Só sei que nada sei, mas ainda insisto em digitar...

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Só sei que o bonde pegarei.

"Vou procurar começar a viver meus ideais de vez. Tudo bem, posso ter ficado maluco. Ou posso ter me tornado são de vez."

"-Sobe aí, brother. -É nóis, maluco!"


Esses dias eu havia acordado desanimado. Ressaca, todo fodido de corpo e de alma. Sabe? Então. 

O dia transcorria conforme a rotina mandava: após ter acordado, aquele almoço delicioso, mas que devido à toda corrosão que você mesmo causou na madrugada anterior em seu aparelho gastro-intestinal, o almoço simplesmente desce com aquele gosto de pilha alcalina. Aí vi luz em alguém. Ouvi o som do silêncio. Assim, do nada. E o desanimado se animou.

E quando estou animado eu simplesmente amo pensar. Eu não amo nem fazer as coisas, pelo menos não ainda. Eu amo pensar. E planejar. Eu idealizo também, mas isso eu não amo, pois acabo por me fuder muitas vezes. Mas tudo bem, nem tudo são flores.

Sabe, sou perfeccionista. Durante toda a minha vida "pensante" pelo menos eu adotei a seguinte postura: de que sou alguém que só apresenta seu trabalho pronto. Sim, algumas pessoas vão fazendo o seu trabalho. Vão, mostram o andamento do trabalho, todo dia produzem um pouco, meticulosamente, numa rotina que simplesmente me ensandeceria. E eis que, aos poucos, dia a dia, o trabalho delas vai tomando forma e se tornando cada dia mais sólido e belo.

E como eu disse, outras simplesmente sabem exatamente o que têm que fazer, mas pelo motivo que for, simplesmente não o fazem. Às vezes inventam desculpas, mas na maioria delas elas realmente acreditam nessas desculpas. Elas procuram feito loucas a ferramenta que elas julgam perfeitas para a realização de tal trabalho. O tempo que elas investiriam em começar a realizar esse trabalho com as ferramentas que elas já tem elas preferem investir na procura da ferramenta perfeita. 

Essa ferramenta perfeita até existe, mas elas simplesmente não sabem se encontrarão a tal ou as tais ferramentas. E aí, algumas dessas pessoas simplesmente desistem de realizar o seu trabalho. Outras entrarão em depressão. Outras se revoltarão. E outras simplesmente morrerão procurando a tal da ferramenta sem ter realizado, no fundo, porra nenhuma.

Pessoas assim como eu são extremamente idealistas. Visualizamos como ninguém o quão lindo é esse trabalho que devemos realizar, e de tão lindo que é, às vezes até assusta. Nos conhecemos tão bem. Como eu, esse frangalho emocional humano, pode sequer cogitar realizar algo assim? Quem sabe um dia...? Hoje com certeza não! Amanhã também não, provavelmente. O tal da procrastinação.

Mas podemos ser apenas lógicos e imaginar que o "hoje" já foi o "ontem". O "amanhã" será um "hoje" também. E aí? 

Então todo esse papo de "hoje não", "amanhã talvez" tem que acabar de vez. Por hoje e sempre. Pois se não nos julgamos capazes hoje, mas nos julgamos hipoteticamente capazes amanhã, ora, que porra é essa? Isso é simplesmente uma hipocrisia. Se você se julga capaz em essência, mas não em forma, você que SE VIRE em achar, consertar ou inventar logo essa porra dessa forma. E a partir de agora!

Esses dias eu conversava com um anjo lindo sobre o "mundo das idéias" conceituado por Platão. Aquele mundo dos arquétipos, modelos perfeitos, "imagens padrão". As imagens primordiais, perfeitas, eternas e imutáveis.

Ou seja, nós, reles mortais, vivemos no "mundo dos sentidos". Aquele mundo que é apenas compreendido por nós através dos cinco sentidos e de conceitos morais já fincados em nosso "eu", assim como as noções de lógica decorrentes da nossa famosa racionalidade humana, o que nos torna "homo sapiens", a espécie dos fodões na Terra (?).

Filosoficamente falando, nós, os fodões, seríamos aqui na Terra (mundo dos sentidos) receptores do que acontece na verdadeira vida (mundo das idéias). Então, por trás do Tayan aqui, existe a "idéia Tayan". É um Tayan perfeito que existe nesse mundo perfeito, que tenta de certa forma, espiritualmente, inconscientemente inspirar o Tayan do mal aqui no Planeta Terra. Tipo aquele lance de "irmão gêmeo do mal do Universo Paralelo". Só que nesse caso, nós, os de carne e osso, que somos os filhos da puta da história. Que vivemos sabotando o coitado perfeito lá do mundo das idéias que no fundo só quer ajudar a gente. Mas beleza.

O que nos torna filhos da puta por excelência é nosso medo ou preguiça em relação à todo esse intercâmbio para com o mundo das idéias. Pois infelizmente, o único meio que o mundo das idéias consegue se comunicar conosco neste mundo aqui é um só, extremamente sensível, confuso e às vezes completamente esquecido, mistificado ou ignorado por todos e por nós mesmos - a intuição.

Pois, afinal, a intuição vai em desacordo lógico com tudo aquilo que nos torna, em "essência", humanos - a lógica e a racionalidade. Sim, ironizei o conceito de essência humana, por isso as aspas. Pois é tão ridiculamente humano restringir um conceito de humanidade apenas em lógica e racionalidade. Quem disse que o ser humano não pode ser também um animal intuitivo, além de lógicos e racionais? Se os próprios animais têm intuição, e nós de certa forma somos "melhores" que eles pois conseguimos racionalizar, porque nós não poderíamos ser, também, intuitivos como eles? Quem pode o mais, não pode o menos?

Mas não, foi o PRÓPRIO ser humano que falou que o ser humano não deve acreditar nessas bobagens que às vezes ele mesmo sente. "É tudo viagem nossa, coisa da nossa cabeça. Impressão. Mesmo se eu sentir, é apenas por um momento. Vago demais, não consigo dominar esse sentimento, nem explicá-lo direito. Então se eu não o domino, muito menos explicá-lo, eu não devo reconhecer que isso faz parte de mim ou do mundo. Irei voltar às minhas contas." Ora, vá tomar no seu cu!

Eu sinceramente reconheço que é muito difícil lidar com lógica, racionalidade E intuição. Sim, é foda. Pois é extremamente paradoxal. Mas essa é a beleza. Desenvolver tudo isso dentro de nós mesmos me parece um lindo desafio, pois imagine só a faculdade que nós, ou as próximas gerações, poderão dispor dentro delas mesmas!

Vamos ser cientistas de nós mesmos. Cientistas e cobaias. Sem medo de nada, de uma vez por todas.

Não podemos cristalizar meros conceitos e opiniões extremamente humanas e criadas por humanos dentro de nós, seres humanos. Nada é a verdade real dentro da gente, nem dentro de ninguém. Nem no que ninguém fala, ou escreve. Isso tudo é relativo, completamente mutável dentro do tempo e do espaço. E sim, temos o direito de pensar, sentir e nos permitir. Se algo é bom e você tem vontade de fazer ou sentir, faça! Independente do que alguém falou. É direito seu. Talvez você se machuque, mais uma vez. Talvez erre. Mas talvez descubra o que ninguém nunca descobriu. Talvez descubra o que você sempre quis descobrir. Talvez o que você precise descobrir. Eu não sei! São tantas possibilidades, e isso é simplesmente maravilhoso!

Já pensou se fôssemos adultos presos a conceitos infantis? Mas graças à humildade e na vontade doentia em que a criança tem de aprender, ela simplesmente arrisca, tenta e aprende. E tem o maior tesão nisso. Ela vive a vida!

Se lança do muro, se arrasta pelo chão. Não tem medo de micróbio, de porra nenhuma. Claro, em suas aventuras ela aprende. Ela sangra, se rala, se fode toda. Já reparou que criança tá sempre toda fodida? Ela chora uns cinco minutos, e lá estava denovo aquela mini pessoa fazendo coisas piores ainda. Isso é simplesmente lindo. Vivendo ali as mentirinhas dela, ao pouco ela vai aprendendo algumas verdadinhas. Tudo sabiamente dosado por ela. Como era bom, cara.

Conforme essa pessoa vai crescendo, aquela criança, de tanto se foder em todos os sentidos, vai desenvolvendo em si um processo de covardia espiritual. Já não se permite mais arriscar, pois como ela se fodeu umas quatro, cinco vezes em certos departamentos, ela "já sabe e já tem certeza" que não deve mais fazer tal coisa, então ela se fecha nela mesma, e aos poucos fecha a cortina para o mundo. É só observar o número de adolescentes que já são completamente babacas e tudo é o fim do mundo pra eles. Eles já sabem de tudo e de todos, já cansaram e já viram de tudo, e não vêem a hora de morrer.

Experiência é simplesmente acumular-se, e não anular-se. Lembre-se sempre disso. Você pode não ter acertado o meio, mas continue buscando aquele fim que grita no seu coração. Você pode não ter encontrado a forma perfeita, mas se ainda existe aquela essência, deixa ela se manifestar denovo, quem sabe dessa vez você não acerta? Vamos parar de fazer essa cara de gatinho triste, ou essa cara de fodão. Paremos de mentir para nós mesmos, e para o mundo. Vamos ser quem nós somos de verdade. Vamos fazer isso por nós mesmos!

Falemos um pouco sobre isso, certo? E foda-se se você estiver cansado de ler. Saiba que eu me cansei bem mais pensando e escrevendo, então vai tomar no seu cu se estiver reclamando mentalmente comigo. Caso não esteja, me perdoe, é que eu sei que tem gente que vai reclamar ou que já está reclamando. Continuemos.

Sermos quem nós somos (e nós quase SEMPRE sabemos quem somos nós no mundo das idéias) lá no mundo das idéias requer vontade e responsabilidade. Nessa exata ordem.

É cômodo pra caralho chamar de "mundo das idéias". É muito cômodo dramatizar sobre tudo e todos. Dramatizar sobre tudo, todos e nós mesmos. Dramatizando nossa humanidade, acomodamo-nos nela própria. Sim, sou humano. Não nego. Mas sinceramente não sou feliz com isso. Sou apenas feliz pelo fato de poder ser algo melhor. Em essência, minha humanidade não me faz feliz em merda nenhuma. Vivo apenas de momentos de felicidade.

Algo que às vezes penso também é que muitos de nós podem acabar tendo medo. Sim, medo. Medo de viver o mundo das idéias no próprio mundo dos sentidos. Já pensou?

Podemos pensar (conscientemente ou não): "Se eu viver as minhas idéias mais perfeitas, o que eu irei almejar então?"

Não assusta pensar assim? Pensar que podemos DE FATO VIVER AS NOSSAS IDÉIAS MAIS NOBRES? Não digo nem "ideal", pois "ideal" é um conceito muito amplo. "Idéias" são coisas mais específicas mesmo. Por exemplo, pode-se ter um ideal de caridade, como erradicar a fome. E a partir desse ideal você desenvolve uma idéia específica, como por exemplo, alistar-se naquele "Médico sem Fronteiras". Ou por exemplo posso ostentar um ideal romântico, mas na idéia eu aceito então amar e respeitar alguém que mereça da forma devida, casando e formando uma família. É o famoso papo de "plasmar idéias". Transferir tudo o que temos de melhor na mente, e torná-lo real aqui na nossa vida de carne e osso. A vida leve, na vida pesada. Meu Deus, pensar nisso? Isso me assusta e desespera ao mesmo tempo! 

Aí chegamos, e vivemos nossos ideais em plenitude. E até sei que sou capaz disso e isso é plenamente possível. Certo, esgotei minhas idéias nobres. Aliás, VIVO minhas idéias nobres hoje em dia. Ok. E agora? Eis que surge um branco. Branco tão branco que cega, e assusta. Aliás, sei lá, apenas imagino o que seja. Pois meu mundo das idéias existe todo lá, eu nem sequer comecei a tentar e vivê-lo, quiçá esgotá-lo. Mas sou tão ridículo, patético e covarde nesse sentido que meu medo é apenas de COGITAR que isso um dia aconteça.

É um horizonte que eu sei que vai se expandir à minha frente, de uma forma que meu cérebro nem pode conceber, eu acho. Como serão nossos novos ideais quando os velhos (ou seja, os nossos atuais) ideais tiverem sido preenchidos através da plena vivência dos mesmos, degustados e vividos em nossa própria vida, experiência pessoal?

Sinceramente não sei e não faço a mínima idéia de como isso seja. Como falei, a mera COGITAÇÃO me assusta em relação à isso. 

Percebi então que tenho ainda minha mente bloqueada pelas minhas próprias idéias, mas as idéias ruins. Bloqueada por conceitos de lógica e racionalidade que quase sempre elejo como os mais corretos, mais humanos. Os vícios de toda ordem que acumulei nessa existência e nas outras quase sempre soterram tudo o que pode (e deve) eclodir de bom em mim, essas virtudes que tanto almejo viver. O "Tayan mau" não deixa o "Tayan bom" vir à tona.

Mas sinceramente percebi também que já ando cansado de tudo isso, e gostaria de compartilhar com vocês que a partir de agora eu vou aplicar a força que ainda me resta será usada para fazer tudo isso que eu disse acima que ainda não fiz. E acho que vocês também deveriam fazer o mesmo.

Mudança! Não radical, à princípio. Mas mudança.

Vou procurar começar a viver meus ideais de vez. Tudo bem, posso ter ficado maluco. Ou posso ter me tornado são de vez.

O caminho que eu estava (estou) já me parece esgotado, pelas experiências mil que eu mesmo quis e me predispus a viver. Sim, não me arrependo de absolutamente nada, afinal eu sou o resultado da soma de todas as minhas próprias experiências nessa existência. Mas me parece, de uma forma muito forte, que ficar nesse caminho será estagnar de vez, pelo menos nessa vida.

Estou cansado. Exausto!

Vou pegar o bonde da mudança. Tenho a sensação de que se eu não pegar esse bonde agora, talvez eu não pegue mais bonde nenhum nessa vida. Algo me diz que esse é o último que vai passar pra mim. Agora é a hora!

Sabe, vou arriscar e ver o que esse tal de caminho virtuoso e responsável tem a me oferecer. Porra, o "mundo das idéias" é tão lindo e feliz. Pra que continuar adiando isso? Me sinto ridículo nessa altura do campeonato. Ridículo, e nervoso, com frio na barriga! Ousado e otimista também. Afinal, é uma jornada e tanto não?

Eu já quis. Eu quero. Agora, que seja também o que Deus quiser.

Ei, escute. O barulho. Olha lá, é o bonde! Tchau, estou indo.

Alguém quer ir comigo?

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Só sei que não cumprimentei.

"Nesse ínterim, nossos olhares às vezes se cruzavam, às vezes por longos e intermináveis segundos. Os olhares se cruzavam quase que se desculpando pelo fato do mundo ser mundo."



Hello, stranger!

Esses dias eu bolava a aula de Processo Civil na faculdade em um dos seus pátios, em um dos seu bancos. Sentado, em uma manhã fria, em um dos bancos da vida. Eram 7h30 da manhã mais ou menos, chovia fino e ventava gelado. Eu refletia sobre a vida e a morte lendo algumas crônicas espíritas, quando uma moça se aproximou.

Não era linda. Era bonita. Nem gorda, nem magra. Mancava. Aquilo me intrigou. Seria deficiente? Estaria machucada? Torceu o tornozelo na infância e nunca mais se recuperou? Ou o torceu durante sua jornada à pé, à caminho da faculdade? Ela sentou-se. Fiquei muito curioso!

Nossos olhares se cruzaram. Senti vontade de cumprimentá-la. Não cumprimentá-la como homem, mas como pessoa. Dar um "oi". Afinal, quem é aquela pessoa? Qual é a sua história? Afinal todo mundo tem uma. Mas...não o fiz.

Não é timidez. De verdade (quem me conhece sabe)! E enquanto eu lia o livro, eu simplesmente sentia que ela me observava, e às vezes, de rabo de olho, eu a observava também. Nesse ínterim, nossos olhares às vezes se cruzavam, às vezes por longos e intermináveis segundos. Os olhares se cruzavam quase que se desculpando pelo fato do mundo ser mundo.

Havia uma tensão ali, de fato. Mas não era uma tensão sexual. Se fosse uma tensão meramente sexual, talvez o meu lado macho-alfa tivesse eclodido e eu tivesse começado a dar descaradamente em cima dela, mas não! Era algo diferente, uma tensão apenas humana. Comecei então a refletir, e a reparar em tudo naquela situação que tanto me incomodava.

Reparei que naquela gélida manhã, eu havia sentado na ponta de um último banco (em uma fileira de muitos) e estrategicamente havia posicionado meu guarda-chuva e meu caderno na ponta, do outro lado do banco. Precisão militar. Lá estava eu, no meu "forte", dentro da minha barreira, da fortaleza que eu mesmo havia criado. Era como se eu tivesse ali colocado um aviso que dissesse "Qualquer um que ousar se aproximar deste ser-humano que aqui se encontra, neste banco, será VIOLENTAMENTE IGNORADO"! E lá eu me encontrava em meu castelo de papel e guarda-chuva, observando tudo e todos, como se fosse uma espécie de sentinela carrancudo e ou de um déspota sanguinário. Que vergonha! Que feio!

Até pensei em abrir a minha fortaleza e me dirigir humildemente até à ela, mas o meu orgulho e covardia-social me impediram. Fiquei a matutar: "Se essa pessoa pensar como eu, com certeza muito gostoso será o nosso diálogo. Mas e se não pensar? Afinal, todo mundo anda assustado com todo mundo hoje em dia. Assustado, cabreiro. E se essa pessoa estiver em um momento introspectivo e simplesmente QUEIRA estar sozinha? Ela pode estar me olhando não porque ela quer conversar, apenas porque eu olhei pra ela primeiro. Estaria eu sendo inconveniente? Prefiro não arriscar." E não arrisquei mesmo.

E não adianta nem eu reclamar, pois eu mesmo, inconscientemente, faço isso. Cercado e protegido pelos sinais e pelas barreiras que eu mesmo havia projetado e construído em um nível inconsciente.

Forrest Gump era mesmo corajoso em toda sua pureza! Ou talvez o puro não seja corajoso, pois não há o que enfrentar. Pois o puro, simplesmente, é.

Sabe, eu gostaria de viver em um mundo onde as pessoas possam se cumprimentar livremente, sem malícia e sem julgamentos pelo simples fato de cumprimentar ou ser cumprimentado.

Nem digo que eu espero viver em um mundo assim, pois devido ao atual contexto social, acho bem difícil que isso aconteça antes que eu vá dessa para a melhor (pior?). Mas pelo menos estudar, trabalhar e me dedicar para que tanto eu quanto vocês (ou nossos filhos e os filhos deles) possamos viver em um mundo onde daremos "oi" para os estranhos que se aproximam nos momentos de aleatoriedade (ou não) da vida.

Então um estranho não será mais um estranho. Será um amigo. Ou um inimigo. Mas um estranho? Nunca mais!

Bye, stranger!

*Crônica escrita no pátio da Universidade Santa Cecília em Santos/SP, no próprio caderno mencionado no texto, enquanto a cena descrita acontecia

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Só sei que não estagnei.

"Podemos, sim, passar uma mensagem de amor e caridade de uma forma mais rígida, às vezes até mais áspera. Assim como podemos passar uma mensagem de ódio e horror da forma mais sutil que a linguagem e os trejeitos humanos nos permitam."





Hoje quando acordei, lembrei de um sonho. E o sonho envolvia um bate-papo com o Rafinha Bastos em um prédio de Santos. Depois me vi em São Paulo com um colega (que na verdade era a mistura de dois colegas) e o metrô só estava disponível para que tivesse o "cartão ou passe internacional". Como eu só tinha 50 reais no bolso, pedi para me alojar na casa dele enquanto resolvesse o que faria da vida, pois não dava pra pegar um táxi até Santos. Chegamos na casa dele, e me dei conta que estava apenas de cuecas. Resolvi então tomar uma garrafa de água, que era daquelas Cristal, bem normal. Mas fui enganado - dentro havia água com gás. Eis que escuto e sinto alguém se aproximar: era a irmã do meu colega, que por sinal era uma delícia. Da minha altura, esguia, pernas longas e torneadas, cabelos negros. Rosto e expressão de anjo. Detalhe - ela estava de lingerie. O que me fez ficar um pouco mais à vontade pelo fato de estar de cueca na casa de um amigo que não existe em São Paulo. Ela começou a  me contar sobre o dia dela toda empolgada, e quando pensei em, quem sabe?!, arriscar algo com ela, eu despertei.

Mas aí eu lembrei que no bate-papo com o Rafinha Bastos eu comentava sobre meu blog, e comentava inclusive que o próximo tema seria esse que irei escrever à vocês agora (?).

Bom, seguindo a recomendação do meu sonho, vamos lá. Fazer o certo. Custe o que custar. Chega de fazer o errado.

Tudo bem. Mas muitos irão me (se) perguntar: "O que é certo e o que é errado?" 

Filosoficamente, eu poderia citar os Dez Mandamentos de Moisés. Os 3 Mandamentos que norteiam o Direito Romano. Poderia citar o Evangelho de Jesus. Poderia citar os filósofos de todas as gerações. Mas isso tudo parece estar meio distante de nós, não é? Para mim sinceramente não parece, mas percebo que a maioria das pessoas ainda se sente (ou resolve se distanciar) desse tipo de assunto. 

Também não irei citar a legislação atual. Vou trabalhar com uma máxima apenas: "NÃO EXISTE CERTO E ERRADO. O QUE EXISTEM SÃO APENAS AS CONSEQUÊNCIAS DOS NOSSOS ATOS."

Perfeito. Assim lidamos mais com a ordem prática, do que com a ordem teórica.

Às vezes fazemos o certo e nos decepcionamos, ou somos decepcionados. Nesse planeta, quase todas as vezes, aliás. É um clichê ambulante que parece assombra os (ou aqueles que querem ser) homens e mulheres de bem. São tantas decepções, tantas desilusões nos inúmeros setores da vida humana, que alguns simplesmente desistem. A grande maioria apenas cansa e acaba por ficar estagnada moralmente.

Se usarmos a frase como norte, é muito fácil saber o que é certo, e o que é errado. Se nossos atos causam consequências, devemos analisar as consequências dos atos, ANTES de praticá-los. E por mais que a maioria das pessoas não tenha o dom de prever o futuro, não nos impede de fazer um exame lógico e racional daquilo que eventualmente poderá acontecer com a prática de um ato""X". 

Se a consequência desse ato puder ser, mesmo que minimamente, RUIM (tanto para você como para terceiros), pare por aí. Não o faça. 

Se a consequência desse ato não acarretar consequências hipoteticamente RUINS, vá na fé. 

Concluímos então que agir certo é agir no plano das ações que, hipoteticamente, não farão mal nem à nós e nem à terceiros, no nível que for. Logicamente, agir errado é agir no plano de ações que hipoteticamente podem causar, no mínimo, um leve mal-estar em você ou em mais pessoas.

Mas antes fosse tão fácil, não? Lidamos com pessoas de todos os tipos. Todas as classes sociais. O nosso senso de proteção básico nos diz que não podemos lidar com o bandido da mesma forma que lidamos com o cavalheiro. Com a prostituta da mesma forma que lidamos com a princesa. Com o débil-mental ou psicopata da mesma forma que lidamos com o erudito.

É claro que não, afinal não lidamos com crianças na mesma medida em que lidamos com adultos. Sim, ninguém é trouxa. Pelo menos a maioria.

Mas vale avisar uma coisa que na minha opinião é bem importante: FORMA não é ESSÊNCIA. Entende essa pequena diferença, amigo(a)?

Existem várias FORMAS de se agir com uma mesma ESSÊNCIA. Da mesma maneira em que eu posso ditar uma frase em trocentas línguas diferentes, no fundo a frase não é a mesma? A idéia que passo, independente do idioma, não é a mesma? Pois então. O raciocínio é o mesmo.

Tanto no plano da fonética, quanto no plano moral, podemos nos expressar sobre UM MESMO TEMA de FORMAS VARIADAS.

Podemos, sim, passar uma mensagem de amor e caridade de uma forma mais rígida, às vezes até mais áspera. Assim como podemos passar uma mensagem de ódio e horror da forma mais sutil que a linguagem e os trejeitos humanos nos permitam.

Usando um exemplo mais drástico, podemos até matar alguém. Seja por vingança, seja por legítima defesa. É um exemplo claro para a frase "NÃO EXISTE CERTO E ERRADO. O QUE EXISTEM SÃO APENAS AS CONSEQUÊNCIAS DOS NOSSOS ATOS."

No caso da legítima defesa, por exemplo, não é ERRADO matar. Às vezes, matar pode ser o CERTO a se fazer. Essa reflexão é profunda, até perturbadora, mas não menos verdadeira, pelo menos na minha humilde concepção.

O que nos leva a concluir que, de fato, não existe certo ou errado. EXISTEM APENAS ATITUDES PLAUSÍVEIS DE SEREM TOMADAS OU NÃO, DENTRO DE UM CONTEXTO ESPECÍFICO.

E para isso, pessoal, devemos conhecer o ser-humano. No geral, mas devemos também procurar NOS conhecer e conhecermos aqueles com quem convivemos diariamente. E se conhecemos alguém novo, procurar também conhecer essa pessoa, a sua história.

Todos temos uma história. Nossos dramas, nossos erros, nossas fantasias mais doentias e monstruosas. E quanto mais nos abrirmos, consequentemente os outros também se abrirão à você. E quando somos todos sinceros uns com os outros, nós SEMPRE saberemos tomar uma atitude. Não tomar a atitude certa, evitando a errada. Apenas tomando a atitude plausível, que será coroada de sorrisos e alegria. Quem sabe até meia-dúzia de beijinhos?



PS.: Resolvi fazer um adendo aqui que julguei importante. Muitas pessoas têm medo de fazer o certo, baseados em atitudes que outras pessoas poderão tomar em relação à atitude que ela tomou. Por exemplo: o romântico tem medo de ser romanticamente sincero com medo de ser taxado como ridículo. Uma pessoa respeitadora talvez não aja de forma sempre respeitadora pois "o mundo é dos ousados". 

Eu só acho assim: nem tanto ao céu, nem tanto ao inferno. Mas EU acho assim. Siga com suas atitudes de acordo com o SEU "EU". Se sua essência, se sua vivência e experiência lhe manda ser um romântico inveterado, o seja! Se ela lhe mandar ser o mais garboso dos cafajestes, o seja também! O importante é VOCÊ SER O QUE VOCÊ É. 

Por mais ridículo que você seja em essência, lembre-se: Você será sempre menos ridículo sendo autêntico, do que representando um personagem qualquer. Pois um personagem sempre é obra da nossa ficção, ou da ficção de alguém. 

Viverás, então, uma obra de ficção ou a vida como ela é?

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Só sei que crescerei.

"Vamos construir para as nossas crianças, e para as futuras, um mundo onde a fantasia não seja tão fantasiosa assim. Ou mundo tão perfeito, onde a palavra "fantasia" perca seu sentido. Pois em um mundo feliz, a fantasia é a própria realidade. A felicidade não será mais um objetivo a ser conquistado, mas sim, mantido."



Ser criança era gritar "Eu tenho a força!" com a espada do He-Man em Serra Negra, ou correr e nadar ainda com medo da espuma do mar nas praias de Paúba. Era montar quartéis generais com meu irmão debaixo da mesa de jantar, para o desespero da Dona Suely. Brincar de Velociraptor com os primos. Desenhar no papel os monstros que você julgava ver nos seus piores pesadelos. Também escrever estórias que você sonhava viver. Mas sendo herói ou sendo bandido, criança é sempre criança.

Ser adulto foi gritar alto um juramento perante a Pátria, ostentando a espada de Oficial do Exército Brasileiro. É sentir saudades do sol e do ventinho de Serra Negra, e do calor de Paúba. É ter se despedido dos quartéis com o sentimento de missão cumprida nos tempos de paz, mas sempre à disposição nos tempos de guerra. É não mais correr dos dinossauros que imaginávamos, mas sim correr atrás do sonhos que, mesmo adultos, ainda insistimos em ter. Não mais desenhar monstros sanguinários no papel, afinal, já nos bastam os monstros inimagináveis que você vê de verdade nos noticiários. Não mais escrever tantas estórias. Não mais escrever sobre tanta fantasia, mas sobre a realidade nua e crua, que não deixa de ser, às vezes, ainda tão fantasiosa.

Pois, quem sabe? Talvez vivendo essa nossa vida tão real, não possamos, um dia, desfrutar de um mundo de fantasias tão maravilhoso que sequer nossa imaginação de criança poderia conceber?

Um mundo de fantasias reais, onde o bem é a realidade, e o mal uma vaga lembrança de tempos trevosos. Trabalhemos em prol disso, no ramo que for. Seja como artista, seja como pedreiro. O que vale é a intenção.

Vamos construir para as nossas crianças, e para as futuras, um mundo onde a fantasia não seja tão fantasiosa assim. Ou mundo tão perfeito, onde a palavra "fantasia" perca seu sentido. Pois em um mundo feliz, a fantasia é a própria realidade. A felicidade não será mais um objetivo a ser conquistado, mas sim, mantido.

Mãos à obra. Em nome de todas as crianças que estão, e que ainda virão à este mundo. 

O trabalho cabe à nós, adultos. Afinal, não somos mais crianças. Mantendo a pureza delas em nosso olhar sempre, mas mantendo também a responsabilidade à serviço da razão.

Pois aos olhos de nossas mães terrenas, e aos olhos de Nossa Padroeira, seremos sempre crianças. Crianças felizes. E às vezes também muito mimadas.

Bom final de feriado à todos.

domingo, 2 de outubro de 2011

Só sei que não vetei.

"Mulheres mal-amadas, entendam bem uma coisa: Vetar uma propaganda não vai mudar absolutamente  nada. Porra nenhuma. A única forma de mudarem a estrutura de tudo seria apenas vetando pensamentos ou impulsos biológicos."





"Amor, eu preciso te falar uma coisa. Eu bati seu carro. De novo."

É uma das frases ditas pela modelo Gisele Bundchen que ensina, em comercial de lingerie, como contar uma notícia ao marido. A peça vai ser analisada pelo conselho de regulamentação publicitária. Para quem não está sabendo, leia a notícia no link abaixo:


Eu particularmente achei a propaganda muito interessante, de bom gosto, inteligente e divertida.

E claro, achei (e acho) a Gisele muito linda e muito charmosa. Para não falar "muito gostosa". Com todo o respeito.



Te soa absurdo ter gente querendo proibir, censurar, esta propaganda? Caso sim, você é completamente normal. Caso não, você faz parte da patrulha moral ou provavelmente tem enraizado em você os ideais feministas.

Patrulha moral nada mais é que esse pessoal 100% correto, que é contra tudo que é ilegal, imoral e que engorda. Aquele pessoal que não fuma, não bebe e não trepa. Etc.

Eu ouvi e li basicamente a semana inteira que esse tipo de publicidade em específico degrine a imagem da mulher perante a sociedade. Normalmente é opinião de mulher mal-amada. Ou feia. Ou gorda. Ou magra demais. Mulher é sempre mal-resolvida quando se enquadra num desses padrões que mencionei agora. Ou em todos. O feminismo foi sim um movimento maravilhoso, no que tange à igualdade de direitos. Mas o feminismo desandou (como a maioria das obras humanas) quando começou a dizer por aí que os homens são desnecessários ao bom andamento da sociedade, e que inclusive TODOS os males da sociedade foram, são e serão causados por nós homens. E o mais estranho (pra não dizer engraçado) é que a maioria das mulheres ficou tão bitolada quanto à "igualdade" que fizeram e fazem questão de fazerem tudo igualzinho a nós: todas as merdas que nós fazemos, inclusive. Acabaram, por tabela, se igualando também no que temos de pior. Algumas trocaram diamante por merda. Aliás, vão se foder vocês, feministas extremistas. Mas isso é outra história.

Bom, se você acha que isso degrine tua imagem como mulher, vou argumentar o seguinte contigo: Mulheres mal-amadas, entendam bem uma coisa: Vetar uma propaganda não vai mudar absolutamente  nada. Porra nenhuma. A única forma de mudarem a estrutura de tudo seria apenas vetando pensamentos ou impulsos biológicos.



Estejam vocês, mulheres, vestidas de lingerie ou vestidas de astronauta (ou até usando aquelas roupas especiais de defesa química e biológica, que vemos muito nos filmes de zumbi), uma coisa será certa: vocês serão vistas como objetos sexuais da nossa parte, PELO MENOS em um primeiro momento. Nem que esse primeiro momento dure um milionésimo de segundo. E nem adianta culpar a gente por isso, pois isso é, de fato, um instinto nosso, um impulso meramente biológico.

Na vida de um homem, só existem três classes de mulheres que estão imunes à este nosso "defeito de impulso" - as mães, as irmãs, as avós e as primas de primeiro grau. Se bem que as primas, você necessariamente precisa ter crescido junto com elas ou as tenha visto crescer,  para que aconteça o bloqueio de fato. Do contrário...

E não tem nada a ver com desrespeito. Impulso biológico não pode ser tratado como desrespeito, afinal, o respeito é baseado em um conceito moral. E se eu vou contra a tua moral de mulher, eu ataco isso com o meu próprio conceito racional de moralidade (ou seria imoralidade?), de forma planejada. Eu arquiteto críticas e tomo atitudes, ferindo, aí sim, a tua moral de mulher, te desrespeitando. O que não tem absolutamente nada a ver com o que eu disse acima. Desrespeito é outro tema.

Mas é muito importante esclarecer às mulheres o seguinte: Não se confunde "impulso biológico" com "atitude". Uma coisa é, como eu disse, "ter um impulso de desejo sexual nem que dure um milionésimo de segundo". Outra coisa é agir como aquele bom filho da puta que vai, trai a mulher e ainda tem a cara de pau de alegar que "eu sou homem, é minha natureza", "carne é fraca", "macho alfa" e blablabla. Pau no cu dele.

Afinal, como eu já disse, só a racionalidade se sobrepõe à testosterona. Por isso, aviso às mulheres: não tolerem NUNCA esse tipo de desculpa de merda que alguns homens ainda insistem em dar, infelizmente. E algumas mulheres tão infelizes quanto os próprios infelizes que se dispõem à esse papelzinho acabam acreditando e aceitando.

Um homem de verdade comanda seus impulsos, e não o contrário. Ou seja, não somos seres descontrolados como a maioria das mulheres acham. Muito pelo contrário. Um homem pode e deve, se quiser, controlar seus piores impulsos. E é sempre mais fácil caso ele tenha um ideal: seja um ideal simples de seletividade e afinidade, seja um ideal de amor. Só não se controla aquele homem que simplesmente não quer se controlar. Agir como um animal é opção dele. A cabeça pensa, os hormônios agem, mas é sempre o corpo que decide ou não tomar a atitude. Mas isso também é outro assunto.

É bem sabido que sim, muitas coisas na sociedade de fato degrinem a imagem da mulher, tornando-a um esteriótipo apenas fundado e baseado em conceitos sexistas. Um esteriótipo negativo e triste. O funk carioca é um grande exemplo e grande divulgador disso. Eu particularmente acho engraçado. É rir pra não chorar, pois é de um extremo mau gosto. Nojento mesmo. Sem mencionar que várias mulheres, de fato, aceitam e se submetem à isso. Bem sei que as que se dão ao respeito de verdade pouco se abalam com isso, muito embora sintam repugnância em relação à isso. Mas a vida dela não vai mudar por causa disso, pois ela tem o pé no chão e sabe quem ela é de verdade. E em decorrência disso sua família, seu companheiro, seu círculo de amizades é seleto e esse tipo de coisa apenas ecoa de longe. Ela nem perde tempo discutindo ou filosofando por isso. É mais um assunto ridículo, num mundo ridículo com pessoas não menos ridículas. E o foco dela será em viver a vida dela e ponto final. Sem maiores alardes.

A propaganda da Gisele gira apenas em torno da sedução que a mulher exerce sobre o homem, de forma realista e muito bem humorada. Além de ser de um extremo bom gosto. E é realista sim: mulher quando quer e sabe seduzir, consegue tudo o que quer. E mais um pouco. Dizer que isso é mentira é hipocrisia.



É claro que a mulher usar uma bela lingerie não é a ÚNICA forma de se conquistar um homem. Mas é uma bela maneira. Assim como outras maneiras também são belas. Nem todos os momentos da vida se resumem à lingerie, à libido, à energia sexual. Mas alguns sim. E a propaganda é de lingerie, caralho. Então pronto! E na boa, se você discordar disso você é simplesmente retardado. Ou é frígida, ou eunuco.

É louvável que a sociedade tenha alcançado ao longo de milênios a igualdade de direitos entre homens e mulheres, mas não vamos confundir igualdade de direitos com igualdade de papéis. Não é à toa que a mulher engravida, isso não é uma aleatoriedade da Natureza ou do Universo. Ela engravida pois é mais sensível, ela é "programada" para isso, fisicamente, psicologicamente e biologicamente. Salvo raríssimas exceções. Por isso mãe é mãe. Pai e pai. Por isso homem abraça e protege a mulher. Por isso homem gosta de proteger, e mulher de se sentir protegida. Por isso mulher é mais dócil e meiga. Por isso homem fala grosso e é meio bruto e desengonçado às vezes, por mais culto e refinado que este homem possa ser. Pois a Natureza nos fez assim. Do contrário Deus (ou o Universo, seja lá no que você acredita) não teria criado estruturas biológicas tão diferentes, por assim dizer. E se é diferente, seja diferente, pois essa diferença é simplesmente natural, e traz equilíbrio à toda a existência.

Concluímos então através da lógica que a mulher é um ser melhor que o homem, mais aperfeiçoado por assim dizer. Pois além de ter a mesma capacidade intelectual e moral, as mulheres acabam tendo esta grande arma que é a manipulação através da sedução. Nós temos a força bruta. Oh, grande merda! Quem precisa de força bruta nos dias de hoje?  (Se você é mulher e deseja se defender, desnecessária é a força bruta. Compre um taser, uma faca ou uma pistola.)

Essa arma tão sublime, a sedução, nós, homens, não possuímos. Não há homem no planeta que resista à isso. Nós simplesmente derretemos por vocês. E derretemos felizes, ainda.



Na minha opinião, o que degrine uma mulher não é um homem que a enxerga como algo belo a ser admirado ou conquistado, nem que por uma noite (sério, vocês deveriam ficar honradas com isso). O que degrine MESMO a imagem de uma mulher são homens que vivem em sociedades mentalmente e moralmente atrasadas.

Tivemos um exemplo recente: uma mulher saudita, de nome Shaima, seria flagelada com chibatadas pois dirigiu um carro lá em seu país. O rei voltou atrás e resolveu voltar atrás da sentença. O que mais chamou a atenção não é nem o caso em si, mas sim uma tuitada da princesa saudita Amira Al Tawil, que disse assim:

"A flagelação de Shaima foi cancelada, graças a nosso amado rei. Tenho certeza de que todas as sauditas ficarão felizes. Sei que eu estou."

Caralho, princesa."Amado rei"? Essas mulheres sim têm motivos reais para criticarem as coisas por lá, e é muito triste ver como ainda são submissos e cegos os pensamentos delas.



Vocês, mulheres brasileiras, seres pensantes e tão adoráveis, por favor, parem de hipocrisia. Parem de invejinha. Parem com essa porra dessa baboseira feminista. A igualdade de direitos já um fato. Sim, a maioria dos homens não são nenhum exemplo. Mas a maioria das mulheres também não é. Afinal, o ser-humano não é exemplo de porra nenhuma, em geral. Pouquíssimos foram os que deram o exemplo. Então em vez de ficarem latindo esse tipo de feminice por aí, foquem em dar o exemplo. Em como ser uma mulher de verdade. Como no vocábulo romano: "Não basta a mulher de César seja honesta. Ela deve parecer honesta."

O resto é pouca merda.

E caprichem na lingerie. Seja para seus maridos, namorados, namoradas ou para qualquer um que você eventualmente conheça numa noite. Aquele que você acha tão diferente, sorri pra ele na cama, chora depois que deu, e fala mal dele depois pelo simples fato dele ter te comido, quando você própria abriu as pernas para ele.

Conselho de amigo: Seja menos idiota. Automaticamente você será menos fofoqueira. Odiar os homens às vezes é reflexo do fato de você se odiar como mulher. Seja então mais mulher, na verdadeira acepção da palavra, e quando tu aprender a ser mulher não irá mais se odiar. E não odiará mais os homens. Irá inclusive aprender a amar os nossos defeitinhos tão ridículos, assim como os homens de verdade aprenderam a amar os de vocês também.

Boa semana à todos.

Crossroads II.

"A irresponsabilidade é sempre opcional, decorrência do livre-arbítrio de cada um, que é sempre decorrente imaturidade  ou ignorância espiritual. Ou dos dois."


Bora, negão!



Já escrevi sobre encruzilhadas. Escrevi algo sobre tomar o caminho mais penoso, pois à título de virtudes, é sempre o mais recompensador. Normalmente os caminhos muito fáceis e prazerosos não conduzem à lugar algum, pois circulam apenas em relação aos nossos próprios prazeres. Ou seja: cansa-se o corpo na satisfação dos prazeres do próprio, pois o corpo e os impulsos da personalidade são credores exigentes e implacáveis. Tendo em vista tal cansaço do corpo, cansamos também a nossa alma.

Termos a nossa alma aprisionada transitoriamente em nosso corpo físico. Logo, o corpo que é nosso instrumento de trabalho neste planeta, é também uma prisão. Se a prisão está suja, o prisioneiro irá adoecer, talvez até enlouquecer ou entrar em um processo depressivo.

Usando essa analogia, podemos entender perfeitamente o que acontece com a nossa alma. A prisão suja é o nosso corpo. Sujo metaforicamente, e literalmente. E o prisioneiro que aos poucos adoece, enlouquece e se deprime na tal prisão fétida é a nossa alma.

Por isso tanta gente triste à nossa volta. E sabemos que os sorrisos de plástico que vemos naquelas fotos que parecem ter sido ensaiadas são apenas sorrisos de plástico. Um sorriso de plástico é o reflexo de uma alma angustiada, sufocada dentro sua pseudo-felicidade. Alma angustiada, porém ainda muito orgulhosa e irresponsável, pois insiste em sorrir forçosamente, talvez para tentar enganar ao mundo e à si mesma.

A questão é: Quando nos deparamos com as encruzilhadas da vida, não mais sorrimos. Na hora o nosso semblante se fecha. Pois até um irresponsável tem o mínimo senso de responsabilidade. O fato dele não agir com responsabilidade não quer dizer que ele não saiba o que é certo e o que é errado. A irresponsabilidade é sempre opcional, decorrência do livre-arbítrio de cada um, que é sempre decorrente imaturidade  ou ignorância espiritual. Ou dos dois.

Então escolhemos um caminho da encruzilhada. E aí começa um "show de humanidade" da nossa parte. É um processo interessantíssimo de ser analisado. E um pouco ridículo também.

O sujeito escolhe o caminho fácil. Dos prazeres. Vive como um verdadeiro Calígula dos tempos modernos. Come, bebe, fuma, cheira, briga, trepa, goza. "Livin´ la vida loca". Nada pode mais legal que a vida que ele leva. Nada pode ser mais legal que ele. Ele sabe disso. Elas sabem disso. Todo mundo sabe disso. Mas em dado momento, tal maceração do corpo exige uma prestação de contas. Ele engorda, ou emagrece. A saúde pede "pelo amor de Deus". Aquelas noitadas que tanto o satisfaziam aos poucos começam a se tornar deprimentes para ele próprio. Começa a enxergar a vida de outra maneira, em decorrência das experiências. Afinal, algo tão negativo pode se tornar positivo. É questão de mudança de foco. De ação. E ele age! E volta por todo o caminho, de volta à encruzilhada.

E lá está nosso amigo novamente, de frente à encruzilhada. Cansado, afinal ele se fodeu bastante naquele caminho que tinha escolhido antes. Aquele caminho que parecia tão bom em outros tempo, agora lhe parecem trevas e desgraça, causando-lhe os mais estranhos arrepios. Mas por mais que ele tenha se machucado tanto, e eventualmente machucado tantos outros, ao menos ele encara essa experiência com maturidade, na certeza de nunca mais precisar repetí-la. Aquilo tudo é passado. O foco agora é no presente e no futuro. Ele então volta seus olhos para o outro caminho. O caminho certo. Do correto. Que não parece tão prazeroso à primeira vista, é bem verdade. Mas se só existem dois caminhos, e o outro lhe fez tão mal, sua lógica lhe diz que aquele é o único caminho. Se o outro caminho de fato o conduziria à uma morte trágica e à uma entrada desgraçada no mundo dos mortos, o outro lhe conduzirá à uma morte digna, que lhe conduzirá de forma também digna para a vida eterna.

Então ele toma o caminho certo. Cria sua rotina honrada de trabalho. Diverte-se sim, aos fins de semana, mas de maneira moderada, pois também pratica esportes e entra em contato com a natureza, seja na praia ou no campo. Diverte-se na sua noite, mas de forma que isso não o impeça de divertir-se também durante o dia. Se reaproxima de um ideal religioso, seja ele qual for. Não importa se vai à igreja, à sinagoga, à mesquita, ao centro espírita ou de umbanda - o que importa é que ele se aproximou de Deus, ou de qualquer outra coisa que ele acredite que conduza todo o Universo. Sua consciência está limpa, assim como seu próprio corpo.

Algum tempo vivendo a rotina honrada, e o que acontece? O corpo pede. A mente pede. Todas essas mulheres gostosas se insinuando o tempo todo. Todos essas substâncias prontas para serem consumidas. Mas ele é um novo homem. Honrado, e tudo mais. Ceder uma vez só à antiga rotina não lhe fará mal algum. Afinal, ele é "apenas humano". "A carne é fraca". E outras merdas nesse sentido.

E lá está nosso amigo, num belo fim de semana. Talvez alcoolizado, talvez drogado, talvez fazendo sexo como um macaco - talvez os três. Mas não se assustem, foi apenas uma recaída. Um momento de fraqueza. De humanidade. Momento esse, que aos poucos vai tornando constante novamente na rotina dele e - pasmém - lá está ele denovo no caminho errado.

E ele sinceramente nem sabe como voltou daquele caminho para o outro. Afinal, ele se achava assim tão consciente. Julgou ter sido sugado de um caminho ao outro. Mas se ele tivesse o mínimo de humildade em assumir suas fraquezas, teria notado que voltou todo o caminho, entorpecido pelos antigos vícios da personalidade. E ainda entorpecido, passou pela encruzilhada e como um zumbi reingressou no caminho dos prazeres hedonistas irrefreáveis.

Tudo bem. Em um momento de consciência, ele se desespera, quando se vê novamente naquela situação antiga, que ele tinha jurado para Deus e o mundo que nunca mais se encontraria. E aquilo o faz se envergonhar em dobro. Seu suor mais lhe parece lodo, e seu corpo tão pesado lhe traz uma sensação de estar vestindo uma carcaça de animal podre. Mesmo pesadamente, quase que se arrastando, entre lágrimas de pesar e desespero, ele volta à encruzilhada. Em sua deprimente jornada de volta, ouvimos as outras almas que naquele triste caminho se encontram. Humilham, zombam. Atiram palavras que lhe causam até dor física, como se fossem objetos sólidos. A consciência está tão pesada, o corpo está tão cansado, que ele acha que não vai conseguir. Quase desfalecendo, ele pensa por um minuto em deitar por ali mesmo para tentar se recompor. Adiar a volta. Mas não. Fazendo esforço para apenas respirar, ele arrasta as duas toras de carne que outrora foram pernas, e suando frio ele alcança seu objetivo - a encruzilhada.

Aliviado, respira fundo. Se recompõe. Fisicamente. Psicologicamente. Espiritualmente. Limpa o corpo. Limpa a alma. Resolve seguir o caminho certo novamente. Mais experiente. Mais humilde. Mais ciente de suas próprias fraquezas. E sim, um pouco acovardado. Ciente que o tombo é maior e mais violento a cada vez que ele cai. E que tombo tem limite.

Ele vai seguir denovo então. Essa odisséia já vimos antes. Esse filme já vimos. Todas as afeições que ele fez no caminho errado têm a certeza que ele voltará para lá, muito embora saibam que ele é nobre o suficiente para não estar ali. As afeições que ele tem no caminho certo também não confiam nele - sinceramente acham que ele vai desistir novamente, e voltar para o caminho errado o quanto antes, muito embora tenham fé que vai chegar o dia em que ele será o homem que todos sabem que ele pode ser.

Se os bons e os maus reconhecem seu potencial latente, a conclusão é de que o dia em que ele fará o certo de vez depende apenas dele. A escolha é dele. Mas escolha apenas não basta. A ação e o esforço são dele também.

E vai chegar o dia em que ele vai seguir o caminho certo para sempre, ao ponto de o perdermos de vista em uma luz tão forte, que até ofusca nossos olhos ainda tão humanos.

No fundo, temos essa luz dentro de nós. E às vezes ela brilha tão forte e tão intensamente, que assusta nossa própria humanidade. E aí entramos em processo de soterrar essa luz que faz queimar e arder os nossos defeitos, pois é um processo de purificação. Preferimos sempre a sombra do comodismo. Chega disso. Chega de ser tão humano.

Deixa a luz brilhar. E sem medo dessa vez. A recompensa nada mais é que a sua própria felicidade.