Só sei que nada sei, mas ainda insisto em digitar...

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Só sei que contextualizei. - "O mundo precisa de mais romantismo, caralho!"

"Poetas gozam e choram como ninguém."



Dizem que "contexto" é a relação entre o texto e a situação em que ele ocorre dentro do texto. É o conjunto de circunstâncias em que se produz a mensagem que se deseja emitir - lugar e tempo, cultura do emissor e do receptor, etc. - e que permitem sua correta compreensão.

Mas essa definição meramente textual não me agrada, acho que é preciso transpô-la. Pois eu vejo tudo de uma forma muito simples: textos são palavras. Palavras são idéias. Idéias são a própria vida. 

Vivemos as idéias. Tanto apenas no plano mental (apenas sentindo as idéias, que nos causam emoções variadas), quanto no plano físico mesmo (idéias que se tornam atitudes no mundo material). Tanto atitudes físicas propriamente ditas (um beijo, um abraço), ou apenas a exteriorização física e materialização dessas idéias através da escrita (o ato de se escrever um texto, ou uma poesia).

Ou seja, VIVEMOS idéias. Respiramos, sofremos e sorrimos idéias.

E já que a própria vida em si é um texto metafísico, um texto ambulante sendo escrito pela mente de cada um, há de se falar em contexto. Ora, como não? 

Devemos analisar todas as idéias (as nossas e as dos outros) e todas as eventuais situações que nasçam dessas eventuais idéias sempre contextualmente.

Tudo é simbólico. Tudo há de ser contextualizado.

A vida é mais bonita com os símbolos. Pois os símbolos e o próprio contexto de tudo enobrecem a experiência humana. Torna tudo mais bonito, mais charmoso. Mais verdadeiro. Mais profundo. Seja essa intensidade para bem, ou para mal.

Aquele que vive a vida com sensibilidade o suficiente para ver e viver os contextos situacionais mil que a experiência humana nos proporciona e que nós mesmos nos permitimos (ou não) viver é um abençoado e um amaldiçoado ao mesmo tempo.

A alegria e o sorriso de um artista é muito mais sincero do que o de uma pessoa dita "normal". Pois tudo tem contexto. Vive-se a situação E o contexto. Alegria ou sofrimento em dobro. 

Poetas gozam e choram como ninguém.



Pois um contexto "X" torna uma situação "Y" diferente. Mais intensa. Como eu disse, mais intensa para bem ou para mal. Aí vai depender de quem você é, com quem e aonde você anda e o que você e as pessoas andam fazendo por aí na sua vida.

Viver com intensidade não é fácil, pois a vida em si é uma montanha-russa. E só é uma montanha-russa por dois motivos: ou assim o deixamos ser (por que GOSTAMOS de emoções fortes, boas ou ruins) ou simplesmente somos desgovernados pois somos ainda somos incompetentes como pessoas. 

Ou comemos merda por acidente, ou comemos porque nos acostumamos a comer merda. E o filé mignon metafórico custa caro, não? Então come-se merda e dá risada, na zona de (des)conforto que nós mesmos criamos. Tal qual uma hiena.

Como eu ia dizendo, tudo é contexto. Eu vou dar o meu próprio exemplo. Eu acordando de madrugada aqui com vontade de escrever. Eu poderia ver isso de duas maneiras. 

MANEIRA 1 (SEM CONTEXTO) - Acordei pra cagar e mijar, tomei um copo d´água, e como fui dormir cedo ontem e como tenho uma tendência e uma certa facilidade para escrever as coisas, sentei aqui e escrevi um texto sobre certas coisas que já pensei sobre, e que pensando bem, não são tão novidade assim, nem para mim, nem para ninguém.

MANEIRA 2 (COM CONTEXTO) - Acordar para cagar e mijar e tomar um copo d´água na verdade foi a maneira de minha mente acordar o meu corpo. Meu próprio corpo me acordou, pois minha mente assim o quis. Ela tem tantas coisas para colocar para fora que teve que me acordar. O quê será que ela quer me dizer? Vamos esfregar os olhos e pensar. Bom,  tenho vivido as coisas com tanta intensidade ultimamente. Sempre refletindo, sempre refletindo. Principalmente nos contextos. Ora, afinal, acordar e querer escrever assim de madrugada, é completamente simbólico, contextual. É romântico, cara. Vou começar a escrever sobre isso e ver no que vai dar: "Dizem que contexto..." 

E aí foi. E cá estamos. Se não fosse eu reparar no "contexto" de acordar de madrugada para escrever, esse texto não teria saído. Esse texto só começou a ser escrito pois refleti acerca da palavra "contexto". Aí sentei aqui para ver no que ia dar.

Chega de sermos mecânicos, que mania do ser-humano! Não podemos fazer as coisas maquinalmente mesmo, não somos máquinas! E nem fazer as coisas apenas por instinto, pois não somos bichos! Somos algo ENTRE um bicho e uma máquina. Pois nosso cérebro é um verdadeiro computador. Mas não somos robôs. Somos de carne, comemos, mijamos, cagamos e trepamos. Mas também não somos bichos. Por isso o ser-humano está sempre em crise. Vive em busca de modelos (animais ou máquinas), quando na verdade deveria saber que ele próprio deveria ser seu próprio modelo. Deveria aceitar sua condição humana, conhecer-se, explorá-la e aprender lidar com a maneira certa. Somos criaturas específicas demais nesse Universo, cara. Por maior que essa porra desse Universo seja, NÓS SOMOS SERES MUITO ESPECÍFICOS. Não devemos fazer alarde disso, mas também devemos saber valorizar isso. Se o  Cosmos, em toda sua grandeza e sabedoria desconhecida resolveu nos criar ASSIM, devemos nos sentir abençoados, e não amaldiçoados por isso. E por mais que isso nos assombre ás vezes, devemos procurar a luz denovo. Somos que nem o próprio dia: a gente sempre acaba anoitecendo, por dentro e por fora. Mas o sol nasce pra todos, e só vive no escuro (se escondendo nas sombras do mundo, ou nas sombras de si próprio) quem é. Direito de cada um. Opção de cada um. Livre-arbítrio conduz ao Céu e ao Inferno. À terra fértil, ou ao abismo. Pois sim, a madrugada é sempre mais escura antes do amanhecer. Mas de que adianta o dia amanhecer, se toda vez que ele amanhecer você insistir em procurar trevas artificiais (internas ou externas) para se esconder, e nelas espreitar, apenas esperando o próximo anoitecer?

Nossa melhor metáfora de ser-humano é aquele homem de lata, que só queria ter um coração. Um robô que só quer amar. Mas se analise, caralho! Somos um robô de carne, nós JÁ TEMOS UM CORAÇÃO. Basta aprender a valorizá-lo, respeitá-lo e "usá-lo" da maneira certa. Da maneira metafórica mesmo, mais romântica. Não apenas vê-lo como um bombeador de sangue. Mas um bombeador de vida, um bombeador de amor.



O mundo precisa de mais romantismo, caralho! Não de mais caralho. De mais romantismo, (VÍRGULA) caralho!

E isso é tão lindo (não o caralho, o fato do mundo precisar de mais romantismo e de mais contexto) que eu precisei acordar de madrugada para eternizar o contexto com texto.

Não é que o mundo precise de mais romantismo, o mundo tá aí. As coisas acontecem. As pessoas interagem, e bom, as coisas acontecem. A responsabilidade de enxergar as coisas como DEVEM ser enxergadas (pois como a raposa disse ao menininho, "O essencial é invisível aos olhos) é completamente nossa. Ou seja, o mundo precisa de mais romantismo. O mundo já é romântico por si só. Basta que a gente se disponha a flertar com o mundo. Dançar o canto dos passarinhos e bailar com a vida. Bailar com as pessoas. Cantar com as pessoas de madrugada. Andar de mãos dadas quando sentirmos vontade. Dar e receber colo. Olhar o mar. Sentir o vento frio de uma manhã ensolarada de inverno, e se aninhar em alguém. Deixar alguém se aninhar em você. Sentir que o tempo passou tão rápido que o "amanhã" de "ontem" já era na verdade o "hoje". E beijar esse alguém nesse "hoje-amanhã" como se não houvesse um outro amanhã. Ao ponto do vento da praia fazer você comer areia e cabelos durante o beijo todo - e você simplesmente não estar nem aí.

Tudo isso é contexto. E quem tem contexto, quem vive contexto, simplesmente dá um jeito. Faz questão de dar um jeito. Pois dar um jeito, também é contexto.

E existe uma grande diferença aí, não? E a gente simplesmente sente. Simplesmente sabe, e às vezes não sabe nem explicar.

Mas isso é coisa de gente grande, cara. Por mais que esse amor entre duas pessoas seja "esteticamente vadio" às vezes, talvez pela forma que ela se move em cima de você e a forma como ela geme e te morde, ou pela contundência até animalesca que ele tenha em cima de você numa cama, te agarrando com propriedade, eu repito - tem amor  (e muito amor) aí. É sincero pra caralho. Afinal, vadiagem mútua e sincera é simplesmente poesia. Vadiagem em forma, nunca em essência.

Mas como eu disse, isso é coisa de gente grande. Para os iniciados. Para que tem, dá e vive o contexto. Corpo e alma, saca?

É,  pessoal. O mundo e a vida flertam com a gente todo santo dia e a gente nem percebe.

E quer saber? São 05h14 da manhã. Hoje vou me dar o direito de ver o nascer do Sol. Um nascer do Sol . Isso tem um contexto absurdo e é simbólico pra caralho pra mim hoje. Deveria ser isso pra mim todo dia. E pra vocês também.



Bom dia à todos. Cheio de contextos. E que teus contextos sejam maravilhosos.

Hoje, e sempre.

PS.: Só não vão ficar de palhaçada e querer começar a contextualizar merda. Ninguém aqui é criança, todo mundo aqui sabe o que é merda e o que não é. Então por favor não comecem esses perigosos processos de auto-sabotagem querendo ver beleza contextual onde não há e de querer glamourizar o que não se deve. Merda é merda e ponto. Simples assim. Poupem a si mesmos e me poupem de uma presepada dessas, por favor.

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