Só sei que nada sei, mas ainda insisto em digitar...

domingo, 31 de julho de 2011

Só sei que desabafei.

"E todo esse seu passado não tão nobre assim, que você simplesmente se permitiu viver como parte das experiências tão humanas, serão apenas passado. Então é muito mais cômodo adiar essa mudança, ou fingir que não é com você. Ou tentar justificar isso da maneira que melhor lhe convir."



Costumo escrever de forma polida na maioria das vezes, abordando tudo sempre filosoficamente. Hoje não vai ser assim. Vamos falar sobre o mundo real. O mundo de homens que agem como meninos, e de mulheres que agem como meninas. De meninas que agem como mulheres, e meninos que agem como homens. Eis aí o ser-humano sempre em crise. Patético.

Pede-se decência na sociedade. O companheiro ou companheira que você arrumar pra vida inteira há de ser decente. E você quer essa pessoa decente pra você, e você exige que uma pessoa assim apareça no seu destino. E aparecendo ou não essa pessoa, a verdade é uma só: a decência não basta. Nos teus pensamentos mais sombrios você quer ser tratado ou tratada às vezes com indecência. Talvez exija que seu companheiro decente te trate de forma indecente. Ou talvez queira que outra pessoa além do seu companheiro te trate com indecência, afinal ninguém vai ficar sabendo. Será que não é um direito seu? Afinal, quem vive limpo, às vezes gosta de se sujar. Só pelo prazer de poder se limpar. E talvez depois se sujar denovo. Nojento.

O amor não é o suficiente pra você. Pois nesse planeta habitado por seres humanos ainda tão egoístas, o amor sempre acaba tirando parcelas da sua liberdade. E quem quer ficar preso? Então você faz assim: mesmo que você venha a se "prender" num relacionamento, você precisa respirar. Um flerte aqui. Talvez um abraço ali. Quem sabe uma transa acolá. Mesmo que você não concretize isso no plano físico, você se permite a fantasiar com esse tipo de coisa no banheiro ou jogado na sua cama. E fazendo isso, os homens podem fingir serem exemplares pais de família, enquanto ainda ostentam seus hábitos mais primitivos de caça e conquista sexual, tendo ainda assim o seu título de macho-alfa. E as mulheres podem viver seu sonho de usar véu e grinalda, viver seu sonho numa casa de bonecas com seu marido, talvez alguns filhos, e ainda assim ter seus momentos de uma verdadeira protagonista de um romance do Nelson Rodrigues. Afinal,  todos ainda têm seu lado animal. E tem dias que ele simplesmente berra, não é? Eu apenas rezo para que você saiba discernir o que é realidade, e o que não é. E não é porque você vive uma situação de carne, osso e talvez um pouco de suor, que isso significa que essa situação que de fato aconteceu é real. Tantas vezes vivemos mentiras na nossa carne. Às vezes vivemos mentiras na carne dos outros também. Se pelo menos alguém nos avisasse, não? Triste.

Ou que tal simplesmente fugir do amor? Dizer a si mesmo que ele simplesmente "não é pra você". Foque na sua carreira. Faça seu mestrado. Seja rico ou rica antes dos quarenta. Diga que é independente. E entre noitadas vazias regadas à muita bebida, talvez algumas drogas, você vai vivendo sua vidinha vazia de merda achando que é o máximo. Seu sorriso forçado nas fotos é só mais uma máscara que você resolveu usar, e que faz questão de mostrar pra todo mundo. Parabéns, você se enganou direitinho. Covarde.

Mesmo o amor não sendo o suficiente, você também não quer passar o tempo todo sendo tratado ou tratada como um objeto. Ser apenas usado o tempo todo cansa e deprime, por mais que você também use os outros de certa forma. Então às vezes revolta-se com o estilo de vida que você impôs à si mesmo ou à si mesma. E acha injusto o fato de todo mundo te achar um filho da puta, ou uma vadia. Afinal, por baixo de toda essa podridão ainda bate um coração. Poético.

Você sabe que precisa achar um meio-termo. De verdade. Mas hoje não. Talvez amanhã, talvez mês que vem ou ano que vem. Você decidiu aproveitar esses seus momentos de humanidade ao extremo, pois sabe que quando assumir de vez seus compromissos mais nobres, esse caminho não terá volta. E todo esse seu passado não tão nobre assim, que você simplesmente se permitiu viver como parte das experiências tão humanas, serão apenas passado. Então é muito mais cômodo adiar essa mudança, ou fingir que não é com você. Ou tentar justificar isso da maneira que melhor lhe convir.

Pois assim são algumas de nossas experiências humanas, em especial as que descrevi acima. Patéticas, nojentas, tristes e covardes. Algumas até poéticas, em meio à todo esse caos que todos nós vivemos em dado momento da nossa vida. Ou que ainda iremos viver. Ou se já vivemos, que talvez iremos viver novamente, em maior ou menor intensidade. 

Pessoas como eu descrevi acima são niilistas? Românticas? Me parece mais um niilismo romântico, eu me permitiria dizer. Mas no final, o "niilista romântico" vai ter que escolher um lado, ou outro. Viver em cima do muro é simplesmente anti-natural.

É claro que toda regra tem suas exceções. E se você é uma dessas exceções, me perdoe. Mas caso não seja, te vejo por aí.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Só sei que não sou Diabo.

"A mensagem mais importante é: não deixemos nunca um ideal político se sobrepor à um ideal moral. Pois um verdadeiro ideal político, é moral por si próprio."





Já imaginou estar em uma ilha com seus amigos num final de semana, quando de repente um homem vestido de policial surge e abre fogo contra todas as pessoas à sua volta, inclusive contra você mesmo?

Para quem não sabe, os atentados na Noruega já somam mais de 70 mortos, até o momento dessa postagem. A ilha de Utoeya, da qual ninguém nunca havia ouvido falar, foi o triste palco desse "massacre político". Não contente, bombas foram detonadas no complexo governamental de Oslo.

O único suspeito e único detido, o qual não citarei o nome, explicou que seu objetivo era "castigar a social-democracia por esta importar muçulmanos". Afirmou também, diante do juiz, que "precisava executar os atentados para salvar a Noruega e a Europa ocidental dos muçulmanos e do marxismo cultural".

Fonte: http://noticias.terra.com.br/noticias/0,,OI5260296-EI188,00-Policia+reduz+para+numero+de+mortos+em+atentados+na+Noruega.html

Bom, o que podemos falar sobre isso? Sem julgarmos, é claro?

É algo muito triste e desolador, sabemos que tantas almas jovens tenham perecido pelas mãos deste fanático. E é nisso que vamos focar aqui, no fanatismo político.

Infelizmente, o raciocínio deste desgraçado (e digo desgraçado, pois desgraçou a sua vida, e a de tantos outros) é politicamente ridículo.

Ele afirma claramente temer o muçulmanos. Pois na cabeça de qualquer preconceituoso, todo muçulmano é um terrorista em potencial. Então, esse gênio pensou: "Se meu governo me obriga a conviver com muçulmanos que podem executar ataques terroristas, o que farei? Já sei! Irei fazer um ataque terrorista eu mesmo."

Uma solução patética, que seria engraçada se não fosse trágica. Este homem critica os marxistas, assim como eu também critico muitas posturas marxistas. E se esse homem se sentiu ameaçado pela violência hipotética que o marxismo carrega (tendo em vista a luta de classes), seu raciocínio o mandou agir de forma mais violenta ainda do que qualquer marxista sequer agiu ou agiria em solo norueguês.




Como é triste dividir o planeta com pessoas assim. Como é triste ver as almas se despedindo da Terra de maneira tão fútil e violenta. Eu enlouqueceria se não tivesse fé em Deus.

A mensagem mais importante é: não deixemos nunca um ideal político se sobrepor à um ideal moral. Pois um verdadeiro ideal político, é moral por si próprio. A filosofia nos diz que o homem, antes de ser político, deve ser moral.

Repudiemos sempre a triste sentença maquiavélica de que "os fins justificam os meios". Se Machiavelli desenvolveu sua filosofia política para a Itália feudal da Idade Média, não mais justifiquemos ou propaguemos esse tipo de pensamento.

Lembre-se: um ideal político e moral nunca será plenamente atingido se isso se der através de um meio imoral. O felicidade só é plena quando conquistada através de sorrisos, nunca de lágrimas de desespero. O desespero conduz à vários lugares, e a felicidade não é nem de longe um deles.

Quando ages com violência, semeias dor e inimigos. E que lugar do mundo será feliz, se nesse lugar existir o mínimo foco de dor? Que lugar será feliz, enquanto houverem mágoas e inimigos?

Não procure nunca atingir a sua felicidade, ou de um povo, às custas das lágrimas e da dor dos outros. "Construa sua casa sobre as pedras, e não sobre a areia, pois assim, os ventos e as ondas do mar não a derrubarão", assim disse Jesus.



Medo do inferno não nos dá o direito de criar infernos para os outros. Pois a lógica é simples: se você criou um inferno para uma pessoa sequer, aos olhos dela, Diabo você já é.

E se Diabo você já é, longe de Deus você se encontra. Assim como se encontra longe de qualquer ideal nobre que um dia você sonhou ter.

Por mais que o Diabo (metafórico) exista e seja até, digamos, NECESSÁRIO, dentro de uma lógica para a Justiça Divina, isso não quer dizer que você deva chamar para si essa responsabilidade ou que você deva de alguma forma almejar esse cargo.

"Existem mais mistérios entre o Céu e a Terra do que supõe nossa vã filosofia", já dizia o poeta.

E posso te dizer o seguinte: lugar de Diabo não é na Terra, é no Inferno. E se você durante tanto tempo achou que era Diabo, vai perceber que o Diabo é um só, e que no máximo você foi instrumento dele. E você irá aprender que "instrumento" não quer dizer "amigo". E ele vai colocar você no seu lugar, tão certo como dois e dois são quarto.

Não sei se morrerei aos 27.

"Achamos que conhecemos todo mundo, quando na realidade não conhecemos nem a nós mesmos."



A Amy Winehouse faleceu, e choveram os comentários. Comentários de toda a ordem. E nesse espetáculo gerado pela morte, mais fui espectador que comentarista. Mas vou comentar meia dúzia de coisas agora.

O ser humano não perde a mania de julgar. Julgar o uso de drogas de um, julgar o estilo de vida do outro. Até aí nenhuma novidade. Muitos falam que: "Nossa, mas com esse dinheiro, talento e fama, eu jamais me afundaria dessa forma."

Tudo bem. Agora lhes pergunto o seguinte: "Você tem problemas na vida? Aflições, angústias? Ansiedade?" 

Se tem, ótimo. Isso prova apenas que você ainda é humano. E como todo humano, você deve beber no fim de semana, como qualquer ser humano. Talvez você seja alcoólatra ou viciado em drogas. Pouco importa.

Agora vamos imaginar um mendigo. Um mendigo na rua, encostado num muro de casa qualquer. Esquecido pela sociedade, talvez esquecido até por Deus. Ele sente frio, sede e fome. Não sente saudades, pois no fundo nunca teve ninguém. Talvez ele nem saiba mais seu próprio nome. Ele não vive - apenas sobrevive. Dia após o outro, tal qual um soldado numa batalha sangrenta.

Imaginemos ainda que esse mendigo, nos observasse em nosso dia-a-dia. Nossas atitudes, nossas fraquezas, nossos medos. Tudo. Ele com certeza nos acharia covardes, seres-humanos ridículos (pois afinal somos um pouquinho isso, não?), indignos de terem a sorte e a fortuna material que possuem. Sim, pois cinquenta reais é fortuna para um mendigo. Agasalho, cama e banho quente, comida quente na mesa são sim fortuna para um mendigo.

Ele comentaria com os outros mendigos: "Como pessoas com essa fortuna toda sofrem e vivem dessa maneira? São patéticas, fracas e deploráveis."

É claro que isso é apenas uma forma de ver a coisa toda. Mas uma forma muito interessante. É claro que aos olhos de um mendigo, nossas crises existenciais, nossos rompimentos de relacionamento e problemas sociais de qualquer tipo são simplesmente NADA. E por mais que não passemos fome ou frio, sofremos sim. Sofrer é humano, sofrer é degrau de elevação na escala evolutiva. Bem sofrer, para bem viver.

E sim, claro, temos direito de sofrer e ter nossos probleminhas, mesmo que o mendigo desaprove isso. No fundo, ele não deveria nos julgar. Pois ele não sabe o que se passa dentro de nós. São "níveis" de sofrimento. Conforme o ser humano vai evoluindo, os seus focos de sofrimento evoluem com ele. Se no começo sofríamos mais materialmente, com frio e fome, a finalidade daquele sofrimento era uma, nos primórdios da humanidade. Hoje em dia, para a maioria dos seres-humanos, o foco evolucional do sofrimento é outro, um foco menos material e mais moral, digamos. Tudo são fases, e aos poucos o ser-humano vai se aquilatando em todos os setores do sofrimento e das misérias humanas, ao longo das encarnações.

Mas, se temos o direito de sofrer, soframos. E não julguemos as pessoas que se vão cedo, especialmente talentosos ídolos da música, que se vão, estranhamente, aos 27 anos.

Assim como o mendigo não sabe o que se passa dentro de nossa cabeça e do nosso espírito, nós também não sabemos o que se passa na cabeça de cada um. Seja ele famoso ou não, tenha ele 27 ou 57 anos. Nós apenas ACHAMOS que sabemos o que acontece dentro. Achamos que conhecemos todo mundo, quando na realidade não conhecemos nem a nós mesmos. 

Apenas oremos por essas almas tão perturbadas, que nos brindaram com o mau-exemplo, e querendo ou não, nos ensinaram com suas mortes como não agir em vida.

Não sabemos o que conduziu cada um à essa vida de excessos, à todo esse desequilíbrio físico e espiritual. E se não sabemos, devemos respeitar.

O inferno de nós mesmos é somente frequentado por nós mesmos. Apenas. Cada um com seus infernos. Cada um com sua vida. Cada um com sua morte.

Como dissemos acima, todos têm o direito de sofrer, do jeito que for, pelo motivo que for. O mendigo pode sofrer, nós podemos sofrer e a Amy e tantos outros também tiveram seu direito de sofrer, direito esse intransferível que se estende após a morte também. Espiritualmente, a reabilitação dela começou agora. Aproveitemos que ainda temos o nosso corpo físico para evoluirmos ainda em vida, para não precisarmos recuperar todo esse tempo perdido após a morte. Pois o tempo não volta.

Não sejamos o mendigo da parábola acima. Na parábola, somos a Amy. E o mendigo somos nós mesmos.

"Não julgueis para não ser julgado", disse um tal de Jesus Cristo há mais de 2.000 anos atrás.

Morrer aos 27, no fundo, é opção de cada um.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Só sei que me situei.

"Será que a cidade está sem opções? Ou será que a cidade está sem pessoas que nos dêem opções? Ou pior: será que nós mesmos deixamos de ser uma opção decente de companhia para as pessoas?"



Será que a cidade de Santos deixou de ser uma opção de divertimento legítimo? Ou será que você simplesmente deixou de ser uma opção pra cidade?

Quem me conhece sabe que moro na cidade de Santos, no litoral de São Paulo. Uma cidade aconchegante e maravilhosa, na minha opinião e de muitos outros. Mas algo que escuta-se constantemente por aqui é: "Santos está uma merda".

O "está uma merda", no caso, refere-se à falta de opções para o lazer e para o divertimento das pessoas. Eu não concordo, nem discordo. Vou apenas levantar uma outra opinião.

E se tentássemos anular o fator externo? E se em vez de culparmos a cidade, culpássemos não necessariamente aos outros, mas à nós mesmos? Que tipo de companhia você tem sido para seus amigos, ou colegas? Como as pessoas te enxergam? Aliás, o que as pessoas pensam de você, nos pensamentos delas?

E não venha me dizer que você não se importa com a opinião das pessoas. Afinal, se você ainda não percebeu, você vive em função disso - passar a sua imagem.

São muitas formas com as quais passamos nossa imagem: a nossa postura, o nosso visual, o nosso cheiro, nossos perfis virtuais nas redes sociais e principalmente: as nossas atitudes. Seja quando estamos sóbrios. Seja quando estamos chapados. Quem é você no mundo?

Será que a cidade está sem opções? Ou será que a cidade está sem pessoas que nos dêem opções? Ou pior: será que nós mesmos deixamos de ser uma opção decente de companhia para as pessoas?

Pois o vocábulo "diga-me com quem andas, e te direi quem és" me parece fazer um sentido absurdo. Longe de mim ser preconceituoso, mas isso é apenas lógico. Afinidades se afinam, e sintonias se sintonizam. Isso é uma Lei da Natureza.

O que tu andas sintonizando ultimamente? Quais são as tuas afinidades nos últimos tempos?

Não é regra geral, mas na maioria dos casos, fazer e responder essas perguntas acima à si mesmo podem esclarecer muitas dúvidas e sanar muitos problemas seus. Às vezes acabamos nos prendendo à teias de afinidades que nos prendem magneticamente de tal jeito que simplesmente não conseguimos nos desprender daquela rotina. Assim como também às vezes sintonizamos uma "estação" errada de práticas e pessoas, com as quais, no fundo, não temos sintonia alguma. 

Olhe melhor para dentro de si mesmo, e quem sabe você não saberá olhar melhor para fora. 

Pois, sendo apenas lógico, posso afirmar: enquanto os teus olhos tiverem sujos, e você não os limpar por dentro, você irá sempre enxergar com a vista suja. Esteja você olhando para a cidade ou para a pessoa que for.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Só sei que errei.

"De forma inconsciente (ou não), as pessoas recusam-se a mudar certos tipos de conduta em suas vidas ainda consideradas reprováveis aos olhos de Deus."



Muitas pessoas que desenvolvem um senso de religiosidade (incluam a mim nesse grupo) desenvolvem a submissão consciente à vontade de Deus. Algo que podemos chamar de "submissão e disciplina consciente". E não só a teoria religiosa e/ou filosófica, mas também a prática na chamada "arte de viver" as conduziram por esse caminho resplandecente.

Resplandecente pois todo senso de religiosidade gera esperança. Mas gera ao mesmo tempo disciplina. Pois teus sofrimentos serão aliviados, na medida em que tua disciplina como ser-humano se desenvolva. Um raciocínio que nos conduz à máxima: "Ajuda-te, que o Céu te ajudará." O que para mim soa apenas como lógico e racional.

Mas algo a se observar é que o comodismo e a estagnação pessoalmente reside - e muito - de forma assombrosa nessas pessoas que têm desenvolvidas em si o senso de religiosidade.

De forma inconsciente (ou não), as pessoas recusam-se a mudar certos tipos de conduta em suas vidas ainda consideradas reprováveis aos olhos de Deus. 

Pois se Deus (ou o Universo) de certa forma nos "pune" quando fazemos ou insistimos em um tipo de errôneo de conduta, eu automaticamente associo qualquer insucesso na minha vida àquele erro continuado que ainda persisto.

Por exemplo: se algo dá errado em minha vida, provavelmente é porque ainda continuo roubando, furtando, assassinando, me viciando. Sejá lá o que for.

Então de forma surpreendente até, certas pessoas desenvolvem esse tipo de "auto-defesa". Continuam insistindo nos erros, pois assim, sempre arrumarão para si próprias um pretexto Divino para o insucesso que eventualmente ocorra em suas vidas, em um âmbito qualquer.

Afinal, o fato dela despirem-se dos erros e dos vícios as assusta. "E se eu viver a minha vida de forma decente, no nível máximo em que minha moral humana e ainda falha permitir?" - elas pensariam.

"E se, mesmo vivendo a minha vida decentemente, as desgraças morais continuarem a ocorrer? Em que erros irei justificar tais acontecimentos, sendo que eu não mais estarei cometendo erros? Justificar tudo isso como sendo da vontade de Deus será o suficiente para mim não abandoná-Lo, não perdendo assim, a minha fé Nele?" - elas provavelmente perguntariam à si mesmas.

Eu não vou dizer o que você, ou eu, devamos fazer. Vou apenas dizer que muitos nobres mártires da nossa História foram cruelmente assassinados (sempre com aplausos da massa) sem nunca terem errado. 

Vou apenas lembrar-vos que Paulo de Tarso, após sua conversão na estrada de Damasco, foi decaptado anos depois por um pretoriano qualquer.

E que Jesus, o Cristo de Deus, foi crucificado quando não tinha cometido um erro sequer durante toda sua caminhada aqui no Planeta.

Continuar errando, conscientemente ou não, como pretexto para sofrimentos atuais ou futuros, é opção de cada um.

Boa tarde à todos!

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Só sei que levantei.

"A juventude está órfã de bandeira. Pois quem lhes disse que bandeiras caem do céu?"



"Minha geração não tem bandeiras."

Argumento MUITO utilizado por pessoas jovens, especialmente no nosso país. 

Sim, todos precisamos de bandeiras. Todos precisamos de heróis, de ideais, de uma causa. E as pessoas em dado momento da sua vida começam a sentir falta de tudo isso, quase que instintivamente. O que fazer então?

Bom, a maioria se acomoda. Se desilude. Simplesmente desiste, e repete pelo resto da vida: "Minha geração não tem bandeiras." E já que não tem bandeiras, não tem um ideal de vida que o norteie. E ele desiste. E ele falha. Afinal, ele é órfão de uma bandeira que nunca teve. E os jovens, órfãos das bandeiras que nunca tiveram, lançam-se vencidos no turbilhão do acaso. 

Os velhos, bom, a geração deles com certeza tinha mais bandeiras que a nossa. Mas parece que só bandeiras não foram suficientes. Ou talvez não lutaram sua batalha com a devida coragem, com o devido método. Então esses velhos, órfãos das bandeiras que tiveram, se lançaram há tempos no turbilhão da decepção, da derrota. E infelizmente como é difícil achar um velho que diga à um jovem: "Ainda tenho esperança que tudo mude." O "tudo está perdido" me parece ser senso-comum, tanto entre os velhos, quanto - pasmém - para os próprios jovens.

A juventude está órfã de bandeira. Pois quem lhes disse que bandeiras caem do céu? Talvez, nossa geração, acostumada com essa facilidade virtual toda, onde tudo se resolve num clique, se ache no direito de pensar que poderíamos usar as bandeiras antigas. Bom, me parece mais plausível costurar bandeiras novas. Mesmo que baseadas nos antigos e imortais ideais de perfeição. O ideal pode ser velho, mas a bandeira há de ser nova. Confeccionada com o esmero do nosso auto-aperfeiçoamento, no tecido nobre e sedoso da esperança.

A juventude está cansada. Mas se ela não percebeu, está cansada pelo seu próprio hedonismo. Pela busca desenfreada dos prazeres egoísticos e entorpecedores, com o qual a juventude nos brinda em abundância. Metaforicamente falando, seria como se o cavaleiro cansasse seu próprio cavalo, antes de se dirigir ao campo de batalha. Como se esse cavaleiro gastasse o fio de sua espada nas árvores, cansando assim também seus músculos e sua mente, antes da batalha começar. Aliás, antes do cavaleiro SEQUER saber aonde se situará a batalha, ou com qual finalidade. Antes do cavaleiro SEQUER saber que é um cavaleiro. Se  está cansado, deves assumir o cansaço como fruto de sua própria incompetência.

Mas nunca é tarde para se recompor. Como também nunca é cedo demais para começar. Então, comece. Ou continue. Ou termine. Mas dê o seu passo em direção ao rumo certo. E quanto mais equilibrado, preparado e descansado você estiver, melhor.

Não dependa de bandeiras, não seja órfão de bandeiras. Teça a sua bandeira própria, e levante-a com orgulho, pois a sua bandeira é só sua. E levante-a bem alto, pois assim, atrairá para a sua causa todos aqueles que a fitarem no horizonte.

Quem sabe outras bandeiras não vêm unir-se à sua própria?

Sinceramente não sei. Mas a incerteza não deve ser o seu pretexto para nunca começar. Pois algo que a vida me ensinou até agora é que sem um ideal, toda e qualquer felicidade é, e sempre será, ilusória.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Só sei que desapeguei.

"O desapego é algo tão inexorável nesse Planeta, tão inexorável quanto o próprio apego em si."



Muito fala-se sobre essa palavra: "desapego". Desapegar deveria ser tão natural quanto o fato de se apegar?

Vamos analisar essa questão.

O ser-humano se apega. À coisas materiais, à pessoas. À sonhos, à idéias. Até decepções. A capacidade de se apegar nem sempre anda de mãos dadas com o nosso livre-arbítrio. O "apego" é uma situação fruto do nosso inconsciente, enquanto o "desapego" é um processo completamente consciente. E dói.

Dói pois, amamos. Nós amamos muitos, nós amamos pouco. Nós odiamos. Até em casos de ódio declarado, vemos pessoas apegadas ao ódio, e simplesmente não conseguem desapegar do mesmo.

Como lidar então, de maneira decente, com o tal "desapego"? Bom, pode ser simples na teoria, mas quase humanamente impossível na prática.

Devemos amar, e sem medo de amar. Devemos amar, com a idéia consciente de que cedo ou tarde terá que se desapegar dessa amor. E essa desapego pode ser decorrência de vários fatores: uma ilusão, uma desilusão, uma decepção ou até a morte. O desapego é algo tão inexorável nesse Planeta, tão inexorável quanto o próprio apego em si.

Devemos sim amar, e incondicionalmente. Devemos nos deixar conduzir pelo coração, e amar aquilo tudo que ele nos manda amar. Mas amar de forma responsável e precavida, tendo sempre em mente que nessa vida tudo é passageiro. E lidar com a idéia certa de desapego de forma madura e consciente, e não triste ou mórbida.

Pois o amor não é passageiro, pois o amor não vem do corpo, vem sim, da alma. Ora, o corpo pode morrer, mas a alma não morre nunca. Logicamente, todo o amor que essa alma carregar com ela (seja lá para onde essa alma for) nunca irá morrer.

Pois o amor é vivo, até na morte. É feliz, até nas decepções. É seguro na insegurança. É luz na mais densa escuridão.

Deve-se viver e amar então, sem medo da morte. Pois todo desapego é temporário. E tudo que se atrai, o Universo trata de reunir, cedo ou tarde.

Confie em Deus, no Universo, no Amor e em você próprio. Afinal você faz parte de tudo isso, e tudo isso de certa forma faz parte de você também.

E toda a despedida entre os que se amam nunca é um "adeus", é sempre um "até logo". Por mais incerto que esse "até logo" possa parecer, é nisso que aquele que ama deve confiar. Aquele que ama é sempre o mais corajoso, pois ama sem medo de "adeus" ou de "até logo". E lida conscientemente com seu desapego, por mais que isso destrua dolorosamente o seu orgulho e todos os resquícios doentios de sua personalidade. 

E em vez de se deixar destruir pela tristeza envolvida em uma despedida qualquer, ele aproveita essa dor como uma dor construtiva, como força-motriz, tal qual uma Fênix esperançosa revivida das cinzas da tristeza e da incerteza. Fênix essa, que irá alçar os vôos tão altos, que um dia esse Planeta será apenas para ela um ponto luminoso e distante no Universo. Lugar esse tão abençoado, pois lá que a Fênix aprendeu a ser Fênix.

Bendito seja o nosso sofrimento diário, desde que bem-vivido e bem absorvido por nós mesmos. Pois no Planeta tudo sofre, desde o verme até o homem. Então sofre homem. Sofre mulher. Pois essa é a tua escola.

Respire fundo. Erga a cabeça. E um bom final de semana à todos.