Só sei que nada sei, mas ainda insisto em digitar...

sábado, 30 de abril de 2011

Sobriedade que incomoda.

" Os vícios soterram as virtudes em um nível moral, e a química decorrente dos vícios, no nosso corpo, soterra nossas sensações legítimas."



Há algo a se constatar no mundo atual: "encher a cara" é cultural. Plenamente aceitável entre as pessoas, principalmente da nossa geração, aos fins de semana. Plenamente aceitável inclusive entre os próprios pais. Ficar chapado, muitas vezes em níveis astronômicos, é tão normal quanto respirar. Aliás: ficar sóbrio, isso sim, tornou-se anormal. Em especial aos fins de semana.

A sobriedade é algo que me incomoda demais. Incomoda demais, já que você é humano, e somos seres vazios por excelência. A sobriedade, em tempos turbulentos, pede o vício. Seja qual for o seu vício. A sobriedade me incomoda, e muito provavelmente te incomoda também. E pode ser até que você reflita sobre isso enquanto você enche a cara mais tarde.

E é incrível como a sobriedade NOS incomoda, e como ela às vezes acaba incomodando o seu meio social, sua roda de "amigos", por exemplo. Às vezes, basta você sugerir MÍSEROS MOMENTOS de sobriedade (como ir à praia, comer uma pizza, fazer esporte), para esses "amigos" se afastarem de você, te tachando como um verdadeiro FRACO (?).

O que chega a ser intrigante, pois é engraçado as pessoas verem como fraca e otária uma pessoa que não se rende à imposições viciosas. Que seja.

Vou contar o motivo pelo qual a sobriedade incomoda: A sobriedade é o único meio de você enxergar, sentir e viver "a vida como ela é". E digamos que nesse planeta, "a vida como ela é" nem sempre é tão agradável. Aliás, poucos são os momentos em que podemos dizer que a vida nos é agradável.

A sobriedade não necessariamente nos conduz, mas nos mínimo nos chama à responsabilidade. Nos chama para a vida real, fora desse falso império das sensações imposto por nós mesmos ao nosso corpo, mente e espírito, através de mil e uma variáveis da química que consumimos noitadas à fora.

E é claro que é muito mais cômodo fugir às responsabilidades. Fugir não só de realizá-las, mas fugir também de sequer pensar acerca dela. Não ficar sóbrio para não pensar. Não ficar sóbrio para não enxergar. Não ficar sóbrio para não sentir. Não ficar sóbrio para não viver.

Durante muito tempo eu achei sinceramente que qualquer tipo de substância entorpecente em contato com nosso corpo GERAVA sensações. Quando na verdade, hoje em dia muito mais me parece que os entorpecentes de qualquer gênero SOTERRAM sensações. 

Não camufla. Não dissimula. Soterra mesmo. Pois o sentimento legítimo, a sensação legítima está lá, gerada de forma autônoma pelo nosso espírito, que por sua vez gera os impulsos cerebrais, que por sua vez desencadeiam a tempestade hormonal no nosso corpo físico.

A partir do momento que você está entorpecido, essa sensação legítima não é contaminada, mas sim SOBREPOSTA, SOTERRADA pela nova química que adentra seu corpo e flui pelo seu sangue através de suas veias e artérias, chegando finalmente ao cérebro. A droga de qualquer natureza funciona então como INIBIDOR de sensações, e não como GERADOR de sensações artificiais. Artificial sim é a catarse mental transitória causada pela química. Você na verdade SENTE o fato DE NÃO ESTAR SENTINDO NADA. Você SENTE o NÃO SENTIR. E o grande erro das pessoas é justamente achar o contrário.

O sentimento e a sensação são incorruptíveis e legítimos, e química alguma nesse mundo ou no outro podem de alguma forma contaminar isso. Mas de fato, soterram tudo isso. Os vícios soterram as virtudes em um nível moral, e a química decorrente dos vícios, no nosso corpo, soterra nossas sensações legítimas. 



O que conforta é sermos dotados de lógica, e assim podemos constatar o seguinte:

As virtudes decorrem do espírito. Os vícios decorrem da personalidade, que é uma espécie de "máscara" usada pelo espírito, ainda imaturo. Se o espírito é eterno, as virtudes são também eternas. Se a personalidade pode sempre ser moldada e aquilatada por nós mesmos, concluímos que ela é transitória. Logo, a nossa personalidade é transitória. Se a personalidade é causa, o vício é efeito. E se a causa é transitória, o efeito também será logicamente transitório.

Assim vemos que estarmos alheio à responsabilidade é estarmos estacionados. E tudo que está estacionado, pode se mover. De uma estação para a outra. É questão de querer viver a vida. De viver uma verdade, ou viver uma mentira. Divertir-se de verdade, ou achar que se diverte mediante ingestão química de qualquer natureza.

Ninguém aqui está pregando a abstinência plena, longe de mim. Mas espera aí. Chega de fazer vista grossa. Observe-se melhor. Observe seus amigos e colegas melhor. Observe as pessoas que dividem os mesmos ambientes que você. As atitudes, os pensamentos, a energia, a vibração.

Algo está errado. E só cabe à nós mesmos consertarmos tudo isso. Tirarmos debaixo dos nossos próprios escombros viciosos as sensações legítimas que se encontram momentaneamente soterradas por nós mesmos, motivados quase sempre por irresponsabilidade, imaturidade, ignorância, covardia, preguiça e (ou) futilidade.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

O meio-termo do coração.

"A famosa história de metades que se unem já perdeu figura na sociedade atual. Metades que se unem já não atraem mais o ser-humano mais racional, pois ele sabe que metades são, e serão, metades"

É segunda-feira de manhã, está muito sol, estou trajando social no ar condicionado do meu escritório, queria muito estar na praia, mas deixei um pouco os livros jurídicos de lado e resolvi desabafar aqui com vocês.

Ontem chegando em casa do aniversário da minha prima, assisti o sempre excelente "Café Filosófico" na TV Cultura. O tema de ontem foi basicamente o amor e o sexo na sociedade atual. Foram apresentadas "n" reflexões muito plausíveis sobre o assunto, e tão grande a plausibilidade reflexiva que resolvi mergulhar também nas minhas reflexões sobre o tema antes de dormir. 

Quem acompanha o blog sabe que eu sou fascinado pelo tema "amor". Não só pelo tema, mas também pelo sentimento. Muitas considerações minhas podem ser lidas na seção "Estúpido Cupido" deste blog, que é para onde este texto será encaminhado também.

Mas no que consistem minhas reflexões? Bom, a priori, o ser humano medíocre vive dizendo que o amor é complicado, que o amor é foda, que o amor isso, que o amor aquilo. Eu também já compactuei dessa opinião, e pra mim hoje em dia o negócio do amor é muito simples. Na verdade, podemos dizer que: 1) o amor existe, e que 2) o amor é simples.

Frise-se que falo sobre o "amor" referente à relacionamentos entre dois seres humanos, sejam heterossexuais ou homossexuais. Voltando aos números supra-citados, vamos lá:

1) O amor existe. E não é porquê você eventualmente possa ter tido seu coração despedaçado por um outro ser-humano, iludido e etc, não é por isso que você deva se tornar uma alma amargurada, sem amor para dar ou receber. Muitas das vezes, se o seu relacionamento afundou foi por sua própria imprevidência, imaturidade ou irresponsabilidade, e é capaz que devido á seu orgulho e falta de auto-crítica você não tenha percebido até hoje. 

Partindo desse pressuposto, podemos analisar logicamente o seguinte: Se relacionamentos falham, é por culpa de uma, ou de ambas as partes. Se você é a parte culpada ou parcialmente culpada, não de se lamentar o naufrágio do seu relacionamento em águas de amargura. Pois você FOI ou É culpado por isso. Então, lide com as consequências da forma mais honrada possível. 

Caso você tenha sido uma parte não-culpada pelo término de um relacionamento, você simplesmente deve perdoar ou não a conduta errônea do outro, sem sofrer por isso. Afinal, ninguém deve nada à ninguém. Nem a sua pessoas amada. Se fez merda então, chore, perdoe ou simplesmente caia fora. Sem fazer disso uma tragédia grega.

2) O amor é simples. E simples pra caralho. E para fazer dele simples, é simplesmente conduzí-lo da forma correta, respeitando sua pessoa amada, e inclusive respeitando suas diferenças. Existe uma filha do RESPEITO, que muitos esquecem: a filha chama-se CONFIANÇA. Tendo confiança, não se cometem atrocidades morais um tanto completamente ridículas, todas baseadas na fantasma assombroso chamado CIÚMES.

Seguindo esses dois tópicos, é muito fácil amar, ser amado, largar e ser largado. Pois é em verdade que vos digo que duas pessoas podem se amar genuinamente, mas não se aturam. E mesmo se amando, simplesmente não conseguem conviver em paz. Quem ama, também larga e também é largado. "Almas-gêmeas" não são bem "almas-gêmeas", é apenas uma figura poética que representa "almas-afim". Afins, de afinidades. Afinidades morais. Afinidades de todas as classes. Objetivos de vida, afinidades éticas, filosóficas, sociais, culturais, políticas, artísticas, religiosas, etc...

A famosa história de metades que se unem já perdeu figura na sociedade atual. Metades que se unem já não atraem mais o ser-humano mais racional, pois ele sabe que metades são, e serão, metades. O que é meio, não é inteiro. Não tem uma existência plena , independente. Uma metade, será SEMPRE dependente de outra metade. E normalmente um INTEIRO tem todas as qualidades. Separe um inteiro, e as qualidades também se separarão. E qualidades que faltam em um, sempre acabarão sendo supridas pelas qualidades que se encontram na metade do outro, e vice-e-versa. Algo assim não parece satisfazer a nossa lógica.

E com essa lógica que a maioria das mulheres pensa hoje em dia. E pensam com razão. As mulheres durante muito tempo foram a "metade" que dependia do sucesso financeiro e profissional da "metade" homem. E hoje em dia se rebelaram contra essa imposição medieval-social, buscando o desenvolvimento social e profissional do seu gênero. Alguns homens, em contrapartida, tiveram de deixar de lado seu lado "provedor" e aprender a lavar uma louça, varrer a casa, etc.

Se eu acho tudo isso certo? SIM. É da escolha de cada um. Viver sozinho, independente, com olhos apenas para a profissão e relacionamentos casuais é um estilo de vida, tanto para o homem quanto para a mulher.

Se eu concordo com esse estilo de vida? NÃO. E quando digo NÃO, não estou julgando os adeptos do mesmo, e que isso fique bem claro. É apenas a minha opinião, é um estilo de vida que não agrada as MINHAS convicções morais e filosóficas. Sim, pretendo ter o meu sucesso profissional, e sim pretendo ter a minha família. Preciso ter minhas realizações pessoais, mas também preciso ter minhas realizações pessoais no campo MORAL. E realizações desse tipo, na minha opinião, só uma família podem realizar.

Eu por exemplo não seria NADA sem a minha família, em especial meus pais e meu irmão, que me acompanham e se Deus quiser ainda irão me acompanhar pela minha vida afora. Só Deus sabe o quanto sou grato por essa oportunidade. E sim, acho nobre você ter uma família, amar sua mulher, educar os seus filhos e fazer os seus filhos poderem ser homens de bem, para que esses mesmos homens de bem possam ajudar à toda sociedade, educando assim mais homens de bem. O berço da sociedade de bem, é a família de bem.

Por isso, se você deseja também ter um filha família feliz um dia, na qual você seja um dos provedores, não esqueça que, além de um profissional bem-sucedido, você também será PAI e MÃE, e isso é tão nobre quanto ser presidente, quem sabe talvez seja ainda mais nobre?

E caso você escolha ser PAI e MÃE, o faça da maneira certa e honrada, pois será um guardião de almas. Caso você  não opte por uma família, e mesmo assim, aprenda a amar as pessoas incondicionalmente, eu te aplaudo mais ainda, pois desenvolveu uma forma ainda mais elevada de amor.
Agora caso você não queira nada disso em nome do seu egoísmo hedonista e do orgulho próprio, ah criatura ingrata e mesquinha! - que morra afogado nas tuas próprias lágrimas quando chorardes sozinho no teu imenso quarto escuro-duplex, no bairro mais nobre da cidade.

Bom almoço à todos!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Fé em Deus com o Diabo na Terra.

"O que nós vemos aí mundo afora, esses acontecimentos grotescos, são apenas a exteriorização de níveis de consciência humana. A Terra é uma espécie de laboratório."



Hoje acordei, e tive aquela mesma notícia triste que você. É muito estranha a sensação de acordar no momento em que você descobre que alguém acaba de falecer, ainda mais em circunstâncias macabras. Como você, fiquei muito triste mesmo. Até chorei. Revoltado, claro. Como não? Ao ver a declaração do sargento-herói que alvejou o diabo em pessoa, eu o aplaudi por dentro. E realmente tem de ser aplaudido.

A questão é: ele evitou que o acontecimento tomasse proporções dantescas. Mas as mortes e os ferimentos já haviam se consumado. Os gritos da morte ecoaram através de revólveres, e no ouvido de crianças. Impossível, sendo humano, não sensibilizar-se ou revoltar-se.

E começa o festival midiático: Especialistas comentam o perfil psicológico do atirador, pais em estado de choque, moças desmaiam em frente às câmeras e os repórteres perguntam o óbvio à crianças que sobreviveram aos horrores na escola carioca.

Depois, é a cacetada de postagens no Facebook, todo mundo triste e revoltado. Eu mesmo postei um vídeo do Alborghetti. Mas após ter ido à tarde no centro espírita, me arrependi. E vou esclarecer o motivo desse arrependimento.

"O mal não merece comentários."

Assim disse o amigo espiritual André Luiz, médico na colônia espiritual chamada de "Nosso Lar". E essa frase é realmente muito sábia, e muito conveniente ao momento.

Eu sinceramente confio em Deus. No "Livro dos Espíritos", Allan Kardec pergunta ao Espírito da Verdade: - O quê é Deus? - e ele lhe responde: - É a Inteligência Suprema. A Causa Primária de Todas as Coisas.

Ou seja, basicamente Deus criou o Universo, eu e você. E Deus criou TUDO PERFEITO. O que nós vemos aí mundo afora, esses acontecimentos grotescos, são apenas a exteriorização de níveis de consciência humana. A Terra é uma espécie de laboratório. Mas não um laboratório de Deus, pois ele não precisa de experiências para descobrir mais nada. É a Inteligência Suprema. A Terra é o NOSSO laboratório, a NOSSA escola. 

Eu acredito que Deus não deixe ninguém sofrer à toa. Seja idoso ou criança. E lembremos que segundo a Lei da Reencarnação, não "somos" crianças ou "velhos" pois nosso espírito, em mais uma encarnação transitória apenas ESTÁ criança ou velho, é apenas um momento transitório na vida do espírito, que é eterno, e traz consigo uma bagagem moral (ou imoral) e toda uma história até então desconhecida para nós e desconhecida inclusive para ele próprio. Cada um escrevendo sua história, à sua maneira, utilizando-se do livre-arbítrio e sendo responsabilizado pelos seus atos, ao longo das inúmeras encarnações. Quantas forem necessárias, e passando pelas provas, expiações e missões que forem necessárias à seu aquilatamento moral-espiritual.

Eu acredito que até a pior e mais grotesca das fatalidades tem um motivo, e que os envolvidos na fatalidade de certa forma, deveriam estar lá e deveriam perecer. Isso também se aplica à familiares e amigos. E que sim, o atirador, mesmo tendo livre arbítrio e mesmo não eximindo ele da responsabilidade sobre seus atos doentios, era instrumento de algo muito maior que estava acontecendo ali. Assim como as crianças que correram da escola para avisar a polícia também foram instrumentos. Assim como o policial também foi instrumento.

Me conformei que o Universo e a vida são complexos demais à minha compreensão. Por isso, diante de tragédias, eu penso apenas o seguinte: O que aconteceu, aconteceu. Seu ódio e revolta não vão mudar isso. As vítimas e o algoz serão enterradas no mesmo dia, na mesma cidade, no mesmo chão. Do jeito que começou, acabou. E ninguém mudou isso, e ninguém mudará. Conforme-se também. Pois tragédias acontecem todos os dias, em várias cidades, em vários países, com várias pessoas. Em vários planetas. E elas acontecem, e vão acontecer. Pois é assim que é. E a nossa lógica nos diz que elas devem acontecer por algum motivo, não? Que pode não ter explicação aos nossos olhos humanos, mas, até onde podem enxergar os nossos olhos humanos? Aliás, mesmo que os olhos humanos pudessem à tudo enxergar, poderia a mente humana à tudo compreender? Tenhamos mais fé em Deus, mesmo com o Diabo andando na Terra. Pois se existe um "Diabo" metafórico, ou seja, um lado punitivo na Justiça Divina, também deve ter seus motivos, não? Afinal, não seria o Diabo apenas mais um instrumento da Justiça Divina, na dança perfeita das galáxias ao longo do infinito do Universo? Sim, somos insignificantes materialmente no Universo, e infelizmente, ainda insignificantes moralmente para ficar dando pitaco no que acontece na PERFEIÇÃO INEXORÁVEL do Universo. 

Pare de gastar sua energia falando sobre este assunto, e pior, falando merda. Faça apenas como eu nessa noite, agora, antes de dormir: Ore pelas crianças. Ore pelo algoz. Ore agradecendo à Deus por estar vivo. Ore para protegê-lo das tragédias. E se puderes evitar uma tragédia, ótimo, evite com justiça e consciência limpa, pois é seu dever como ser humano. Se não puderes, ore. Pois afinal, o mal não merece comentários.

Boa noite à todos. PAZ!

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Legítima Defesa?

"Como o Estado vai negar ao homem de bem o direito de proteger-se, e proteger sua família? E não é "ter uma arma dentro de casa, caso alguém a invada pra roubar..". Porra nenhuma. É andar armado mesmo, tal qual um Velho Oeste."



A Líbia tá um caos, a Costa do Marfim tá um caos. O mundo tá um caos, porra. E a minha vida, aos poucos, deixa de ser um caos (caos esse que eu mesmo havia criado). Embora muita gente esteja CAOSando (...) eu ainda sou um ser humano, você ainda é um ser humano. Muito embora muitas vezes ajamos como animais. Afinal, o ser humano É um animal. Racional. 

Dizem.

Uma das semelhanças entre os seres humanos e todos os animais é: simplesmente cagar. Os animais cagam. Racionais ou não. E para tornar esse momento tão animal e tão humano mais interessante, os ditos racionais adquiriram o hábito de se intelectualizar DURANTE a cagada, olha só que belezinha. Os mais "in" acessam o Facebook de suas respectivas privadas, outros mais "out" (como eu) ainda lêem o jornal ou Turma da Mônica. E lendo o jornal, vi que mais uma pessoa havia sido vítima de sequestro relâmpago na USP. Aí pensei: "Caralho..."

Aí me lembrei que todo dia quando eu acordo, a TV já está ligada na Record. E cara, no jornal da Record de manhã SÓ tem assassinato. Estupro. Ou estupro seguido de assassinato. E já me emputeço logo cedo só de ouvir esse tipo de coisa.

Certos dias (como hoje) estou mais ignorante que outros. Quem me conhece bem sabe que sou espírita. Estudo, e sou apaixonado pela Doutrina. Quem me conhece também, sabe que fui militar do Exército. E sim, armas são muito legais e o Exército é foda. Quem me conhece mais ainda, sabe que opero na área do Direito defendendo as pessoas. E a própria lei nos permite a Legítima Defesa. O Estado me permite chegar ao ponto de MATAR outro ser-humano, desde que exista ameaça real à minha vida ou de outrem, e se os meios ou os instrumentos utilizados forem proporcionais à agressão sofrida.

Sei que é um tema batido, mas pergunto: Será que é legítimo o homem de bem andar armado? Pois bem andava-se armado na Idade Média, e permitia-se isso, afinal, eram tempos medievais de barbárie, assassinatos e estupros. Mas, tipo...nossos tempos atuais também não são tempos de barbárie, assassinatos e estupros? A situação é parecida, tirando apenas o fato de não usarmos mais malha de ferro, armadura e espartilho. Aliás meninas, ignorem a dor e voltem ao usar espartilho. Por favor. Decote é pouco pra nós homens.

Já que a testosterona se manifestou, voltemos. Me digam: Como o Estado vai negar ao homem de bem o direito de proteger-se, e proteger sua família? E não é "ter uma arma dentro de casa, caso alguém a invada pra roubar..". Porra nenhuma. É andar armado mesmo, tal qual um Velho Oeste.

Aí me vejo aplaudindo um sujeito que, prestes ao ter a namorada estuprada, deu um tiro na cara do assaltante, pois após o estupro, seriam ambos assassinados. Aí vão me dizer: "Reagir é perigoso..."

Bom, pelo menos é legítimo TENTAR executar a legítima defesa. É a nossa vida em jogo, gente. E meu embate moral é o seguinte: Mesmo sendo espírita, sabendo que não devemos fazer mal aos outros, se eu atiraria numa pessoa que me aponta uma arma, ou aponta uma arma para um ente querido, amigo, ou qualquer inocente? Sim, atiraria. Dois tiros no coração e um na cabeça.

Não sou nenhum Jesus Cristo, longe de mim. Me vejo mais parecido com Simão Pedro, um dos Apóstolos. Pra quem não sabe, Pedro matou alguns soldados romanos, com sua espada, quando esses mesmo prendiam Jesus Cristo no Jardim de Getzemani logo após a traição de Judas. Cristo então lhe pediu que parasse, e Pedro consentiu. Mas Pedro agiu com sua própria Justiça, no meu ver legítima. Agiu na legítima defesa de seu Mestre, Mentor e Amigo! Pois bem sabia qual seria o destino do Cordeiro - a crucificação criminosa no Gólgota.

Que venham os arautos dos Direitos Humanos e digam que os assassinos e estupradores são assim pois são vítimas do sistema. Que não tiveram pai nem mãe. Me perdoem a falta de "humanidade", mas: fodam-se vocês que pregam essa filosofia de punheta. Não ter pai, nem mãe não significa, no meu ver, ter o direito de matar o pai ou a mãe de alguém. Ser pobre e fodido não é justificativa pra estuprar uma garota de classe-média-alta. 

Deus que me perdoe, mas atualmente, penso assim: Sim, a maior arma do homem é a caneta. E eu, Tayan, JAMAIS na minha vida levantaria uma faca, uma pistola, uma metralhadora ou um rifle à alguém em nome de qualquer ideologia. Acho que o ser humano não deve nunca apontar uma arma para o outro. Mas infelizmente, enquanto houver a notícia de que UM ser-humano ainda levanta a arma para inocentes, seja para assaltar aquele que trabalha honestamente, seja para estuprar ou para assassinar simplesmente, eu não irei abdicar do meu direito à defesa, pois amo estar vivo, e quero que aqueles que eu amo estejam vivos também até que Deus ou o Diabo os chame de volta. Vagabundo nenhum vai acelerar esse processo. E se levantar arma pra mim ou pra qualquer outro ao meu lado, eu vou colocar pra dormir. Ou morrer tentando. A paciência acabou.

domingo, 3 de abril de 2011

Lembranças malditas.

"...as lembranças que machucam assaltam nossa mente com um objetivo muito nobre - o objetivo de alertar-nos."



Às vezes penso o seguinte: Poderia existir um botão na nossa cabeça, ou uma droga nova, que simplesmente apagasse certas lembranças específicas da nossa cabeça. Uma espécie de lobotomia personalizada. Aí paro e penso, e digo pra mim mesmo (mais especificamente, pro meu lado menino mimado): "Pare de ser viadinho..."

E por favor, não me chamem de homofóbico (deixem isso para o Jair Bolsonaro).

O negócio é o seguinte: Eu, e muito provavelmente você, estamos em guerra interna. E como toda a guerra, ela machuca, deixa marcas. E no fundo você não tem paz. Afinal, não existe paz em tempos de guerra. E meus tempos, meus amigos. são de uma puta guerra mesmo.

Quero deixar bem claro que quando digo que não tenho paz, não quero dizer que vivo um inferno. Nada disso. Não ter paz no sentido de você ter que matar um leão por dia. De cumprir com suas obrigações morais e profissionais. Estudar sempre, para que alguém mais qualificado não tome o seu lugar. Rezar e planejar para o que o pão nosso de cada dia não nos falte amanhã, e depois. E se você como eu, espera um dia casar e ter filhos (ou caso você já esteja nessa lista), rezar e planejar para que o pão nosso de cada não falte à sua família. É esse tipo de "paz" que me refiro. De não conseguir respirar, ou até sonhar, sem estar sofrendo qualquer tipo de pressão por parte do seu ambiente, e muitas vezes até da sua própria consciência.

E se estamos em guerra interna, e não temos paz, ainda existe algo para te atazanar mais ainda: malditas lembranças. E me refiro em especial àquelas lembranças que machucam mesmo. Que surgem como um filme, num átimo, na sua mente. Muitas vezes motivadas por um lugar especial, uma música, uma situação, etc.

E independente de querermos ou não lembrar de tais fatos, eles simplesmente comem solto na nossa mente, na maioria das vezes contra nossa vontade. Situações doces passam como um filme em nossa mente, mas situações doces de um passado que não volta mais. Então o doce torna-se amargo, adaptado à triste realidade atual. Você se recorda de todas as sensações: a felicidade genuína, o riso que até machuca as bochechas, as gargalhadas que te fazem pagar mico numa pizzaria, o aconchego legítimo em um cinema ou o simples fato de estar na estrada e passar na frente do Graal em São Paulo perto do aeroporto enquanto ouve "Fields of God" do The Police. Você sente toda essa felicidade, que agora perdeu-se em meio à inúmeros erros, e essa felicidade automaticamente converte-se em tristeza, no momento em que sua mente se dá conta que tudo isso faz parte de um passado distante, não tão distante no tempo, mas pior: distante na alma.

Os espíritos mais jovens e desavisados podem ir facilmente da tristeza ao desespero, e do desespero à depressão. Por isso, quando nos damos conta de momentos de tristeza que estejamos passando, normalmente decorrentes de lembranças que revivemos, devemos nos perguntar: "Será mesmo que essa lembrança é uma lembrança maldita, que apenas me faz sofrer?"

Lembra-se quando eu disse no começo do texto, sobre o botão de apagar memórias específicas? A lobotomia personalizada? É claro que isso tudo tem um cunho metafórico. Vamos fazer algumas perguntas à nós mesmos: 

Será que todo sofrimento é maldito?

Sinceramente, não. O sofrimento é apenas maldito enquanto sofrimento. Pois na minha humilde opinião, todo sofrimento pressupõe uma importante lição. Quando o sofrimento deixa de ser sofrimento, torna-se aprendizado, pois nossa pior hora é sempre a melhor hora para começarmos a melhorar.

Será que seria legítimo apagarmos essas lembranças que nos fazem sofrer da nossa memória?

Evidente que não. Afinal, somos hoje o resultado daquilo que fomos ontem. Adquirimos experiência ao longo da vida, das situações. Nos acertos, e principalmente nos erros. É difícil alguém que sai acertando de primeira na vida, Ou em segundo, e terceiro. Na condição de aprendizes eternos, devemos primeiro aceitar a condição de aprendizes. Em segundo, devemos aceitar os nossos erros e nossos fracassos. Perdoarmos aos outros, e principalmente à nós mesmos. Seria de um egoísmo absurdo apagarmos a dor da nossa mente, mas vivendo plenamente o resultado dessa experiência. Pois tal resultado só existe, pois a experiência existiu antes. Como apagá-la? Que absurdo é esse? Seria como viver no mundo de hoje, sem saber ou aceitar que já existiram inúmeras guerras, e atrocidades sem nome. Ignorar toda a dor presente na História do mundo. Esquecer o passado que de certa forma construiu o presente que nos encontramos. Típico do orgulho humano.

Logo...

Resumindo: as lembranças que machucam assaltam nossa mente com um objetivo muito nobre - o objetivo de alertar-nos. Quando sua mente lhe trouxer à tona, num átimo, uma situação que tenha lhe trazido felicidade, é apenas para lembrar à pessoa triste e descrente que você possa ter se tornado que a felicidade existe SIM nesse mundo, e que inclusive VOCÊ já sentiu-a de verdade no seu coração, na sua alma, mesmo que por alguns míseros instantes. Míseros instantes, mas que faziam seu mundo se mover em câmera lenta nos filmes, e instantes tão sublimes, que a felicidade foi eternizada quadro à quadro no seu corpo e alma, estampada em fotos mentais de ângulos tão perfeitos que fariam inveja ao mais exímio fotógrafo do Universo.

É claro que como essas lembranças pertencem à um passado distante, isso vai lhe causar dor. Mas não se alarme, ou desespere. Sinta-a. Agradeça-a. A dor é boa. Deixe essa dor, gerada pelas suas próprias lembranças, purificar-lhe. Quede-se ajoelhado ao julgamento exímio e implacável da sua própria consciência. Pergunte à si mesmo: "Como essa felicidade toda se perdeu?" Se você não teve culpa nisso, não há motivo para sofrimento, pois na vida seremos machucados sem motivos por muitas vezes. Cada um faz o que bem entende, e se alguém errou com você, apenas perdoe - isso não é problema seu, e isso é opção dessa ou daquela pessoa. 

Mas se você teve, de fato, culpa nesse processo da perda da felicidade, declare-se então réu culpado. Condene-se no tribunal da sua consciência. A prisão não é perpétua, claro, mas nesse processo em especial, você foi condenado. E as lembranças, e todo o sofrimento gerado por essas lembranças, são a sua pena, a sua cruz. Toda vez que a lembrança vier à tona, você vai lembrar o quê você já teve em mãos, e o quê você deixou escapar das mesmas mãos em razão da sua própria incompetência. É legítimo até se você chorar. E deves aceitar isso com a mesma responsabilidade que teve quando errou em uma situação qualquer. Nesse caso, se sofres e choras, é pela tua própria incompetência no passado (ou quem sabe você seja um incompetente até hoje? Acorde!).

Sim, você FOI incompetente numa situação X. Então a sua mente irá lembrar-lhe disso, mas para o seu próprio bem, afinal, sua mente faz parte de você mesmo. A dor que ela lhe causa ao lhe expor com verdade e justiça suas lembranças, e todas as sensações decorrentes das lembranças, é o mesmo tipo de dor que um pai causa num filho, ao repreender-lhe mais severamente, deixá-lo de castigo, quem sabe até algumas palmadas, para ver se o filho inexperiente cai em si. No fundo, é por amor. É orientação. Da mesma forma que os pais são os guardiães e orientadores das almas que vêm ao mundo, nossa consciência é a centelha divina que existe dentro de cada um de nós, sem exceção, nossa guardiã e orientadora particular.

E da mesma forma que chorávamos quando crianças ao receber esporro dos pais, choramos hoje em dia, mais velhos (mas não menos inexperientes para a vida), quando recebemos esporro de nossa consciência, através de nossas lembranças que nos fazem sofrer. Que relembremos então, tudo. Sempre. E que soframos. Pois como eu disse, a nossa sentença não é perpétua. Estamos em constante reabilitação. Ou seja, um dia, vamos sim, viver novamente, e em potencial ainda maior, aqueles momentos de felicidade que já vivemos um dia. E aí, graças à ajuda de nossa mente que nos fez sofrer tanto um dia, não mais iremos errar. Vamos saber valorizar a felicidade de modo digno, para que as lembranças sejam para sempre, lembranças. E que o sofrimento decorrente das lembranças, seja ele também, uma lembrança. E que aí sim, a felicidade que era lembrança, torne-se realidade constante no infinito dos nossos dias. 

Quando enxergarmos dessa forma as lembranças e o sofrimento decorrente delas, aí sim, as lembranças não serão mais malditas. Serão benditas lembranças.

Boa semana à todos!