Só sei que nada sei, mas ainda insisto em digitar...

sábado, 28 de maio de 2011

Só sei que não enlouqueci.

"O que enlouquece o ser humano é justamente o fato dele tentar enclausurar seus próprios pensamentos."



Em um dos HQ´s do Batman, o Coringa diz ao Batman que "o limiar entre a sanidade e a loucura às vezes é apenas um dia ruim.

Muita gente gosta de dizer que é louco. Esse tipo de louco não é tão louco assim. O verdadeiro louco mesmo é aquele que não assume, e pior, aquele que não sabe que é louco.

Louco é quem tem pensamentos "anormais" dentro da sociedade. Ou seja, não chamamos de louco apenas aquele sujeito que rasga dinheiro e que come merda. Existem vários tipos de loucura, vários níveis de loucura.  Desde loucura patológica até apenas momentos de loucura. Vamos focar aqui no texto sobre a loucura que não é patológica. Ou seja, vamos nos ater à loucura que pode atingir eu e você, se é que já não atingiu. Os "momentos de loucura", momentos esses, que infelizmente às vezes podem durar para sempre.

Muitos viam, e vêem, a loucura como transitória.

Hegel via a loucura como uma espécie de pressuposto de humanidade. Dizia que a loucura é um "simples desarranjo, uma simples contradição no interior da razão, que continua presente."

Se a loucura é a ausência da razão, de fato, todo ser humano será ou agirá como louco pelo menos uma vez na vida, seja na medida que for. Essa visão da loucura acaba incluindo a loucura como parte do aprendizado, parte do caminho que conduz a razão.

A evolução consistiria então no domínio da razão sobre a loucura. Ou, como acho mais correto: A evolução consistiria então na capacidade plena de raciocínio. Pois não haveria de se dominar a loucura, sendo que a mesma seria apenas a ausência da razão. Haveria um preenchimento racional dentro essa ausência, esse vazio moral que acaba originando a loucura.

E realmente esse é o jeito certo de encararmos a loucura.

Sócrates também encarava a loucura como transitória no ser-humano. E pensando com calma, cheguei à uma conclusão.



Meus pensamentos, esses dias, estavam de fato me torturando. A batalha foi sangrenta hoje, dentro da minha guerra interna. Em dado momento, pensei que meus pensamentos iriam me levar à loucura, mesmo que à loucura momentânea (o que já aconteceu, e mais de uma vez).

Me interiorizei e percebi o seguinte: o que acaba levando à loucura, mesmo que momentânea, não são os pensamentos em si. Os pensamentos são bons. Sejam esses pensamentos bons, ou sejam eles até ruins.

O que enlouquece o ser humano é justamente o fato dele tentar enclausurar seus próprios pensamentos. E no meu ver, podemos enclausurar os pensamentos de duas formas:

A primeira é óbvia. É simplesmente NÃO PENSANDO. Ou seja, toma-se então a rota de fuga mais conveniente, à escolha do fugitivo.

A segunda é até meio estranha. É simplesmente PENSANDO DEMAIS. Quando você pensa algo, e logo em seguida já pensa outra coisa, sem ter analisado ou refletido sobre aquele algo que você tinha pensado antes, acabo surgindo um "acúmulo de pensamentos". Acúmulo de pensamentos não refletidos, não analisados. Vai-se pensando uma coisa atrás da outra, causando uma bola de neve mental. Uma hora, a bola de pensamentos é tão grande, e você acaba não sabendo mais o que pensou, o que vai pensar, ou o que vai fazer. E muito provavelmente você terá um colapso mental, que resultará num colapso da sua própria moral.

Concluímos então logicamente que a nossa única armadura mental contra a loucura é conseguir criar uma disciplina de pensamentos. Tudo o que você pensa, deve ser analisado. É bom? Então programe, e faça. É ruim? Então descarte isso do seu plano mental .E se num impulso esse pensamento ruim surgir denovo (e sempre surgem, acredite em mim) simplesmente descarte-o novamente. Sempre pensando, sempre racionalizando. Nenhum pensamento passando batido. Nenhuma "pendência mental." Isso torna a mente mais leve. 

Uma forma simples disso é visualizarmos o nosso cérebro e a nossa mente como o céu. Se o céu é nossa mente, e nossos pensamentos são nuvens, devemos deixar o vento da prudência soprar com prudência toda nuvem que passa, pois bem sabemos, nuvens são passageiras. Se não houver o vento da prudência em nosso céu mental, as nuvens-pensamento não passarão. As nuvens-pensamento se tornarão pesadas e carregadas, e ao som dos trovões de agonia, inexoravelmente a tempestade moral irá acontecer. Com seus relâmpagos que cegam e com seus raios irresponsáveis e destruidores, a tempestade moral pode causar enchentes de desgosto dentro de você, e dos outros. E causar danos algumas vezes até irreversíveis para você e para o mundo.

Voltemos à frase do Coringa ditada ao Batman: "o limiar entre a sanidade e a loucura às vezes é apenas um dia ruim.."

E vou dizer à vocês o motivo desta frase ser genial. Pois ela fala claramente não na loucura propriamente dita, mas na ausência voluntária de razão mediante uma certa situação adversa na sua vida, situação adversa essa ilustrada no pensamento como o "dia ruim".

E "dia ruim" pode ser muita coisa. Depende do ponto de vista. Pode ser um tornozelo torcido. Pode ser uma traição. Pode ser um tsunami. Pode ser o fim-do-mundo do tal Calendário Maia em 2012. 

Desse prisma, o louco então não age então por loucura. Antes da "loucura" propriamente dita aflorar nos "dias ruins", que muito bem podem-se estender-se através de "tempos ruins" ou "épocas ruins", o louco agiu com covardia mental ante à qualquer dificuldade ou adversidade na vida. O louco então, age apenas ridiculamente como uma criança mimada, que resolveu espernear e berrar quando foi contrariada.

A loucura sempre será resultado da própria incompetência do ser humano, em especial, a incompetência sentimental. A incompetência em não conhecer a si mesmo. E se conhece à si mesmo, a incompetência de não domar à si mesmo. Enlouquece-se por muito pouco. Nunca por falta de opção, pois existem muitas. Mas sempre por falta de coragem ou responsabilidade. Ou os dois. Por falta de vergonha na cara mesmo.

A loucura então, no fundo, é opção de cada um. E essa dita loucura pode ser chamada de qualquer coisa: menos de loucura.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Só sei que atuei.

"Por isso a amante sempre parece ser mais legal que a esposa (mesmo que essa impressão seja apenas momentânea), aos olhos do traidor. Por isso que as pessoas que moram longe sempre parecem mais legais e mais interessantes do que as pessoas que moram perto."



É muito cômodo e fácil, além de ridículo, achar que vive-se virtudes em lapsos de tempo. Viver-se as virtudes, ou seja, agir de forma virtuosa em dias certos ou datas comemorativas. Viver mentiras como verdades, pois essas verdades são temporárias. Ser virtuoso quando lhe convém (logo, ser falso), pois existe algum interesse egoístico em jogo. Por exemplo: jurar amor eterno, mas desde que seja por tempo determinado. "eterno enquanto durar", como dizia o poeta. doar-se, mas sabendo que cedo ou tarde, aquilo não mais fará parte de você ou do seu dia a dia. 

O lapso de tempo pode ser motivo de crise. Muitas vezes, um casamento pode estar fadado ao fracasso. Muitas das vezes, os noivos já sabem disse desde a época em que namoram. mas vão levando, pelo motivo que for. Nesse caso em específico, o lapso de tempo acaba torturando, pois é um lapso incerto. Não se sabe ao certo quanto vai durar, em medidas de tempo exatas, aquela tortura resultante da incerteza de tal lapso temporal. Logo, os dois lados buscam fugas. E normalmente a fuga mais humana é a traição. Que muitas das vezes, já faz parte de um relacionamento desde que o casamento ainda era namoro. Ou flerte. Vai saber?

E o que motiva a pessoa a manter um relacionamento extra-conjugal? Ou manter, mesmo já comprometido com alguém, a idéia de que um dia irá separar-se, e aí sim, irá encontrar o verdadeiro amor da sua vida?

Normalmente, é a busca exacerbada do ser-humano pelo inatingível. Pela perfeição, que no fundo ele sabe que de certa forma é inatingível num mundo e numa sociedade como a nossa. É desejar o perfeito que já cai dos céus em seu colo de forma perfeita. Não é a visão de perfeição, por exemplo, do artista. O artista se depara com uma peça de mármore, e talha, com maestria, paciência, carinho, abnegação e técnica a tal peça de mármore. E anos depois, temos uma obra de arte. Magnífica. Perfeita. Mas que não foi criada ao acaso pela Natureza. Por trás daquela obra perfeita, existia um artista dedicado e apaixonado. Logo concluímos que a perfeição resulta do trabalho. Do trabalho que resulta da inteligência e dedicação, ambos atributos essencialmente humanos.

Mas afinal. Que ser-humano que você conhece que é assim? Aliás, você, leitor, é assim? Este que vos escreve tenta de coração ser assim, mas ainda não o é. 

Como ia dizendo, o ser-humano tende a desvalorizar, e pior, a criticar tudo aquilo que o cerca que não seja perfeito à seus olhos que são tão imperfeitos na exata medida que são simultaneamente tão hipócritas, além de tão julgadores. E é óbvio que essa crítica irá atingir muitas vezes o marido, a esposa, os filhos, o pai, a mãe, os amigos, os inimigos, e todo o resto do mundo.

Por isso a amante sempre parece ser mais legal que a esposa (mesmo que essa impressão seja apenas momentânea), aos olhos do traidor. Por isso que as pessoas que moram longe sempre parecem mais legais e mais interessantes do que as pessoas que moram perto.

Pois com essas pessoas, de alguma forma, sempre está começando-se do zero. Não existem erros à serem jogados na cara. Inexiste o arrependimento, o peso na consciência, a dor de uma traição ou o desapontamento com expectativas que não foram alcançadas, com promessas que nunca são cumpridas ou com a carência que não é, e nem será, suprida.

Não existe cobrança. Não existe crítica. Pois não existe constância. Pois não existe uma verdadeira convivência. Você não vive do lado da amante, ou daquele conhecido que mora longe. A amante não enxerga seus erros. O conhecido que mora longe não conhece seus piores defeitos. Ou seja, essas pessoas de fato não te conhecem. E você de fato não as conhece também. Caso conhecesse realmente, a imperfeição dessas mencionadas pessoas iria te irritar da mesma forma. A amante se tornaria tão chata e insuportável quanto a esposa. O conhecido de longe, que agora seria um mero conhecido de perto, seria também idiota aos seus olhos. Logo, o ser-humano entra num ciclo vicioso. Então, arruma uma amante para a própria amante, e trata logo de conhecer mais pessoas que moram longe, para ele poder idealizar na cabeça dele que elas são tão legais quanto ele próprio.

Pois o ser humano de certa forma idealiza, almeja o inatingível. Almejamos e nos deixamos consumir pela expectativa de amores platônicos, em vez de valorizar o amor que já existe na sua vida. Amor de homem, de mulher, de família, ou de amigo. Ou pior, deixamos muitas vezes de NOS PERMITIR a viver um amor real e efetivo na nossa vida, pois nossa mente já está consumida, fixada e apegada à um ideal de amor platônico hipotético que nem sequer existe, e que muito provavelmente nunca vai existir. Pois o romântico platônico idealiza a perfeição, e não existe perfeição à sua volta, e muito menos dentro de você.

Somos tão hipócritas que não queremos lidar com falhas alheias, ao ponto em que exigimos total compreensão no que tange à nossas próprias limitações e falhas humanas. O imperfeito que exige a perfeição. O rei da hipocrisia. Digno de pena.

É cômodo demais viver uma noite fullgás. Um relacionamento fullgás. Pois é vazio. Parece tudo por uns momentos, mas na mesma proporção em que pareceu um tudo, torna-se um nada. E é nada mesmo. É mentira. Mentira essa que você e os outros contam, e que você e os outros se deixam acreditar. Os sentimentos verdadeiros e as sensações legítimas precisam de bases morais fortes. E para desenvolver bases morais junto de alguém, deve-se ter as qualidades do artista que mencionamos acima. Deve-se talhar a perfeição nas pedras de mármore que a vida lhe apresenta, em vez de procurar-se esculturas perfeitas por aí. Pois essa escultura é personalíssima. É sua, e cabe só a você próprio desenvolvê-la. E depois que você desenvolvê-la, tal qual o artista, cabe a você próprio mantê-la com o mesmo zêlo com o qual a criou.

Vivemos idealizando o inatingível, pois, de certa forma, temos medo de atingir algo concretamente. Pois quando atinge-se algo, quando completa-se a missão, logicamente seremos incumbidos de outra missão. Como o exemplo que acabei de citar: o artista recebe a missão de encontrar a pedra de mármore. Após o artista cumprir a missão de talhar a escultura, ele recebe a missão de mantê-la. E assim sucessivamente. Mas é importante dizer que para sequer você saber qual é a próxima missão, deve-se necessariamente ter cumprido a anterior. Ou seja, existe uma incerteza em saber qual será a próxima missão. E aí começam os devaneios e auto-questionamentos. "Será que vai ser uma boa missão?", "Será que vai ser uma missão ruim?", "Será que vai ser uma missão desagradável à minha preguiça?". Então muitas vezes opta-se em simplesmente não realizar missão alguma. Não atingir objetivo algum. A solução consciente, e muitas vezes inconsciente, acaba sendo o culto ao inatingível, ao invés do atingível. É enganar-se querendo algo que você não pode ter, pois no fundo você não quer lidar com a imperfeição que esse mundo tem a lhe oferecer. Logo surgem então amores platônicos, ao invés de aquilatar um amor possível. 

A certeza da incerteza nos atormenta, alimentada pela nossa covardia e pela estagnação no comodismo de nossa própria zona de conforto.

E irei dizer a vocês, "zona de conforto" me soa extremamente estranho, pois a maioria das "zonas de conforto" são apenas "zonas" mesmo, no sentido ruim da palavra. O ser-humano além de estagnar, resolveu estagnar na lama, no charco. E a maioria parece estar bem com isso.

Por isso soa mais cômodo um relacionamento extra-conjugal ou sentir saudades de alguém que você mal conhece, ou pior, que você nem conhece. Vive-se mais plenamente quando não se deve prestar satisfações à alguém, ou na maioria dos casos, quando não se deve prestar satisfações à sua própria consciência, nem que seja por algumas horas ou alguns minutos. Ou anos. 



Mergulhamos então de cabeça em um situação que julgamos ser um paraíso. "Paraíso" pois justamente pode-se usar a máscara que melhor lhe agradar, pois esse paraíso é artificial e momentâneo. E os mascarados bem sabem que uma máscara bem talhada e bem posta não cai tão fácil assim. O perfume não será impregnado pelo fedor do suor em poucas horas, não? O marcarado fica então tranquilo e relativamente em paz quanto à sua fantasia. Logo, representa-se tal personagem à terceiros, e talvez o mais prazeroso: representa-se tal personagem à si mesmo. 

E muito embora nesse paraíso artificial e momentâneo o mascarado muito provavelmente esteja lidando também com mascarados, tais quais ele próprio, isso simplesmente não gera incômodo ou afetação. Pois tudo está bem, se a máscara alheia também não cair. Mascarados amam as máscaras, as suas próprias e as dos outros. Pouco importa o ator, importa a máscara. Assim como pouco importa o teatro, o que importa é o palco e cenário. 

E como tudo é muito rápido, geralmente não cai. então personagens que agem como se fossem reais vivem fantasias, e sentem-nas igualmente como reais, na plenitude de seus sentidos entorpecidos pela própria mentira que resolveram contar para os outros e que resolveram escutar dos outros. e enquanto os mascarados, os personagens, bailam, riem e gozam em seu palco fétido. e nesse teatro em ruínas, que desaba aos poucos conforme o tempo passa à serviço da verdade inexorável, os verdadeiros não tem ao menos a chance de chorar de vergonha, sufocados violentamente pela máscara que resolveram vestir por livre e espontânea vontade.

Mas toda peça de teatro tem hora para acabar. Por melhores que sejam os atores, por mais glamouroso que possa parecer a produção, com suas máscaras, figurino, cenários e diálogos, a peça não deixou de ser peça. 

A peça não deixou de ser baseada num roteiro escrito em uma madrugada extremamente fria, ou extremamente quente, regada à muito uísque, cigarros e outras coisas mais.

Roteiro escrito de forma covarde atrás da máquina de escrever que você mesmo inventou. Na máquina que você mesmo inventou, escreveu o próprio roteiro deprimente e mentiroso, por mais que você tenha tentado disfarçar. Roteiro deprimente e mentiroso que você próprio irá estrelar em conturbada de noite de gala, durante várias temporadas. Estrelando e interpretando o papel do personagem que você idealizou de forma doentia, muito provavelmente dividindo o palco com os piores atores e figurantes, que o mundo puder te oferecer, mas que você acolherá de braços abertos por você e pela platéia de zumbis que os assiste e aplaude, pois todos nesse teatro são tão deprimentes quanto você próprio. 

domingo, 22 de maio de 2011

Só sei que há de se ter coragem. - Teoria da Perfeição Lógica.

"Mas usando todo nosso raciocínio lógico é bem possível começarmos o processo de evolução espiritual desde já. "

Como se desfazer de hábitos ruins, tendências viciosas, características negativas da nossa própria personalidade? De tudo aquilo que você no fundo sabe que não presta, materialmente e espiritualmente falando? Me parece não ter regra certa. O que acaba norteando tudo, no fundo, é a vontade. Pois tem tese, o nada é apenas uma falta de resultado, pois não há ação. O "nada" é ausência de ação. E a ausência de ação, no que diz respeito à nós ditos homo sapiens, é reflexo da ausência de vontade.

O ser-humano gosta de esboçar seu próprio inferno. Gosta de se afundar no lodo, agindo em total desacordo com a moral, e depois reclamar, espernear, tal qual uma criança mimada. A maioria, alheia à responsabilidade, reclama do mundo. Reclama dos governos, das pessoas, das situações que Deus e o destino parecem lhe traçar dia a dia.

Mas certa parcela já despertada para a verdade sabe que não é assim que funciona. Sabe que é inútil (além de ridículo) reclamar de algo que não a própria incompetência. A incompetência de ser humano.

Sim, pois somos seres errantes e busca da perfeição. O que é a perfeição? Eu sinceramente não consigo nem imaginar. Mas posso te afirmar com absoluta certeza o que NÃO é perfeição.

Ou seja, buscamos a perfeição. A perfeição sobre-humana, já que o ser humano é incompentente por excelência. Aliás, me parece até que ser moralmente incompetente é uma característica intrínseca à todo e qualquer ser-humano, salvo raras exceções.

Como dizia, a perfeição é nosso objetivo. Mas já foi dito também que a perfeição é algo incogitável à nosso cérebro humano. Muito embora nosso cérebro seja uma máquina perfeita e invejável à todos os outros animais desprovidos de racionalidade, ele não consegue conceber, nem da forma mais errônea e minimalista, um conceito de perfeição.

Mas usando todo nosso raciocínio lógico é bem possível começarmos o processo de evolução espiritual desde já.

Através da lógica, não podemos visualizar o conceito perfeito de perfeição, mas podemos sim fazer um esboço imperfeito, raciocinando através da EXCLUSÃO. Não fazendo o errado, automaticamente estaremos fazendo o certo. E esse é o primeiro passo rumo à perfeição.

Raciocinando, primeiro, sobre o que é supérfluo e o que não é. Em seguida, nunca mais agir de forma que vise satisfazer necessidades "desnecessárias" que insistimos em atribuir à nossa existência. Sim, pois necessidades artificiais (como os excessos e abusos de toda ordem, o vício) geram cobranças REAIS.


Afinal, todos nós temos noção do que é certo e do que é errado. Do que prejudica à nós mesmos e a outrem, assim como o que beneficia. 

Muito embora tenhamos desenvolvido a tendência de querer enganar a nós mesmos e os outros com nossas próprias mentiras e desculpas esfarrapadas, no fundo, todos sabem o que realmente DEVE e o que realmente NÃO DEVE ser feito.


Desse processo de ação diária baseada na lógica sobre o que é bom ou não é, desenvolveremos um "esboço de vida perfeita", que é o máximo que podemos atingir no planeta, enquanto seres humanos, enquanto seres ainda em débito moral, seres imperfeitos.

Esse "esboço de vida perfeita" que devemos nos esforçar para conseguimos viver aqui no Terra, será requisito mínimo e básico para aqueles que verdadeiramente aspiram à atingirem a verdadeira perfeição, na vida espiritual, nos outros mundos que ainda habitaremos, nas muitas moradas na casa do Pai.

Infelizmente, a maioria das pessoas gosta de ver a vida como uma espécie de férias do espírito, quando em verdade, ocorre justamente o contrário. Deixando para ser perfeito amanhã, em vez de hoje. "Hoje não", pensam as pessoas. Afinal, foram tantos erros. O débito é tão grande no banco da consciência, um erro a mais ou um erro a menos não muda nada, em tese. Mas com esse tipo de raciocínio, o amanhã nunca chega. E nem nunca vai chegar. E ficamos estagnados na nossa própria imperfeição. Pois um erro sempre irá resultar num outro erro, e assim por diante.

Coragem para COMEÇAR A TENTAR ser perfeito, desde já, é coragem que poucos têm. Pois é uma coragem silenciosa, necessária para esse embate, essa guerra também silenciosa. Guerra diária. Vigilância eterna. Disciplina infinita. Batalha essa travada primeiramente no seu mundo interior, partindo depois para a batalha no seu mundo exterior. Pois o corajoso, além de ter de enfrentar os seus próprios monstros e demônios interiores, terá de enfrentar os monstros e demônios do exterior também.

Vejamos nossas fraquezas morais como os demônios de dentro. E toda tentação presente no mundo, em todos os níveis e aspectos, como os monstros de fora. Lute contra todos. Espero que vença.

Eu já iniciei a minha batalha. E não é nada fácil. Desembainhe você também a divina espada das virtudes, meu amigo. E que essa lâmina justiceira seja cravada de forma mortal em todas as mentiras que insistem em te acompanhar, pois você ainda insiste na companhia das mesmas. Pois o que é de mentira morre, pois verdade não era.

Um brinde à verdade. Um brinde à coragem. Um brinde à vitória, que cedo ou tarde chegará, na estrada do incerto. Na estrada da esperança. Na estrada do infinito.

Busque começar a identificar e a viver o seu "esboço de vida perfeita". E rumo ao infinito. Verdadeiros aprendizes. Cadetes da perfeição.

"E livrai-nos do mal."

Boa noite e boa semana à todos.

sábado, 14 de maio de 2011

Só sei que calculei. - A Aritmética do Vício / Teoria do vício aritmético.

"O nosso tempo é curto, e com o vício em drogas acabamos encurtando-o de maneira agressiva. Eis um cálculo demonstrativo."



Como sabemos, a "aritmética" é o ramo da matemática que lida com números e com as operações possíveis entre eles. Não sei bem se é a palavra correta a ser utilizado em todo o contexto que será exposto, mas no meu ver foi o que melhor se encaixou.

Você deve estar se perguntando aonde a aritmética e um vício de ordem qualquer poderiam figurar num mesmo contexto lógico. E se manter sua mente aberta, quem sabe você não absorve o que estou tentando passar neste raciocínio.

Como bons entendedores, já analisamos o que significa a palavra "aritmética". Analisemos agora a outra palavra-base da teoria: o "vício". "Vício" vem do latim "vitium", que significa "falha" ou "defeito". É todo e qualquer hábito repetitivo que degenera ou causa algum prejuízo ao viciado e aos que com ele convivem. Seu antônime é "virtude". Mas vamos utilizar a palavra "vício" aqui num contexto mais ameno, deixando um índice de sua acepção completa. Vamos nos ater não ao vício de caráter, moral, etc. Vamos nos ater aqui, especificamente, a um tipo de vício muito específico, e muito presente na sociedade - o vício em drogas (álcool, fumo, naturais, semi-sintéticas, sintéticas).

Sendo "droga" o sinônimo de "narcótico", entorpecente" e "estupefaciente". Termos que denominam susbtâncias químicas que produzem alteração dos sentidos. "Droga", originalmente, remete à todo e qualquer produto ou substância, natural ou sintético, que quando introduzida no organismo, modifica suas funções naturais. É sabido que drogas levam à dependência química e psicológica.

Como disse acima, as drogas são e estão cada vez mais presentes nas sociedades. É muito comum drogar-se  desde tenra idade nos dias de hoje. Por mais estranho que pareça, drogar-se tornou-se "cultural" atualmente. Afinal, quando somos crianças não precisamos de drogas, pois nossa realidade é agradável. Brincamos, aprendemos. Quando somos adolescentes, situações eventuais começam a aparecer. Você pode não fazer tanto sucesso, ou o sarro que os colegas tiram de você podem vir a te deprimir. A realidade não é legal, e as drogas são um belo convite, além de um meio, para você fugir dessa realidade. O mesmo para a vida adulta. Mas nem precisamos ir longe, com todo esse extremismo narrado. A maioria das pessoas hoje em dia gosta de encarar o fato de você ter que lidar com a "responsabilidade" como um problema. Será que ser responsável é necessário? Ser responsável dá trabalho. Exige disciplina. Contraria todas as minhas paixões desenfreadas. Então encara-se "ser responsável" como um problema. Se algo exige responsabilidade, foge-se então dessa realidade. E dá-lhe droga.

Fala-se muito em "tipos" de usuários: "habitual" ou "eventual", e o "dependente" ou "viciado". Para mim, soa tudo a mesma coisa. A única diferença é que o "viciado" é mais humilde e se assume dependente, enquanto o usuário "eventual", de forma orgulhosa, prepotente e muitas vezes até decorrente de ignorância do próprio caso concreto, se julga no controle de uma situação ou hábito vicioso.

Não vou entrar no mérito sobre a questão das drogas em si. O motivo pelos quais as pessoas usam, o contexto sociológico atual da droga, entre outras coisas. Fica para uma próxima oportunidade. O que farei aqui é mostrar um cálculo aritmético demonstrativo, acerca do uso de drogas. Uma demonstração de que o "custo-benefício" do vício em drogas é caríssimo, levando em conta questões de saúde, dinheiro e especialmente nessa teoria, de tempo. 

O nosso tempo é curto, e com o vício em drogas acabamos encurtando-o de maneira agressiva. Eis um cálculo demonstrativo. E vamos frisar que nesse cálculo, serei extremamente brando, estou calculando o uso de drogas por baixo.

Um viciado normal (vamos chamar assim, muito embora todo viciado seja na verdade anormal) droga-se de forma constante, normalmente em dias intervalados. Afinal, ele tem de trabalhar para sustentar o seu vício, e não pode se dar ao luxo de viver entorpecido, muito embora ele assim viveria, se assim o pudesse.

Parte-se da premissa de que o viciado trabalha, logo o fim-de-semana é momento de luxo para suas práticas viciosas. É regra que o viciado irá drogar-se na sexta e no sábado, e vamos presumir que esse viciado tenho o mínimo de juízo e aproveite o domingo para descansar para trabalhar na segunda-feira. Vamos marcar com um X os dias em que a droga é consumida.

SEG  TER  QUA  QUI  SEX  SAB  DOM
                                        X       X 

Como lidamos com um viciado, ele jamais irá se drogar apenas no fim de semana. Pois lembremos, ele é viciado. Vamos chutar por baixo, que ele vá se drogar no mínimo mais duas vezes na semana, mesmo que a quantidade ingerida não seja cavalar. Usando a regra do consumo intervalado de drogas, aliando o vício à noção mínima de responsabilidade no trabalho que esse viciado tenha, vamos eleger dois dias para o uso de drogas nos dias úteis. Um deles muito provável será a segunda-feira, no mais tardar terça. Se ele se drogar segunda, provavelmente se drogará na quarta, intervalado. Se ele se drogar na terça, provavelmente irá ou emendar na quarta-feira direto e descansar na quinta (para poder aproveitar o fim de semana) ou drogar-se na terça e na quinta. Logo, temos:

SEG  TER  QUA  QUI  SEX  SAB  DOM
  X                 X                X      X

Drogar-se, por mais que seja hábito de anos, nunca deixa de ser uma agressão, uma tempestade química no seu corpo/mente. Surgem então os efeitos físicos e psicológicos da chamada "ressaca". A "ressaca" dura, no mínimo, o dia seguinte à ingestão da química. Vamos marcar com uma letra "R" em nossa tabela os dias em que nosso amigo terá "ressaca".

SEG  TER  QUA  QUI  SEX  SAB  DOM
  X       R       X        R      X      X        R

Já é possível observar que nosso amigo passa a semana inteira quimicado. Não há um dia sequer em que a harmonia esteja presente em seu corpo e mente. Mesmo nos dias em que não se droga, o corpo não tem tempo para se reestruturar atomicamente. E quando está tentando reequilibrar a harmonia, nova tempestade química ocorre, trazendo mais desequílibrio. E assim sem cessar.

Analisando por um outro prisma, podemos dizer que o dia na Terra tem 24 horas. E vamos supor que nos dias de química, a tempestade química dure, no mínimo, 12h. Essas 12h prováveis começam desde a primeira ingestão química, até a noite mal dormida (ou não dormida). Agora vamos somar mais 12h de efeitos nocivos do dia seguinte, do dia de "ressaca". Essas 12h do dia de ressaca são aproximadamente o tempo que você vai estar de ressaca, e não vai render tanto assim no trabalho. Contando também o sono que você terá de repor da noite mal dormida (ou não dormida).

Ou seja, acima contamos dois dias. Um dia de 24h no qual o viciado drogou-se. E o dia seguinte de 24 horas no qual o viciado tem ressaca. Subtrai-se 12h do consumo de drogas de um dia, e 12h da ressaca do outro. Logo:

48 - 24 = 24

Viram? A matemática nos mostra que dois dias, se tornaram um. E quantas coisas não podemos realizar em segundos? Quiçá em um dia?

Abster-se voluntariamente de precioso tempo em nome de sensações químicas e egoísticas não parece satisfazer a nossa lógica e sensibilidade humana.

Pensem sobre. Se nem Jesus, ou a mais sublime das Filosofias, ainda não te abriu os olhos, quem sabe a Matemática não ajuda?

domingo, 8 de maio de 2011

Só sei que a família é gay.

"Olavo de Carvalho nos diz que "gay é quem dá o cu e chupa piroca". Sim, basicamente sim. Assim como a mulher hétero dá o cu também, e o homem hétero chupa buceta. Aonde cada um enfia a pica ou molha a boca, isso pouco importa, meus prezados."



"Polígamos, incestuosos, alegrai-vos, eis aí uma excelente oportunidade para vocês."

Palavras que foram cagadas pela boca pelo tal de Hugo José Cysneiros, o "advogado" da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), em crítica à decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que reconheceu a união de duas pessoas do mesmo sexo como sendo, legalmente, uma família.

Para quem não sabe, a CNBB é, segundo a Wikipédia, um "organismo permanente que reúne os Bispos Católicos do Brasil que, conforme o Código de Direito Canônico, exercem conjuntamente certas funções pastorais em favor dos fiéis do seu território, a fim de promover o maior bem que a Igreja proporciona aos homens, principalmente em formas e modalidades de apostulado devidamente adaptadas às circunstâncias de tempo e lugar, de acordo com o direito."

É incrível ver como o próprio "advogado" (escrevo entre aspas, pois esse merda pode ser advogado inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, mas moralmente, a meu ver, não é advogado de porra nenhuma) vai contra o próprio direito, que em um país, é representado pela sua Constituição, que é aquele documento que contém os princípios e regras fundamentais acerca do direito das pessoas e das coisas em um determinado Estado.

Nossa Constituição diz, por exemplo, em seu artigo 5º, "caput", que "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza."

Usando o mínimo da lógica, se todos são iguais perante a lei, devemos entender que "todos" significa "sem exceções". Até onde eu sei homossexuais são pessoas, seres-humanos. E mesmo assim demoraram quase 25 anos para que eles tivessem seus direitos civis reconhecidos e garantidos por lei. 

Esse advogadozinho de merda ainda tem coragem de se dizer advogado. Sim, a opinião dele como advogado é uma merda, pois vai contra a própria Constituição Federal, que é a Carta Magna, ou seja, algo que os advogados devem defender e observar com unhas e dentes. Aliás, não só os advogados deveriam defender e observar a Constituição, mas sim todos os cidadãos brasileiros. Logo, além de um advogado de bosta, esse cara é também uma pessoa de bosta. Aliás, ser uma pessoa de bosta nem sempre é um pressuposto obrigatório para uma pessoa ser um profissional de bosta. Mas nesse caso, é sim.

Não só ele, mas qualquer pessoa que pensa algo assim, ou pior, que exterioriza esse tipo de opinião ridícula e medieval, é uma pessoa de bosta.

O absurdo é tanto, que ele compara um casal gay à "polígamos" ou "incestuosos". Ou seja, na brilhante concepção do nobre advogado, uma pessoa que sente atração por alguém do mesmo sexo sem culpa consciente nenhuma é equiparada à pessoas incapazes de serem monogâmicas, adúlteras e que necessariamente fazem sexo com seus familiares.

É digno do senhor tomar uma cuspida na sua cara, e parar de falar merda em público. Seu advogado nojento.

O pior não é isso, meus prezados: esse bosta representa uma bosta MUITO maior, a CNBB. E como vimos acima, a CNBB "promove o maior bem que a Igreja proporciona aos homens." Puta que o pariu!

Os "eleitos do Cristo", assim como seu advogado, também estão cagando pelo boca, através dele. 

Não é novidade que a Igreja Católica, há tempos, tá cagando e andando para seu "mestre", Jesus Cristo. Se o Cristo não fosse o "filho do Homem", o ser mais puro que já caminhou na face da Terra, com certeza ele mandaria essa bispada toda e a maioria dos ditos católicos tomar no meio do cu deles. E isso desde a época da Santa Inquisição. Santa putaria isso sim. E santas putarias ainda acontecem em meio à baixaria católica, como por exemplo essa posição preconceituosa do advogado que representa a CNBB.

Como vemos, os moldes sociais mudam. Antigamente, a mulher desquitada, divorciada, era considerada uma vagabunda. Gays eram considerados seres inferiores e depravados. O mais triste é que a Igreja que representa o Cristo tem essa opinião. A sociedade muda, assim como as religiões mudam. Se a religião não muda de acordo com a sociedade em questões naturais, deve-se pensar duas vezes então no que você anda acreditando. É fácil tirar a dúvida: Quando ouvirmos a Igreja falar isso ou aquilo, devemos nos interiorizar e nos perguntarmos - "O que Jesus Cristo diria acerca disso?"

É claro que nossa resposta nunca será tão cabível e perfeita como seria uma resposta de Jesus em pessoa, mas já é uma base forte para o início de qualquer raciocínio acerca de alguma resposta para uma eventual questão.

Olavo de Carvalho nos diz que "gay é quem dá o cu e chupa piroca". Sim, basicamente sim. Assim como a mulher hétero dá o cu também, e o homem hétero chupa buceta. Aonde cada um enfia a pica ou molha a boca, isso pouco importa, meus prezados. Isso ainda faz parte da nossa parte animal. O ato sexual é a liberação hormonal fisicamente falando. Moralmente falando, é demonstração de amor ou afeto recíproco. Ainda fazemos sexo, não importa se é no cu, na buceta, na boca ou uma bela espanhola do meio das tetas.

O que diferencia tudo, meus prezados, é a motivação do ato. Se o gay chupa uma piroca ou dá o cu como demonstração de afeto ou carinho, dá as mãos e diz "eu te amo", e de fato AMA, de alma, como qualquer casal dito "normal" ou "natural", não vejo motivos plausíveis para que não sejam considerados dignos e capazes de constituir uma família com bases morais tão dignas quanto uma família heterossexual. 

Agora, se você vir me dizer que gay é podre pelo que ele faz na cama, vou te dizer que você é tão podre quanto, se teu critério for troca de fluídos corporais e carícias estimulantes de qualquer natureza. E vou te mandar à puta que te pariu também, claro.

Boa noite à todos. 

domingo, 1 de maio de 2011

Só sei que bolei uma idéia com Deus.

"Às vezes um pequeno sinal de Deus, bem identificado, pode mudar a sua existência inteira. Cabe a você ter sensibilidade de identificá-lo. Sabedoria para analisá-lo. Humildade para acatá-lo. E disciplina, responsabilidade e boa-vontade para realizar alguma ação específica em relação àquele sinal."



Hoje troquei uma idéia com Deus. À vera mesmo. Eu não esperava conversar com ele assim, dessa forma hoje. Aliás, Deus que veio trocar idéia comigo.

Eu estava como sempre costumo estar nas manhãs de domingo: sem dormir direito, com ressaca e com vontade de porra nenhuma. O domingo de manhã é quase sempre uma bosta. E quando não é uma bosta, é uma merda. E quando não é uma merda, ele sempre poderia ser melhor. Muito melhor.

Me encontrava nessa lamentável situação física/moral (como de costume) quando simplesmente adormeci após o almoço. E quando acordei, já acordei diferente. Não acordei bem disposto, mas também não acordei mal. 

Eis que, no finalzinho da tarde, quando eu já desconfiava de sua presença, Ele de fato começou a trocar idéia comigo mesmo. E vocês devem saber, trocar idéia com Deus é meio complicado. E vou dizer pelo menos o motivo pelo qual é complicado para mim.

Desde pequeno minha mãe sempre me ensinou a rezar. Fui batizado católico, mas a minha família é Espírita praticante. Quando criança, eu me lembro que rezava meio no piloto-automático. Rezava por rezar, sem vontade, sem fé, sem entender o que falava. Por mais que minha mãe tentasse nos ensinar com todo o amor, carinho e dedicação, eu e meu irmão estávamos muito mais interessados no Atari, no Super Nintendo e nos Comandos em Ação. A gente rezava o "Pai Nosso" e a "Ave Maria" toda a noite. Um pouco mais velhos, rezávamos também o "Credo" e a "Prece de Cáritas". Confesso que rezava maquinalmente, rezava por rezar. Depois de velho, quando comecei de fato a estudar a Doutrina Espírita, você começa a perceber que o momento da prece é muito mais que uma repetição maquinal de frases. É realmente o momento onde você se conecta com as esferas mais elevadas do plano espiritual, ou seja, quando você se conecta com Deus. 

Mesmo tendo todo esse conhecimento teórico acerca da prece, eu simplesmente não conseguia me sentir conectado com Deus, Jesus, qualquer Santo ou Espírito Protetor. Eu não conseguia sentir, e minhas preces acabavam sendo agradecimentos um tanto quanto vazios. Aos poucos, com o exercício sincero e o estudo sistemático, eu senti isso mudar em mim.

Muito embora hoje em dia eu consiga orar em qualquer lugar do mundo e em qualquer momento da minha vida, eu procuro nunca pedir nada. Procuro apenas agradecer por tudo, ou pedir desculpas por algo que esteja me pesando na consciência.



Isso tudo é muito bonito, mas isso não me impedia (nem me impedirá, muito provavelmente, num futuro próximo) de às vezes desanimar com certas situações, pessoas (inclusive eu mesmo), com o mundo e o Universo. Nunca com Deus. Mas com o momento que Deus proporcionava.

Como eu dizia mais acima, Deus veio trocar uma idéia comigo, e foi do nada. Eu nunca tive a cara de pau de pedir um sinal de Deus, ou uma prova de que Ele me ama. Sinceramente digo à vocês que vejo sinais e provas de Deus em tudo. Desde a partícula subatômica, passando pelos seres vivos, pelos planetas. Vejo Deus no microscópio, e vejo Deus através do telescópio Hubble. Vejo Deus no tudo, e no nada.

Mas hoje recebi tantos sinais, que se não fossem tão sutis e sublimes, soariam (alguns realmente soaram) como verdadeiros tapas na cara. Aliás, tapas na cara da alma.

E graças a Deus (literalmente) tomei esses tapas na cara hoje. E agradeço por ter sabido interpretá-los, pois como disse, foram sutis. Passariam completamente desapercebidos se eu não estivesse num estado de paz relativa, quando ele começaram a aparecer para mim hoje. Eis a importância de estar sempre vigilante à tudo,  sempre.

Os sinais do Capeta & Cia., esses eu tenho certeza que você sempre identifica, e tenho certeza que você inclusive se deixa levar pela influência desses sinais inúmeras vezes. Mas e os sinais de Deus? Você tem sabido interpretá-los? Atenção aos navegantes. São tantos naufragando hoje em dia, pelas madrugadas afora.

E o mais importante: Supondo que você esteja sabendo identificar os sutis e sublimes sinais de Deus na sua vida, o que você tem feito em relação à eles? Simplesmente identifica, e deixa estar? Ou analisa aquele sinal logicamente, racionalmente e filosoficamente? Às vezes um pequeno sinal de Deus, bem identificado, pode mudar a sua existência inteira. Cabe a você ter sensibilidade de identificá-lo. Sabedoria para analisá-lo. Humildade para acatá-lo. E disciplina, responsabilidade e boa-vontade para realizar alguma ação específica em relação àquele sinal. 

Sim, pois se Deus te enviou um sinal, ele quer que você faça algo. Às vezes ele quer que você tome outro rumo na tua vida, caso esteja caminhando em estradas duvidosas. Às vezes ele quer que você simplesmente sorria. Independente do que for, agradeça sempre. E aja sempre. Pois se muitos estão naufragando nesses tempos, nós então não podemos naufragar junto. Devemos sim manter o nosso barco no rumo certo, e resgatar quantos náufragos pudermos, navegando sempre com rumo certo nesses mares de incerteza da vida.

Boa noite à todos, uma boa semana e fiquem com Deus. E se possível, troquem uma idéia também com ele. Numa boa. Deus tem coração mole. E caso você, não fale com ele, cedo ou tarde ele vem falar com você. Esteja atento. Não vá estar distraído e deslumbrado com o Diabo quando ele vier falar contigo. Pois tens o livre-arbítrio, e da mesma forma que Deus tenta se aproximar, você pode estar se afastando dele sem você perceber. Aí depois não vá reclamar que você não conseguiu escutá-lo. É claro que você não irá escutá-lo com o Diabo gritando na sua orelha. Deus tem fala mansa. 



Só irás sequer começar a perceber a voz mansa de Deus, longe de qualquer panelaço do Capeta. E você pode estar no meio da porra do panelaço, às vezes sem nem ter percebido. Pois se Deus tem fala mansa, o Diabo também tem (quando lhe convém). Mas depois ele vai berrar na tua orelha. E batucar. E te zoar. Pra caralho.

E tenho dito! Fui!