu próprio modelo. Deveria aceitar sua condição humana, conhecer-se, explorá-la e aprender lidar com a maneira certa. Somos criaturas específicas demais nesse Universo, cara. Por maior que essa porra desse Universo seja, NÓS SOMOS SERES MUITO ESPECÍFICOS. Não devemos fazer alarde disso, mas também devemos saber valorizar isso. Se o  Cosmos, em toda sua grandeza e sabedoria desconhecida resolveu nos criar ASSIM, devemos nos sentir abençoados, e não amaldiçoados por isso. E por mais que isso nos assombre ás vezes, devemos procurar a luz denovo. Somos que nem o próprio dia: a gente sempre acaba anoitecendo, por dentro e por fora. Mas o sol nasce pra todos, e só vive no escuro (se escondendo nas sombras do mundo, ou nas sombras de si próprio) quem é. Direito de cada um. Opção de cada um. Livre-arbítrio conduz ao Céu e ao Inferno. À terra fértil, ou ao abismo. Pois sim, a madrugada é sempre mais escura antes do amanhecer. Mas de que adianta o dia amanhecer, se toda vez que ele amanhecer você insistir em procurar trevas artificiais (internas ou externas) para se esconder, e nelas espreitar, apenas esperando o próximo anoitecer?

Nossa melhor metáfora de ser-humano é aquele homem de lata, que só queria ter um coração. Um robô que só quer amar. Mas se analise, caralho! Somos um robô de carne, nós JÁ TEMOS UM CORAÇÃO. Basta aprender a valorizá-lo, respeitá-lo e "usá-lo" da maneira certa. Da maneira metafórica mesmo, mais romântica. Não apenas vê-lo como um bombeador de sangue. Mas um bombeador de vida, um bombeador de amor.



O mundo precisa de mais romantismo, caralho! Não de mais caralho. De mais romantismo, (VÍRGULA) caralho!

E isso é tão lindo (não o caralho, o fato do mundo precisar de mais romantismo e de mais contexto) que eu precisei acordar de madrugada para eternizar o contexto com texto.

Não é que o mundo precise de mais romantismo, o mundo tá aí. As coisas acontecem. As pessoas interagem, e bom, as coisas acontecem. A responsabilidade de enxergar as coisas como DEVEM ser enxergadas (pois como a raposa disse ao menininho, "O essencial é invisível aos olhos) é completamente nossa. Ou seja, o mundo precisa de mais romantismo. O mundo já é romântico por si só. Basta que a gente se disponha a flertar com o mundo. Dançar o canto dos passarinhos e bailar com a vida. Bailar com as pessoas. Cantar com as pessoas de madrugada. Andar de mãos dadas quando sentirmos vontade. Dar e receber colo. Olhar o mar. Sentir o vento frio de uma manhã ensolarada de inverno, e se aninhar em alguém. Deixar alguém se aninhar em você. Sentir que o tempo passou tão rápido que o "amanhã" de "ontem" já era na verdade o "hoje". E beijar esse alguém nesse "hoje-amanhã" como se não houvesse um outro amanhã. Ao ponto do vento da praia fazer você comer areia e cabelos durante o beijo todo - e você simplesmente não estar nem aí.

Tudo isso é contexto. E quem tem contexto, quem vive contexto, simplesmente dá um jeito. Faz questão de dar um jeito. Pois dar um jeito, também é contexto.

E existe uma grande diferença aí, não? E a gente simplesmente sente. Simplesmente sabe, e às vezes não sabe nem explicar.

Mas isso é coisa de gente grande, cara. Por mais que esse amor entre duas pessoas seja "esteticamente vadio" às vezes, talvez pela forma que ela se move em cima de você e a forma como ela geme e te morde, ou pela contundência até animalesca que ele tenha em cima de você numa cama, te agarrando com propriedade, eu repito - tem amor  (e muito amor) aí. É sincero pra caralho. Afinal, vadiagem mútua e sincera é simplesmente poesia. Vadiagem em forma, nunca em essência.

Mas como eu disse, isso é coisa de gente grande. Para os iniciados. Para que tem, dá e vive o contexto. Corpo e alma, saca?

É,  pessoal. O mundo e a vida flertam com a gente todo santo dia e a gente nem percebe.

E quer saber? São 05h14 da manhã. Hoje vou me dar o direito de ver o nascer do Sol. Um nascer do Sol . Isso tem um contexto absurdo e é simbólico pra caralho pra mim hoje. Deveria ser isso pra mim todo dia. E pra vocês também.



Bom dia à todos. Cheio de contextos. E que teus contextos sejam maravilhosos.

Hoje, e sempre.

PS.: Só não vão ficar de palhaçada e querer começar a contextualizar merda. Ninguém aqui é criança, todo mundo aqui sabe o que é merda e o que não é. Então por favor não comecem esses perigosos processos de auto-sabotagem querendo ver beleza contextual onde não há e de querer glamourizar o que não se deve. Merda é merda e ponto. Simples assim. Poupem a si mesmos e me poupem de uma presepada dessas, por favor.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Só sei que viajarei.

"Um aviso à esses jovens, que têm cagado pela boca ao falar do filme ou do livro: Não importa quanta maconha vocês fumem, quanto uísque vocês bebam ou quanta benzedrina vocês usem - vocês nunca serão tão legais quanto esses caras foram."



Eu fui assistir "Na Estrada", que é o filme baseado no livro de Jack Kerouac. O marco inicial na "geração beat" ou "beatnik", como eles mesmos se intitulavam.

Eu não li a obra de Kerouac até agora, mas vou ler. De preferência em inglês. Cara, ao longo do tempo eu simplesmente parei de confiar em traduções. Aprendi isso na escola de Filosofia, e existe até uma cena no filme onde um personagem interpretado pelo Aragorn (Viggo Mortensen) alerta o jovem Sal Paradise sobre os perigos da tradução, e é uma cena muito boa.

Bom, o filme é muito bom, apesar de um pouco cansativo. São duas horas e lá vai caralhada de filme. Mas vale muito a pena assistir.



Sabe, eu fiz o meu colegial em escola pública. Ou seja, não aprendi porra nenhuma sobre a Literatura Brasileira, muito menos sobre Literatura Mundial. Fui conhecer os clássicos depois de formado. Mas confesso que conheci os beatniks apenas bem recentemente.

É bem interessante mergulhar naqueles Estados Unidos pelos idos de 1948, e tentar pensar como um jovem daquela época pensaria. Era o pós-II Guerra Mundial, e o mundo estava todo torto. Fisicamente e culturalmente. Eu vejo a vivência e as experiências vividas e criadas por esses jovens porra louca e inconsequentes (como Dean Moriarty ou a Marylou) como um grito de liberdade não apenas individual, mas um grito de liberdade em nome de uma sociedade. 

Uma sociedade que estava toda fodida, seja pelos resquícios da Guerra, seja pelos próprios tabus conservacionistas que a sociedade ainda insiste em ostentar como um pilar, quando na verdade vejo isso como um câncer, um tumor no meio da cara da sociedade.

Esses caras encheram a cara de álcool e drogas de todos os tipos. Uísque, maconha, anfetaminas, suor, saliva e fluídos vaginais de adolescentes americanas brancas, negras e de prostitutas mexicanas. Os homens E as mulheres. Respiraram tudo o que havia de mais tóxico, pois o que era "saudável" segundo a própria sociedade simplesmente sufocava e ainda sufoca almas como aquelas. Entorpeciam-se numa tentativa desesperada de ao menos tentarem raciocinar de forma mais clara em meio àquele caos social.



Uma cena em que Dean narra à Sal como ele viu uma jovem virgem branca americana e completamente "sugar aquela beleza de ébano de um jovem negro, e também a buceta peluda de uma jovem negra" é simplesmente a metáfora perfeita em busca de liberdade do jeito mais selvagem. Pois todos sabemos que na década de 40 era inaceitável que brancos e negros se misturassem, ainda mais os mais jovens. A jovem branca chapada que faz um boquete em um negro, e ainda cai de boca em sua amiga negra, é o CÚMULO do libertarismo (para aquele ser em específico, naquela época em específico). Cresceu ouvindo que deveria casar virgem, que mulheres não deveriam beber, que os negros não prestam, que não eram gente como a gente, e BANG!, a princesa virgem americana me vai lá completamente chapada e paga um boquete pro negão. Isso é poético, cara. É o tiro que sai pela culatra na cara da sociedade. Para não dizer outra coisa. 

Esse senso de liberdade, selvagem, é guiado e norteado pelos prazeres básicos, fisicos e psicológicos. Seja o prazer sexual, ou o prazer criado em nosso cérebro quando estimulados por uma droga qualquer. Esses jovens tinham tudo isso, eram bombas-relógio humana. E eles "explodiam, explodiam e explodiam como fogos de artífico no céu à noite."



E é incrível como o caos-químico-individual, em meio ao caos natural das coisas, pode simplesmente trazer momentos de sobriedade para certas pessoas. Ou senão isso, que todo esse caos químico transitório resulte em alguma ordem inexorável mais pra frente. É como se você aprendesse a dominar o caos de si mesmo primeiro, para depois tentar dominar o caos das coisas, o caos das pessoas, o caos do mundo. 

Eu não sei até que ponto estou viajando aqui, mas uma coisa afirmo à vocês: eu vejo jovens assistindo a geração beat de antigamente.

Não são jovens interessantes, reprimidos e pensadores como os jovens de outrora: são apenas jovens. Na pior acepção da palavra. 

São jovens babacas, criados pela avó, que aprenderam a fumar maconha ruim em seus colégios particulares com treze anos e a cheirar Pó Royal com quatorze. São meninos que tomam anabolizantes desde os dezesseis anos, e que vão à festas raves que duram dois dias e saem felizes (trincados) das mesmas sem terem comido ninguém. São meninas que perderam a virgindade com um merda qualquer cedo demais, e agora tiram a roupa em praça pública em nome de qualquer causa política de merda.



A questão é que jovens assim têm assistido o filme como uma ode ao hedonismo, pois afinal, essa é a rotina que eles próprios vivem. É simplesmente não conseguir entender que uma suruba era praticamente um ritual, ou um ato político. Tinha significado de alma. Eram espíritos livres em busca de viver e pensar. E não me dou ao direito de julgá-los pelo fato de que, para que essa libertação ocorresse de fato, precisavam fumar maconha, beber uísque pra caralho ou tomar benzedrina como se fosse sobremesa.

Prestando atenção na história, não absorvemos apenas putaria e jazz (e jazz DO BOM). Absorvemos processos de libertação. Absorvemos que a liberdade pode custar caro, e que você precisa aprender a lidar com ela, uma vez que a adquiriu em um processo de libertação qualquer. E os personagens lidam com isso, e assumem as consequências.

Diferente da juventude que vê apenas uma história hedonista e vazia de putaria, vagabundagem e drogadição. Os meios podem ser parecidos, mas não os fins. Esses caras tinham um fim específico, que talvez nem eles mesmos soubessem. Eles estavam lutando por algo. Diferente de vocês. Pois vocês apenas banalizam a liberdade que já têm desde o berço.

Até onde eu me lembro, Sal Paradise caía pra dentro da putaria e completamente chapado. Mas colheu algodão de sol-a-sol e carregou sacos de açúcar no lombo feito um animal. Entendem o que eu quero dizer? Se entendem, ótimo. Se não entendem, espero que um dia entendam. Mas bem longe de mim.



Um aviso à esses jovens, que têm cagado pela boca ao falar do filme ou do livro: Não importa quanta maconha vocês fumem, quanto uísque vocês bebam ou quanta benzedrina vocês usem - vocês nunca serão tão legais quanto esses caras foram.

E em breve, é minha vez de cair na estrada. 

Boa sorte pra mim.

Beijos à todos.

domingo, 3 de junho de 2012

Só sei que me inspirei.



O ser-humano tem um "quê" de desumanidade. A própria experiência humana em si, tem algo de desumana. Pois ser humano, meus amigos, é tarefa sobre-humana.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Só sei que discordei.

"A racionalidade que estagna é uma forma de irracionalidade opcional. É pensar de tudo para simplesmente não pensar em nada. Uma das formas da tal auto-sabotagem, creio eu."

Quase nunca existe alguém para dar uma palavra de apoio, ou alguém para, no mínimo, trocarmos alguma idéia edificante sobre uma coisa edificante qualquer. Mas sempre tem alguém para dizer que: "O MUNDO ESTÁ PERDIDO".



"O mundo está perdido." Será? Eu não sou o rei da astrofísica, mas me parece que a Terra, dadas as devidas proporções, permanece no seu lugarzinho há não sei quantos bilhões, ou trilhões, de anos. Desnecessário é eu acessar o Wikipédia e discutirmos agora essa questão em particular.

Aí o sujeito disso que "o mundo está perdido". E é claro que nas rodas (quase sempre ridículas) de discussões (quase sempre igualmente ridículas) que frequentamos, sempre haverá também alguém para contra-argumentar, com ares de pseudo-sabedoria, esta triste sentença, dizendo que "não, o mundo não está perdido. AS PESSOAS ESTÃO PERDIDAS."



"As pessoas estão perdidas." Será? Eu não sou o rei da sociologia, mas me parece que na Terra, dadas as devidas proporções, as pessoas têm tido acesso à todo tipo de cultura e contra-cultura há não sei quantos séculos. E digo apenas séculos pois seria cruel exigir cultura do homem desde que começou a lidar com a racionalidade. Mas alguns séculos já dão pro gasto, não é verdade? Ainda mais atualmente, na era da Internet. O ser humano atualmente tem acesso a praticamente TODO tipo de cultura, em questão de cliques. A grande sabedoria dos grandes mestres da humanidade nos quatro cantos do mundo através dos milênios, de todos os filósofos de todas as vertentes está AQUI. Ou no mínimo, estará o método, ou meio, para que tal sabedoria seja acessada.

Goethe tem uma frase que é mais ou menos assim: "As grandes verdades do mundo já foram ditas. Nos basta agora vivê-las".

A primeira vez que ouvi isso, foi pra nunca mais sair. Pois é realmente uma grande verdade. As pessoas vivem entrando em grandes questionamentos acerca de tudo. E me parece que quanto mais inteligente é a pessoa, de forma mais imbecil ela acaba agindo, na maioria das vezes. Pois quando a pessoa é inteligente, sua mente obviamente dispões de mais mecanismos para articular pensamentos. Se essa pessoa é orgulhosa e acomodada (e quem de nós não é?), sua mente será capaz de maquinar os maiores e mais ridículos pseudo-dramas e crises existenciais, estagnando a pessoa no seu próprio joguete mortal de dúvidas cujas respostas, no fundo, ela sabe. Hoje em dia só não tem uma diretriz moral de boa qualidade quem não quer. Sem falar que nem precisamos muito buscar e investigar acerca das direções morais, pois os próprios conceitos éticos e morais são conceitos que são meio que intrínsecos à nossa existência e condição humana. A tal da consciência. E não adianta vir me dizer que a "pessoa se perdeu por opção", pois o mapa está dentro da cabeça dela própria. Então favor não confundir "estagnação opcional" com "perdição" ou "perdimento".

Pois a nossa existência é simples demais. Sabemos exatamente o que nos atrasa, e o que nos projeta para frente. Não somos os tais "animais racionais"? Então. A racionalidade que estagna é uma forma de irracionalidade opcional. É pensar de tudo para simplesmente não pensar em nada. Uma das formas da tal auto-sabotagem, creio eu.

Se eu disse à vocês que o mundo não está perdido, nem as pessoas estão perdidas, ainda poderá alguém e dizer que "mas se todas as verdades do mundo já foram ditas, as pessoas talvez não estejam sabendo vivê-las pois ESTÁ LHES FALTANDO A DEVIDA CAPACIDADE DE INTERPRETAÇÃO DOS TEXTOS QUE CONTÉM AS GRANDES VERDADES DA VIDA."



"As pessoas não têm tido a capacidade interpretativa devida de certos textos." Será? Olha, meu amigo. Se você olhar bem, os "códigos de conduta moral" (vamos chamar assim as verdades que foram ditas e escritas por muitos ao longo dos tempos) estão aí faz muito tempo. Há não sei quanto tempo atrás, os "Dez Mandamentos" de Moisés diziam coisas como "Não matarás". A humanidade daquele tempo era muito mais desumana naquela época. E desumana não por opção (talvez de poucos), mas desumana no sentido de animalidade latente que aquela "humanidade" ainda lidava, eram os primórdios, afinal. O homem, que é um ser extremamente complexo, estava ainda em período de formação moral. Mas até esse homem-animal (e não por opção, como os homens-animais de hoje em dia) conseguia interpretar o "Não matarás".

Assim como os atenienses interpretaram muito bem o que Sócrates queria dizer. Assim como os próprios fariseus interpretaram, e até demais (no mau sentido) o que Jesus disse. Se eles não concordaram e não quiseram viver, de fato, aqueles ensinamentos que a sua própria racionalidade soube interpretar, aí é outra história. Pois "interpretação" não é pressuposto para "concordância". E até a própria "concordância" não é pressuposto para "vivência" ou "aplicação".

Pois somos capazes de interpretar algo, mas não somos obrigados a concordar com nada que nossa racionalidade foi capaz de interpretar. E supondo que interpretamos, e concordamos com um raciocínio ou ensinamento qualquer, não somos obrigados a vivê-lo, minimamente ou em plenitude. Nosso livre arbítrio nos permite concordar com algo, mas simplesmente não viver esse algo.

Aí pergunto: "No que se baseia seu livre arbítrio?"

Pois é como eu disse um pouco mais acima. Se a humanidade desde os primórdios soube interpretar verdades tão básicas, porque a nossa humanidade hoje em dia não seria capaz de interpretar essas mesmas verdades tão básicas, tão simples e de acesso tão fácil?

Ora, isso seria ilógico. É claro que a nossa geração é capaz de interpretar o simples, e até o complexo. Basta querer. E "querer" ou "não-querer" é sempre decorrência da faculdade que citei há pouco: livre-arbítrio.

Então, repergunto: "No que se baseia o seu livre-arbítrio?"

Aliás: "No que se baseia a sua existência? E aonde isto já te levou? Aonde você se encontra agora? E aonde esta tua realidade de agora vai te levar?" 

Não precisa me responder. Responda à si mesmo. Mas não tente enganar a si mesmo. Não mais. Seja sincero contigo mesmo. Chega de palhaçada, pois eu sei que você é uma pessoa muito inteligente e não aguenta mais essa sua situação, independente dos momentos de fuga que você ainda insista em criar para si mesmo. E uma vez constatada a situação humanamente precária que você se encontra (e digo "humanamente precária" pois estou me podando, tentando escrever menos palavrão), eu rezo aos deuses para que você tome vergonha nessa sua cara e realize tudo o que você tem que realizar nessa vida, e nas outras, de vez. E sem olhar para trás. Pois se olhar pra trás...

Bom, aí você já sabe o final. O final triste e desesperador, que conduz ao fatigante e esperançoso recomeço. E assim sucessivamente.

Não, o mundo não está perdido. Nunca esteve. Você que é um filho da puta. E porquê quer.

Acorda pra vida! Antes que a vida te acorde pra morte.

Paz à todos.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Só sei que mudarei.

"Lide com isso, e bem-vindo ao meu mundo."



A mudança só inicia-se, de fato, a partir do momento em que o homem reconhece que não vive apenas sob as vistas dos próprios homens, esses seres tão iguais a ele, companheiros viventes dessas três dimensões que assimilamos aos menos em nível consciente (pelo menos a maioria) . 

O verdadeiro ponto de partida para aquele que deseja sinceramente iniciar o processo personalíssimo da mudança, que o conduz sempre para o alto, para a luz, esse ponto é aquele momento na vida desse ser onde ele simplesmente se deu conta que nunca, mas NUNCA mais estará plenamente sozinho, em nenhum lugar desse mundo ou dos outros, e em nenhuma situação. Nunca mais. 

E não, não falo de sua própria consciência, que inexoravelmente o acompanhará seja no céu dos eleitos, ou nos infernos artificiais em que ele insiste em construir ou em viver. Falo de consciências terceiras, que auxiliam, atrapalham, julgam ou fiscalizam - chame de deuses, espíritos, anjos ou demônios, pouco me importa a nomenclatura que dêem a eles. Mas que eles estão em toda parte, AH, MEU AMIGO!, eles estão! Sempre estiveram, e para sempre estarão, independente da faixa em que seu pensamento esteja sintonizado. Cabe única e exclusivamente a VOCÊ se deixar levar pela influência desses seres tão conscientes e tão atuantes (ou mais) nessas dimensões quanto nós próprios, para bem ou para mal. E eles vão te salvar. Ou vão cortar tuas asinhas rapidinho, provando à você que você realmente não é NADA, nem nessa vida ou na outra. Talvez eles possam até te desgraçar. Como eu disse, vai depender apenas de você pautar as tuas atitudes, sabendo disso tudo. E buscando sempre tomar a atitude mais elegante possível, seja com os outros, e seja com você próprio. Lide com isso, e bem-vindo ao meu mundo. 

Quer dizer, ao NOSSO verdadeiro mundo. O mundo onde começamos a lidar com a verdade, mesmo ainda assombrado pelo espectro das mentiras. As mentiras dos outros, e as nossas próprias. Paz à todos. Luz à todos. E até trevas e sombras talvez eu te deseje - desde que esse teu caminho tão sombrio te conduza forçosamente aos cintilantes caminhos das imutáveis verdades universais.  

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Só sei que não procurarei.

"Invadir a privacidade de alguém, do jeito que for, é algo comparado a invadir os pensamentos daquela própria pessoa. É querer despoticamente sobrepor-se à humanidade daquele ser-humano, tal qual um Deus inquisidor e justiceiro."



Quem procura, acha. E quem acha, normalmente, se decepciona. Pelo menos quando procuramos algo em um ser humano. Pois além de uma metamorfose ambulante, o ser humano é uma decepção ambulante. Seja maior ou menor o nível e a capacidade de decepcionar quem te ama e quem te odeia, essa é a verdade.

Normalmente, é difícil procurarmos por qualidades. Pois qualidades, quase sempre, são naturais. As virtudes não são forçadas. Tudo acaba transparecendo, pois eclode da essência, e transparece na forma. Às vezes até transparecendo de forma oculta aos olhos físicos, mas nunca aos olhos da alma. "O essencial é invisível aos olhos."

Não há de se procurar as virtudes. Elas simplesmente serão atiradas em você, como um laser impetuoso, do qual você não consegue se desviar. Nada escapa ao raio de ação do que é realmente belo.

Partindo desse pressuposto, de que não há de se procurar o que é belo em alguém, podemos chegar à conclusão de que se procuramos algo em alguém, esse algo está oculto. Se foi oculto, ALGO ou ALGUÉM o ocultou. E com certeza não um tesouro sendo oculto, pois os tesouros da alma são impossíveis de se ocultar, ainda mais dentro de nós mesmos.



Muitas pessoas dizem que as virtudes são ocultas, mas não é bem assim que eu vejo. Eu vejo as virtudes como LATENTES. Elas não estão ocultas, elas simplesmente estão sendo desenvolvidas. Não estão escondidas. Estão crescendo.

Diferente do que é, ou está, oculto. E se está oculto, virtude pois, não é. E o que não é virtude é automaticamente vício. Defeito.

Temos muitos defeitinhos de fábrica, moralmente falando. Mas ao longo das encarnações, das experiências humanas e sociais, vamos aprendendo a no mínimo discernir o que é bom e o que é mal, o que é belo e o que é horrível, o que é virtude e o que é vício. E por mais que muitos de nós ainda ostentemos TANTOS vícios em meio às nossas tão poucas (mas belas) virtudes, pelo menos, em nível de consciência nós já sabemos o conceito básico de "certo ou errado". Todo mundo sabe o que é moralmente reprovável perante a sociedade, e perante nós mesmos. E nem precisamos do Direito e das Leis para sabermos disso - a gente simplesmente sabe, e ao longo da vida vai lembrando e reconstatando tudo isso que de certa forma misteriosa "a gente já sabia".

Ou seja, se muitos de nós ostentam práticas reprováveis perante a sociedade e inclusive perante nós mesmos, é plausível que muito seres-humanos se dediquem à práticas reprováveis. Pois o pensamento, em nível mental, conduz à ação, em nível material. Sabem que, em tese, não deveriam estar fazendo aquilo, mas ainda fazem. Alguns em maior, alguns em menor proporção.

Pois isso que nos torna tão humanos. A experiência humana interessantemente é conduzida com base na auto-constatação, que por si só é baseada nos erros. Tão difícil é aprender com os erros dos outros. Necessário mesmo é aprender com os nossos próprios. Não basta ver alguém se fodendo. EU tenho que me foder. E dói, cara.

E com base nessa dor, vamos aprendendo. E essa dor de diversas formas. Pode ser física, moral. Humilhação. Decepção. Horror. Pânico. Medo. Overdose. São tantos os resultados, são tantos os caminhos. A vida é bela, mas passa por caminhos monstruosos. Afinal, todo anjo já foi logicamente um demônio. E quem trabalha no céu, já passou pelo inferno. Se não nessa vida, em outras. Pelo menos é assim que eu vejo. É assim que me parece lógico.

Passíveis de erros absurdos, o ser humano é o rei do papelão no planeta Terra. Os animais podem não ter a nossa capacidade de raciocínio, mas nem de longe tem a nossa capacidade de pagar mico. Somos fazedores de merda por natureza. O ser humano vai sempre fazer merda, salvo raríssimas exceções. E isso é uma certeza aritmética.

Pois se não fizéssemos tanta merda, humanos não seríamos. Seríamos santos, anjos ou deuses - mas não humanos.

Sabendo de tudo isso, é claro que nos perdoamos mediante os nossos erros. E claro que devemos perdoar os erros cometidos pelos outros. 

Principalmente quando amamos, ou dizemos amar alguém. Pois amamos ou achamos amar alguém igualzinho a nós. Pode não ter exatamente os mesmos defeitos, mas com certeza tem os dele. E também não são poucos. Por isso devemos respeitar algo importantíssimo, algo que parece que foi esquecido há anos atrás - a PRIVACIDADE.



Todos temos direito à privacidade. Se resolvemos ocultar, ou não expor algo, é pois, no fundo, sentimos vergonha daquilo. Se não fosse reprovável perante a sociedade, ou perante nós próprios, não seria oculto. E se oculto está, oculto deve ficar. É um mundo a parte.

Como o próprio mundo dos pensamentos. Graças ao bom Deus, nossos pensamentos são NOSSOS pensamentos. E só são exteriorizados (pelo menos no mundo material, aqui nessa dimensão, no planeta Terra) se ASSIM QUISERMOS. Se foi exteriorizado por sons, gestos, palavras, ou atitudes que EU DECIDI NÃO OCULTAR, tudo bem. Do contrário, é direito meu não divulgar, pelos motivos que eu achar plausíveis, e simplesmente não dar satisfação a ninguém. Livre arbítrio. Já pensou se nossos pensamentos mais secretos e absurdos, fossem plasmados no mundo material, tal qual um holograma, igual àqueles do "Guerra nas Estrelas"? Seria um absurdo, não? Pois é. Quando entramos no mundo secreto de alguém (e TODO mundo tem um) é exatamente isso que fazemos. Pegamos tudo aquilo que aquela pessoa tem vergonha, e ocultou, e simplesmente ficamos visualizando tudo. E falo de pensamentos E atitudes que aquela pessoa resolveu, sei lá por que, tomar. 

Invadir a privacidade de alguém, do jeito que for, é algo comparado a invadir os pensamentos daquela própria pessoa. É querer despoticamente sobrepor-se à humanidade daquele ser-humano, tal qual um Deus inquisidor e justiceiro. E você vai enxergar toda a poeira por debaixo do tapete. E não contente em enxergar a poeira, a maioria das pessoas se enfia embaixo do tapete, e é capaz de fazer um canudo e de cheirar aquela poeira toda que colocaram por debaixo do tapete.

A troco de que? De se decepcionar? Queridos, o ser humano, se formos buscar lá no íntimo de cada um, é um gerador de decepções ambulantes. Querer arrancar a máscara de alguém, à força, é cruel, desumano. Pois algum deficiência oculta existe ali. Sim, alguns não estão nem aí para o defeito. Mas pode ter certeza que se ele não usa, máscara ele não usará. Mas se ele se deu ao trabalho, foi pra te poupar daquela feiúra. E se essa pessoa foi bela o suficiente pra te esconder aquilo, pra te poupar disso, tenha certeza que ela se esforça, do jeito dela, para ser a mais bela das pessoas. Para um dia nunca mais ter que usar uma máscara.

Se arrancassem a sua própria máscara, e devassassem seus mais sórdidos pensamentos, você também ficaria vendido, cara. E é hipocrisia demais dizer que não.

Se amas alguém, dê a ela o teu voto de confiança. Ama, e confia. Se o fedor vier à tona naturalmente, paciência. Aí o fedor sobrepôs-se ao perfume. Então o fedor é mais forte. Então o fedor é a essência daquilo.

Mas se o perfume é doce e te basta para ser feliz, não busque a podridão naquilo que você acha belo. Pois todos estamos apodrecendo, desde o momento que nascemos. Pois enquanto o corpo apodrece, a alma enobrece. Pelo menos ESSA é a idéia. Confia no perfume da alma dos outros ou de alguém especial, aquele que você sente em essência. Pois se procurar a podridão física, aquela do corpo, aquela dos vícios, dos defeitos, você com certeza irá achar. Isso faz parte da nossa essência, ENQUANTO seres humanos. Foque nas virtudes. Foque na essência da alma, aquela que te apaixonou. Isso é o que importa. O resto se emenda, se adapta cedo ou tarde.

Se ama, respeite o espaço. Respeite os defeitos. Do contrário, você vai se decepcionar. Você vai chorar. Pois o teu orgulho não vai permitir que os outros errem com você. O erro dos outros é incompreensível, não é verdade? Então se não vai saber amansar teu orgulho, nem o atiçe. Com certeza tu não estará preparado para dar uma prova de amor dessa magnetude, enquanto na Terra. Não vou te mandar nem fazer vista grossa. Vou te mandar apenas respeitar o espaço.

Pois aquilo que escondemos, está sendo tratado. Convivemos com aquilo, tentando descobrir e desenvolver uma maneira de expurgar aquilo de nós mesmos. Por isso está escondido. E esse problema é meu, e não seu.



Claro que cada tem suas prioridades. Mas vai ser difícil e quase impossível o amor falar mais alto, enquanto o teu orgulho estiver dando escândalo.

E quantas vidas que poderiam ter sido infinitamente felizes a curiosidade, a falta de confiança e o orgulho não destruíram? E não digo "falta de confiança" no sentido da pessoa errar. Pois ela VAI ERRAR, e não vai ser uma vez. Digo "falta de confiança" no sentido de resolver o problema. Você podia ter dado uma chance a ela, ou duas, ou dez. Temos a vida inteira pra resolver um problema. Talvez ela resolvesse aquilo no último suspiro. E não teria valido a pena ficar do lado dela para tê-la ajudado? Ter feito parte dessa vitória? A mim parece nobre. A outros, parece mais nobre ser montado pelo orgulho como um cavalo, e sair em galope pela vida afora entre lágrimas, e com um aperto no coração.

E pau no cu dos prejudicados.

PS: Respeite a privacidade alheia. E caso tenha a sua privacidade respeitada, aproveita essa "paz" pra se emendar, tomar vergonha na tua cara e parar de fazer merda de uma vez, cara.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Só sei que explicarei.

"A ousadia do banditismo organizado no Brasil já fez o cu dos brasileiros cair de suas respectivas bundas há MUITO tempo atrás. E você ri e aplaude isso nas redes sociais. Parabéns, seus imbecis do caralho."

Muitas pessoas têm enaltecido e se empolgado com uma entrevista com o líder do Primeiro Comando da Capital, a facção criminosa conhecida como "PCC". Essa entrevista tem corrido as redes sociais. Acabei lendo. Eis um link, caso você tenha Facebook (caso não tenha, faça um ou se vira aí, grande):


E eis também, alguns breves comentários meus sobre o assunto.

Marcola, líder do PCC e detentor do título de
"o homem que mais leu livros no planeta",
no Guiness Book of Records.


Sim, esse tal de Marcola,  que é um bom filho da puta, além de um "sinal de novos tempos", é o líder do PCC. "Novo tempo" esse que de novo não tem porra nenhuma, pois o ser humano faz maldade desde que se conhece por "gente", e desde sempre um filho da puta acaba se associando com um ou mais filhos da puta para fazerem o quê? Mais maldade. E sempre pelo mesmo motivo: GRANA. "Novos tempos" é o caralho.

Eu poderia até dizer que o "novo tempo" é esse tempo intelectualmente e moralmente NOJENTO, onde vejo grande parte da juventude enaltecendo bandido. Mas juventude imbecil também sempre existiu no histórico da humanidade.

Ao ler o comentário empolgado de alguns conhecidos, que enalteciam e enaltecem a pessoa de Marcola, eu me recordo daquela multidão alemã. Aqueles membros da verdadeira raça ariana, que erguiam seus braços direito em um ângulo de 120º em direção aos céus, representando admiração e submissão moral ao seu verdadeiro líder e salvador: Adolf Hitler.

Pois sim, o tal de Marcola sabe se expressar. Para mim, acostumado com grandes oradores, o quê ele falou é pouca bosta. É um manipulador de mentes fracas e imbecis. Encaixa maquiavelicamente conceitos edificantes e metafóricos, e personalidade nobres, como Dante Alighieri, em um conceito deturpado. Ou ele leu Dante, e não entendeu. Ou pior: leu, entendeu, e deturpou o conceito. Isso chama-se CHARLATANISMO INTELECTUAL!

É ÓBVIO que um líder, sirva ele o bem ou mal, não deixa de ser um líder, e possui todas as características de um líder. Mesmo que seja um psicopata do caralho, um anormal. 

Marcola é líder do PCC. E você achou ele legal, pois ele é inteligentão, né? Fala descolado.

Bom, Adolf Hitler também era inteligentão. O cara frequentava óperas em Viena, curtia Wagner, do "Cavalgar das Valquírias", sabe? O cara até escreveu um livro na cadeia, chamado "Mein Kampf", que é bom pra caralho. Foda esse cara.

Pode pesquisar aí a história de outras grandes personalidades pra você ver como elas eram inteligentes! Stalin, Mussolini, entre tantos outros. E perto desses grandes monstros históricos, esse Marcola aí é pouca merda. A opinião dele parece a mesma opinião de merda que qualquer adolescente tem hoje em dia nos tempos de Internet. O Marcola pra mim não leu 3.000 livros nem aqui, nem na casa do caralho. E se leu, quem garante que eram bons? E se eram bons, quem garante que esse arrombado entendeu alguma coisa? Um psicopata desses trancado numa cela lendo um monte de livro. ALGO me diz que ele não deve ter uma capacidade de interpretação. Afinal, todo discípulo precisa de um mestre. De um BOM mestre. Coisa que ele nunca teve (como percebemos) e nunca terá (pois um xarope desse que fala de ALIEN SOCIAL e de IPANEMA RADIOATIVA está simplesmente ABAIXO DE UM EXAME LÓGICO).

Posso até te dizer que, pra administrar o Inferno (metafórico ou não), o Diabo (metafórico ou não[2]) deve ser alguém INTELIGENTE E INTERESSANTE PRA CARALHO. Interessante em forma, não em essência. Pois todas as pessoas e coisas são interessantes pra caralho, e devem ser conhecidas, estudadas e compreendidas. Mas só deve ser enaltecido aquilo que é realmente bom e valoroso. Bom e valoroso para você, e para a humanidade. Caso seja algo mal e de valor duvidoso, deve ser descartado. E quando for algo impossível de descartar (entenda "descartar" como bem entender, te dou essa liberdade, amigo), basta não enaltecer a merda e não colocá-la sob as luzes dos holofotes.

Diabo diz, em entrevista: "Caralho, mas nem
EU li tanto livro assim, porra!"


Bom, voltando. Esse cuzão alega que "o governo federal" é o culpado pelo banditismo. Mas que ideologia de merda. Nem pra assumir que é ruim mesmo e quis encher o cu de dinheiro. Nem o maior esquerdista USPiano usaria um argumento político de merda desse. Culpar governo? Nem criança de quarta série, cara. Muita gente digna é pobre e vive no morro, e ser decente no mundo indecente é sempre opção. Só não o é quem não quer, pelos motivos que alegar para si e para o mundo.

E não venha me falar que os políticos são corruptos, e não sei o quê, e o caralho. Todo mundo sabe que existe corrupção, e isso são outros quinhentos. É outro assunto. Enaltecer bandido é simplesmente falta de bom senso, inteligência e qualquer senso mínimo de decência social. 

E você, sociólogo de merda que estiver lendo isso, nem ouse PENSAR em alegar que faltam exemplos para a sociedade. Os exemplos bons estão aí ao longo da história - quem quiser que vá estudar e se informar sobre, e te garanto que exemplos não faltarão. Falta vergonha na cara, isso sim.

Marcola faz apenas uma constatação óbvia e infantil sobre o problema das favelas. Alega que os soldados dele são "estranhas anomalias", e de fato o são. Pois são manipulados, e ELE é o manipulador. Quem usa a inteligência em desfavor de inteligências menores, é simplesmente manipulador e egoísta. Se eles são "anomalias" devido ao desenvolvimento social e educacional tão fraco nesse país, ele simplesmente se apoderou disso. Os "soldados do pó", como ele mesmo diz, são os monstros. E ele é o cientista louco que os criou.

Sim, eles estão no ataque mesmo. E nós, na defensiva. Nós não temos mais paz nas ruas, nem dentro mesmo de nossas próprias casas, e faz tempo já. A ousadia do banditismo organizado no Brasil já fez o cu dos brasileiros cair de suas respectivas bundas há MUITO tempo atrás. E você ri e aplaude isso nas redes sociais. Parabéns, seus imbecis do caralho.  

Quer saber? Vocês aí que amaram a entrevista do Marcola? Dancem, macacos. Dancem. E morram. Morram mutilados e queimados dentro de uma prisão de pneus de borracha que imobiliza teu corpo. E enquanto a tua carne é consumida pelo fogo justiceiro de algum "tribunal do tráfico", em teus derradeiros momentos, verá a tua pessoa amada ser estuprada de uma maneira que nenhum animal conseguiria reproduzir no auge de seu frenesi animalesco, irracional e instintivo. 

Afinal, estamos todos no inferno, não estamos, MANO? Bando de filho da puta sem personalidade do caralho. Consumam esse lixo e morram afogados na própria bosta que optam comer todo santo dia nas redes sociais. Quem come bosta, vomita bosta e caga bosta. 

E vocês são aquilo que vocês comem. Vocês, pra mim, nem lixo intelectual são (não só o Marcola, VOCÊS também). São apenas lixo, e precisam ser reciclados em educação, em cultura. Mas nunca é tarde. Pode-se acessar o Wikipédia AGORA e estudar quem realmente foi Dante Alighieri. Pesquisar a história de Marcola, e todos os crimes que não só ele, mas como alguns membros do Primeiro Comando da Capital cometeram. Vão lá, pesquisem. Eu resolvi poupar vocês aqui das fotos dos cadáveres. Enxergar a verdade é sempre opcional, não é verdade? Façam as vossas escolhas, e se tiverem o mínimo de inteligência e vergonha na cara, deletem os vossos posts do Facebook referentes a esse lixo, e parem de divulgar essa merda, em nome de um MÍNIMO senso ético e moral que as senhoras e os senhores ainda devem ter. 

Vocês precisam mesmo é de tapa na cara, e sentir cheiro de sangue pra aprenderem a ser gente. Classe média jovem do caralho. Estou puto e decepcionado com vários de vocês.

No fundo, você tem medo. Você é covarde, e tem medo desse papo todo de arma e bomba atômica. Por isso o crime atrai muita gente burra e vazia de valores, e por isso atrai muita gente COVARDE também. "Se não pode vencê-los, junte-se a eles." E você aí babando ovo do cara e pagando pau pra tal de Marcola, está dando seu jeitinho de "juntar-se" a eles, e da forma mais patética: babando ovo e pagando pau (menos feio seria se você pegasse num fuzil numa favela e fosse vender pó na rua). Pois, no fundo, você é decente, e por isso tem medo de morrer, diferente do próprio Marcola. Pois quem tem valores, tem medo de morrer, pois sabe que deve REALIZAR muitas coisas, e coisas BOAS, nesse planeta.  Mas não se deve ter rabo preso com nada ou ninguém. À LUTA! A vida não é palhaçada não, minha gente. 

Se gostou e concorda com esse texto, DIVULGUE-O. Não pela minha vaidade, mas vamos COMBATER. Vamos ser a RESISTÊNCIA INTELECTUAL desse lixo todo.

Boa noite. 

domingo, 22 de janeiro de 2012

Só sei que escreverei.

"Se nem eu que nem estou tão mal assim da cabeça me entendo direito, como vou tentar entender uma merda dessas?"



Aí você cria um blog numa madrugada qualquer, e as pessoas começam a te ler, e a te entender. E a te cobrar. E a te criticar. Chegam pra você na maior cara de pau dizendo que o fluxo de postagens no blog anda lento, e que você deveria dissertar com aquele seu jeitinho filósofo-canalha sobre certos "temas polêmicos que têm feito a cabeça do povo brasileiro", como por exemplo: "Estupro no Big Brother Brasil", "Luísa que voltou do Canadá" e "Mulher que inventou que estava grávida de quadrigêmeos". Até é importante esclarecer - o que faz a cabeça do povo brasileiro não faz a minha cabeça. Não por ser "povo brasileiro", não sou anti-patriota, pelo contrário. Até servi o Exército, e se tiver guerra, lá estarei eu liderando um pelotão. Mas é que eu não sigo a massa. O pensamento massivo, do povão. Vou contra essa corrente infeliz. Não por ser melhor. Nem pior. Apenas não me satisfaz a alma ser tão ridiculamente medíocre e ler o que todo mundo lê, falar sobre o que todos falam ou sobre o que todos assistem.

Mas vou abrir uma exceção infeliz hoje. E nunca mais.

Vamos lá, então:

1. "Estupro no Big Brother Brasil" - Mulheres são estupradas diariamente em todo o globo. Enquanto eu escrevo esse texto, e enquanto você estiver lendo, não sei dizer exatamente quem e aonde, mas alguém estará sendo estuprado(a). Muito provavelmente alguémS. Sim, no plural. E daquele mais nojento e infeliz - com o estuprador, suado e fedorento, sobre a vítima que se debate indefesa, rezando para que morra asfixiada na mão calejada e grotesca do monstro que violentamente tapa sua boca. Ou em último caso, que morra de desgosto, afogada nas próprias lágrimas. Se nem esse tipo de ocorrência lamentável é digna de ser comentada (isso é coisa pra ser apenas descrita no universo jurídico, para que justiça seja feita, pois é um tema deprimente), não é estupro de banho tomado, pós-festinha-muito-louca em porra de reality-show, que vai ser digno de me comover, ou muito menos de ser comentado aqui por mim. No máximo, um parecer de três minutos numa mesa de bar sobre o assunto. E com toques de ironia. Pois sinceramente, isso pra mim é pouca bosta.

2. "Luísa no Canadá" - Eu ri pra caralho quando assisti esse comercial com o meu irmão. O pai da menina naquele comercial é simplesmente uma piada da pronta. E como toda piada pronta, piadas serão (e foram) feitas. Mas foram feitas em exagero. Supervalorizaram uma ocorrência engraçada. E aí, naturalmente, perdeu a graça. Pelo menos pra mim. É que nem aquela história de continuar a piada, sabe? Quem tem o timing, sabe que deve parar após a primeira e sincera gargalhada. O resto será resto. Entendeu, ou está no Canadá?

3. "Mulher que inventou que estava grávida de quadrigêmeos" - Certos casos Freud explica, outros não. Existem muitos casos interessantíssimos que podem e devem ser discutidos e estudados em todos os níveis - da filosofia, psicanálise ou psiquiatria. Esse caso bisonho não é um desses. É simplesmente o caso de uma xarope que inventou pro mundo que estava grávida de quadrigêmeos. Mentiu, e ninguém sabe o motivo. Sinceramente? Foda-se ela, e foda-se o motivo. Se nem eu que nem estou tão mal assim da cabeça me entendo direito, como vou tentar entender uma merda dessas? Quer discutir isso não é nem procurar pêlo em ovo, é procurar pêlo em merda. Debates são dignos, desde que sejam edificantes em algum nível. E discutir coisas assim sinceramente não me eleva em nada. Por isso me abstenho. Isso é coisa de povão. Zé povinho. Intelectualmente falando, claro.

E acho que vocês deveriam fazer o mesmo.



Tracem metas. Estudem. Trabalhem. Façam seu companheiros felizes, seja um companheiro decente. Caso seja solteiro, seja um solteiro decente. Tem muita merda acontecendo no mundo, minha gente. Mas MUITA merda. Olhar pro lado é importante, claro. Devemos sim, ser observadores. Mas a partir do momento que você constate que o que você viu ao seu lado é merda, então é merda. Pronto. Simples assim. Pois merda, é merda. Não tem muito o que filosofar sobre merda. Pois nem merda filosofa sobre merda - pois é merda. Não sejam merdas, vai.

Seus merdas!

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Só sei que respeitei. - A Dona Aranha subiu pela parede...

"Na minha ficha criminal, constam centenas de homicídios praticados contra esse tipo de vida em particular - esses seres que vivem ou aparecem nos banheiros. Inclua aí aranhas, abelhas, zangões, besouros, baratas, mosquitos e formigas. Às vezes, assassinava-os por medo. Outras vezes, por puro prazer sádico de vê-los espatifados ou afogados com requintes de crueldade. "



Todo homem deve, ou deveria, tomar um banho antes de dormir. Seja pelo motivo que for. Razões meramente higiênicas, razões filosóficas, e porque não os dois? Tomar um banho antes de dormir deveria ser lei, para todos os seres do planeta.

Para muitos, um banho não é apenas um banho - é um momento de reflexão. E olha que você nem precisa ter espelho no banheiro. Sei que os inteligentes captaram. Sei que só os idiotas acharam engraçado. Prosseguindo.

Refletir sobre o seu dia, sobre a sua vida. Pensar um pouco. Eu por exemplo, lido com o banho assim desde criança - a SABESP que me perdoe. O banho quando criança era tempo de encher a banheira e brincar com o navio da Guarda-Costeira do Playmobil. 

Exatamente esse.

Claro que o navio naufragava, e o tubarão branco simplesmente devorava um por um dos sobreviventes. O último a morrer era sempre o capitão do navio. Em algumas pouquíssimas vezes, ele matou o tubarão com as próprias mãos. Acreditem.

Exatamente esse. [2]

A banheira também era o viveiro do Velociraptor (que era um dos meus bonecos favoritos). Os exploradores do Jurassic Park sempre acabavam presos no viveiro dele, que tinha até um lago (banheira). Por algum motivo, os exploradores simplesmente colavam no viveiro, desarmados, dando uma espécie de rolê (?). Claro que o Velociraptor devorava um por um do exploradores. O último a morrer era sempre o de chapéu. Parecia mais durão. E diferente do tubarão, o Velociraptor nunca morreu. Ele era foda.

Exatamente esse. [3]

Pelo pouco que narrei, vocês já perceberam que a hora do banho era sempre muito feliz para o mini-Tayan, e muito triste para o meu pai, no momento em que chegavam as contas de águas e luz. Não basta ser pai - tem que pagar a conta cara por causa do filho autista na banheira. Aliás, obrigado, pai.

Na adolescência, a hora do banho não deixou de ser um momento de reflexão. Mas digamos que as reflexões se alternavam entre reflexões pornográficas ou fingir ser o baterista do Iron Maiden. Não necessariamente nessa ordem, e claro que não necessariamente no mesmo banho. Ou seja, de uma forma ou de outra, eu vivia tocando. Pra caralho.

Eu no banho durante a adolescência.

Já adulto (sim, por mais estranho que seja, já sou um homem feito) minhas reflexões são de fato, reflexões. Ontem à noite, por exemplo, antes de dormir, fui tomar meu banho. E logo entrando na banheira e ligando o chuveiro reparei - havia uma aranha bem ao meu lado. Aquelas aranhas de banheiro, que mal se vê o corpo, muito menos a cabeça. E que suas patas parecem, sei lá, fios de nylon? E por menos aterrorizante que ela fosse, ela sinceramente me incomodou.

Nunca fui adepto de dividir minha banheira, muito menos com seres com mais de duas patas. Ainda mais insetos, eu não suporto insetos. Como qualquer pessoas normal, eu acho, eles sinceramente me incomodam quando estão perto de mim. Na minha ficha criminal, constam centenas de homicídios praticados contra esse tipo de vida em particular - esses seres que vivem ou aparecem nos banheiros. Inclua aí aranhas, abelhas, zangões, besouros, baratas, mosquitos e formigas. Às vezes, assassinava-os por medo. Outras vezes, por puro prazer sádico de vê-los espatifados ou afogados com requintes de crueldade. 

Mas já há um tempo isso não ocorre. Sou uma outra pessoa. Acho sinceramente que tenho me tornado uma pessoa melhor, pois logo que entrei no banho e avistei a aranha, fiquei imóvel, em atitude de respeito (e sim, um pouco de aflição). Ela pareceu notar minha presença, e rapidamente agitou-se numa teia que minha miopia não me permitiu observar com mais detalhes. Apenas presumi que fosse uma teia, pois aranhas não flutuam no ar. Até onde eu sei, pelo menos.

Em outros tempos, eu teria pêgo aquele chuveirinho e ligado em cima dela, e ela desceria ralo abaixo. No mínimo, assopraria forte só pra ver o que aconteceria. Mas não. Apenas observei. E refleti.

Era um tanto quanto lamentável a cena da aranha se balançando apavorada em sua teia. Um ser minúsculo e completamente desengonçado, que dedica sua vida a tecer teias e comer mosquitos no banheiro da casa dos outros. Uma existência ridícula. Mas conforme eu observava como aquele ser corajoso que debatia-se e deslocava-se em rota de fuga, comecei a não mais achá-lo ridículo. Comecei a sentir pena dele.

A água morna corria, e eu apenas continuava observando aquele ser, que agora não mais estava ao meu lado. Já encontrava-se na outra parede, locomovendo-se agora de forma rápida e precisa, empregando fuga entre o vapor do chuveiro e de gotas maliciosas que o chuveiro insistia em derramar próximo à ela. E ela prosseguia.

Tomei o meu banho, de olhos fixos na aranha. Alguns minutos passaram, e ao final do meu banho, eu ainda observa-a. Agora não mais achava a aranha ridícula. Nem pena dela eu sentia mais. Eu sinceramente admirava-a.

No auge da minha admiração, a aranha encontrava-se no teto do meu banheiro. Parecia observar-me. Parecia não entender-me direito também. Mas parecia também respeitar-me lá do alto. Do teto.

O teto do meu banheiro.

Um lugar que eu, Tayan, homo sapiens, no "auge" da minha evolução perante todos os animais da Terra, JAMAIS conseguirei chegar pelos meus próprios pés, ou pelas minhas próprias mãos. Ou pela teia que meu corpo insiste em não produzir. Maldito Peter Parker.

Tu memo.

E sinceramente, vi na aranha lá do teto uma metáfora de nós próprios, seres-humanos. 

Pois como a aranha, somos desengonçados. Ainda tão feios perante a perfeição de tantas coisas que nos cercam. Ainda vivemos no banheiro de alguém muito maior que nós, que nós nem sequer conhecemos direito. Vivemos a nossa vida, tecendo nossas teias. Alguns, com humildade, conseguem comer seus mosquitos no dia a dia. Outros, mais orgulhosos ou mais ignorantes, acabam por enroscarem-se em suas próprias teias. São aranhas jovens, ainda estão aprendendo. Mas isso pouco importa. Nosso objetivo é o teto do banheiro. Pois quando o ser supremo liga o chuveiro, cabe a nós saber onde e como prosseguir. Mantendo calma, prudência e confiança. E isso tudo eclodirá, mediante sua coragem e seu conhecimento de mundo. Não basta apenas ter amor à sua existência, tem que saber viver! E quando você chegar ao teto do banheiro, o ser supremo te olhará feliz e orgulhoso - afinal, ele te observava o tempo todo, desejando sinceramente o seu melhor. Não te ajudou pois não podia, aquela prova era sua. E você, aparentemente desengonçado, agiu de forma perfeita em meio àquele caos transitório. Provou ao ser supremo que, apesar de seu aspecto tão frágil e desengonçado, você pode ser bem incrível às vezes. E só pode ser incrível, aquele que É incrível. 

Esteja onde você estiver, Dona Aranha, te desejo tudo de bom nessa existência. No meu banheiro, e nos próximos. Você é foda.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Só sei que prometerei. - Manual do Filho da Puta.

"Adeus, ano velho..."

É, cara. 2012 chegou. O ano em que muita gente faz piadinha sobre o fim do mundo. Muita gente zoa, como eu. Se bem que tem muita gente que se caga com isso de verdade. Afinal, quais foram suas resoluções pro Ano Novo?

O segredo do Ano Novo é simplesmente não prometer porra nenhuma. É simplesmente agir. A maioria promete tanta merda, que simplesmente esquece que a consequência lógica de uma promessa é simplesmente cumprí-la.

Mas cá pra nós, pra que cumprir uma promessa HOJE? A partir do dia primeiro de janeiro? Caralho, ainda tenho 365 dias restantes no ano (2012 é ano bissexto). Tecnicamente, tenho até dezembro pra cumprir tudo isso que eu prometi. Posso cagar no pau dia primeiro, talvez no dia dois. Talvez eu cague no pau em janeiro todo, até fevereiro, que é Carnaval. E ainda me restam, em tese, dez meses.

Olha, quer saber? Pode parecer meio audácia, mas vou seguir tocando o foda-se até agosto. Calma, calma! Eu vou te justificar o motivo disso! É que assim: Julho tem férias, né? A gente meio que perde a linha nas férias. É direito nosso perder a linha nas férias. E tipo assim, pra que eu vou investir na minha lapidação pessoal, se eu SEI que nas férias vou cagar tudo denovo? Então sigo cagado até julho. Perdão, até AGOSTO. Pois em agosto que a rotina volta MESMO, e tal. E ainda me restam quatro meses, olha que beleza! Tô tranquilo.

Agosto tá foda, tô entrando no ritmo. Já sei, setembro. Setembro é o mês! Posso até seguir melhor em setembro, outubro, quem sabe até novembro? Mas claro que não vou dar o meu máximo. Me dou o direito de perder a linha ainda, mas nem tanto. Ainda tenho um mês.

Mas assim, deixa eu te falar uma coisa. Dezembro é foda demais, cara. Tem as festas e tudo mais. Natal, Ano Novo. Já é férias. Não tem como não desandar um pouco. Estou vivo, estou "feliz". Isso que importa, não é?

Tudo bem, eu sei que não tenho mais nenhum mês de crédito. Mas tenho mais um ano de crédito! Prometo que no ano que vem serei uma pessoa melhor! Ano novo, vida nova! Mas assim, a partir do dia dois, né? Pois dia primeiro de janeiro de 2013 estarei de ressaca! E acho isso MUITO legal e engraçado!

Amigo. Sinceramente?

"...feliz ano novo..."

Vai tomar no cu.