Só sei que nada sei, mas ainda insisto em digitar...

domingo, 5 de junho de 2011

Só sei que amei e odiei.

"Para os seres-humanos, são muitas e variadas as formas de amar. Assim, como são muitas e variadas as formas de sofrer por amor."




"Odi et amo. Quare id faciam, fortasse requiris. Nescio, sed fieri sentio et excrucior."

Do latim para o português seria algo como: "Odeio e amo. Por que faço isso, talvez perguntes. Não sei, mas sinto acontecer e me torturo."

Esse é um pequeno trecho de um poema de Caio Valério Catulo, que deu o ar da sua poesia aqui no planeta antes do Cristo sequer ter nascido.

E como podemos observar no poema de Catulo, desde antes de Cristo, o homem sofre por amor. Alguns sofrem por não entendê-lo. Outro sofrem por sentí-lo. E alguns outros ainda sofrem por entendê-lo, mas não sentí-lo, ou sentí-lo até demais muito embora a razão diga para não sentir.

Para os seres-humanos, são muitas e variadas as formas de amar. Assim, como são muitas e variadas as formas de sofrer por amor.

Nesse caso em específico, ama-se como pressuposto. E esse pressuposto normalmente conduz ao seu próprio antônimo: o ódio. E por mais paradoxal isso pareça, Deus sabe como essa síndrome ataca seus filhos na Terra.

É possível mesmo amar e odiar, odiar e amar, assim como foi dito no poema? Assim como é sentido por tantas pessoas? Assim como muito provavelmente você já tenha sentido, ou sinta ainda isso, esse estranho paradoxo no seu coração e na sua vida?

Pode-se odiar alguém que você já amou. Como por exemplo, se a pessoa amada assassinasse um ente querido seu .Ou te traísse. Sim, o amor pode tornar-se ódio. E aquele que te fazia ouvir as mais belas sinfonias de amor, vai fazer-te sentir um nojo tremendo.

Pode-se também amar alguém que você já odiou, pelo motivo que fosse. Pois uma das mais belas características em ser humano, é poder perdoar e recomeçar. Talvez nunca esquecer o passado, mas simplesmente torná-lo indiferente face à um presente feliz e um futuro promissor.

Mas não me parece plausível amar e odiar alguém simultaneamente. Isso não faz sentido algum. E é nessa falta de sentido que muitas pessoas parecem não prestar a devida atenção.

Não se "ama e odeia alguém". Muito provavelmente você ama alguém, e odeia o fato de amar este alguém. Mas isso não quer dizer que você não a ame. Você a ama. Você simplesmente odeia o fato de amá-la, seja lá qual for o motivo que você arrumou para isso. Ou seja, no fundo, você odeia a si mesmo, por não conseguir controlar seus próprios sentimentos.

Também não se "odeia e ama alguém". Muito provavelmente você odeia alguém, e ama o fato de odiar este alguém, e causar-lhe mal ou vendo sofrê-la de forma sádica de alguma forma. Mas isso não quer dizer que você a ama. Você a odeia. Você simplesmente ama o fato de odiá-la, seja lá qual for o motivo que você arrumou para isso. Ou seja, no fundo, você está simplesmente consumido por mágoas e ódio, tendo isso como verdadeiro alimento na sua alma, e você precisa amar esse ódio para se alimentar, pois você que escolheu usar essa máscara sádica, odiosa e magoada, pois você não conseguiu controlar seus próprios sentimentos.

A linha entre o amor e o ódio não é tênue. Mas há uma linha, como há uma linha para tudo na vida. Que pode sim, ser transposta por qualquer um dos lados, a qualquer tempo, e devido à qualquer motivação. Mas sempre um, ou outro. Nunca em cima do muro. Ame, ou odeie.

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