Só sei que nada sei, mas ainda insisto em digitar...

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Só sei que não procurarei.

"Invadir a privacidade de alguém, do jeito que for, é algo comparado a invadir os pensamentos daquela própria pessoa. É querer despoticamente sobrepor-se à humanidade daquele ser-humano, tal qual um Deus inquisidor e justiceiro."



Quem procura, acha. E quem acha, normalmente, se decepciona. Pelo menos quando procuramos algo em um ser humano. Pois além de uma metamorfose ambulante, o ser humano é uma decepção ambulante. Seja maior ou menor o nível e a capacidade de decepcionar quem te ama e quem te odeia, essa é a verdade.

Normalmente, é difícil procurarmos por qualidades. Pois qualidades, quase sempre, são naturais. As virtudes não são forçadas. Tudo acaba transparecendo, pois eclode da essência, e transparece na forma. Às vezes até transparecendo de forma oculta aos olhos físicos, mas nunca aos olhos da alma. "O essencial é invisível aos olhos."

Não há de se procurar as virtudes. Elas simplesmente serão atiradas em você, como um laser impetuoso, do qual você não consegue se desviar. Nada escapa ao raio de ação do que é realmente belo.

Partindo desse pressuposto, de que não há de se procurar o que é belo em alguém, podemos chegar à conclusão de que se procuramos algo em alguém, esse algo está oculto. Se foi oculto, ALGO ou ALGUÉM o ocultou. E com certeza não um tesouro sendo oculto, pois os tesouros da alma são impossíveis de se ocultar, ainda mais dentro de nós mesmos.



Muitas pessoas dizem que as virtudes são ocultas, mas não é bem assim que eu vejo. Eu vejo as virtudes como LATENTES. Elas não estão ocultas, elas simplesmente estão sendo desenvolvidas. Não estão escondidas. Estão crescendo.

Diferente do que é, ou está, oculto. E se está oculto, virtude pois, não é. E o que não é virtude é automaticamente vício. Defeito.

Temos muitos defeitinhos de fábrica, moralmente falando. Mas ao longo das encarnações, das experiências humanas e sociais, vamos aprendendo a no mínimo discernir o que é bom e o que é mal, o que é belo e o que é horrível, o que é virtude e o que é vício. E por mais que muitos de nós ainda ostentemos TANTOS vícios em meio às nossas tão poucas (mas belas) virtudes, pelo menos, em nível de consciência nós já sabemos o conceito básico de "certo ou errado". Todo mundo sabe o que é moralmente reprovável perante a sociedade, e perante nós mesmos. E nem precisamos do Direito e das Leis para sabermos disso - a gente simplesmente sabe, e ao longo da vida vai lembrando e reconstatando tudo isso que de certa forma misteriosa "a gente já sabia".

Ou seja, se muitos de nós ostentam práticas reprováveis perante a sociedade e inclusive perante nós mesmos, é plausível que muito seres-humanos se dediquem à práticas reprováveis. Pois o pensamento, em nível mental, conduz à ação, em nível material. Sabem que, em tese, não deveriam estar fazendo aquilo, mas ainda fazem. Alguns em maior, alguns em menor proporção.

Pois isso que nos torna tão humanos. A experiência humana interessantemente é conduzida com base na auto-constatação, que por si só é baseada nos erros. Tão difícil é aprender com os erros dos outros. Necessário mesmo é aprender com os nossos próprios. Não basta ver alguém se fodendo. EU tenho que me foder. E dói, cara.

E com base nessa dor, vamos aprendendo. E essa dor de diversas formas. Pode ser física, moral. Humilhação. Decepção. Horror. Pânico. Medo. Overdose. São tantos os resultados, são tantos os caminhos. A vida é bela, mas passa por caminhos monstruosos. Afinal, todo anjo já foi logicamente um demônio. E quem trabalha no céu, já passou pelo inferno. Se não nessa vida, em outras. Pelo menos é assim que eu vejo. É assim que me parece lógico.

Passíveis de erros absurdos, o ser humano é o rei do papelão no planeta Terra. Os animais podem não ter a nossa capacidade de raciocínio, mas nem de longe tem a nossa capacidade de pagar mico. Somos fazedores de merda por natureza. O ser humano vai sempre fazer merda, salvo raríssimas exceções. E isso é uma certeza aritmética.

Pois se não fizéssemos tanta merda, humanos não seríamos. Seríamos santos, anjos ou deuses - mas não humanos.

Sabendo de tudo isso, é claro que nos perdoamos mediante os nossos erros. E claro que devemos perdoar os erros cometidos pelos outros. 

Principalmente quando amamos, ou dizemos amar alguém. Pois amamos ou achamos amar alguém igualzinho a nós. Pode não ter exatamente os mesmos defeitos, mas com certeza tem os dele. E também não são poucos. Por isso devemos respeitar algo importantíssimo, algo que parece que foi esquecido há anos atrás - a PRIVACIDADE.



Todos temos direito à privacidade. Se resolvemos ocultar, ou não expor algo, é pois, no fundo, sentimos vergonha daquilo. Se não fosse reprovável perante a sociedade, ou perante nós próprios, não seria oculto. E se oculto está, oculto deve ficar. É um mundo a parte.

Como o próprio mundo dos pensamentos. Graças ao bom Deus, nossos pensamentos são NOSSOS pensamentos. E só são exteriorizados (pelo menos no mundo material, aqui nessa dimensão, no planeta Terra) se ASSIM QUISERMOS. Se foi exteriorizado por sons, gestos, palavras, ou atitudes que EU DECIDI NÃO OCULTAR, tudo bem. Do contrário, é direito meu não divulgar, pelos motivos que eu achar plausíveis, e simplesmente não dar satisfação a ninguém. Livre arbítrio. Já pensou se nossos pensamentos mais secretos e absurdos, fossem plasmados no mundo material, tal qual um holograma, igual àqueles do "Guerra nas Estrelas"? Seria um absurdo, não? Pois é. Quando entramos no mundo secreto de alguém (e TODO mundo tem um) é exatamente isso que fazemos. Pegamos tudo aquilo que aquela pessoa tem vergonha, e ocultou, e simplesmente ficamos visualizando tudo. E falo de pensamentos E atitudes que aquela pessoa resolveu, sei lá por que, tomar. 

Invadir a privacidade de alguém, do jeito que for, é algo comparado a invadir os pensamentos daquela própria pessoa. É querer despoticamente sobrepor-se à humanidade daquele ser-humano, tal qual um Deus inquisidor e justiceiro. E você vai enxergar toda a poeira por debaixo do tapete. E não contente em enxergar a poeira, a maioria das pessoas se enfia embaixo do tapete, e é capaz de fazer um canudo e de cheirar aquela poeira toda que colocaram por debaixo do tapete.

A troco de que? De se decepcionar? Queridos, o ser humano, se formos buscar lá no íntimo de cada um, é um gerador de decepções ambulantes. Querer arrancar a máscara de alguém, à força, é cruel, desumano. Pois algum deficiência oculta existe ali. Sim, alguns não estão nem aí para o defeito. Mas pode ter certeza que se ele não usa, máscara ele não usará. Mas se ele se deu ao trabalho, foi pra te poupar daquela feiúra. E se essa pessoa foi bela o suficiente pra te esconder aquilo, pra te poupar disso, tenha certeza que ela se esforça, do jeito dela, para ser a mais bela das pessoas. Para um dia nunca mais ter que usar uma máscara.

Se arrancassem a sua própria máscara, e devassassem seus mais sórdidos pensamentos, você também ficaria vendido, cara. E é hipocrisia demais dizer que não.

Se amas alguém, dê a ela o teu voto de confiança. Ama, e confia. Se o fedor vier à tona naturalmente, paciência. Aí o fedor sobrepôs-se ao perfume. Então o fedor é mais forte. Então o fedor é a essência daquilo.

Mas se o perfume é doce e te basta para ser feliz, não busque a podridão naquilo que você acha belo. Pois todos estamos apodrecendo, desde o momento que nascemos. Pois enquanto o corpo apodrece, a alma enobrece. Pelo menos ESSA é a idéia. Confia no perfume da alma dos outros ou de alguém especial, aquele que você sente em essência. Pois se procurar a podridão física, aquela do corpo, aquela dos vícios, dos defeitos, você com certeza irá achar. Isso faz parte da nossa essência, ENQUANTO seres humanos. Foque nas virtudes. Foque na essência da alma, aquela que te apaixonou. Isso é o que importa. O resto se emenda, se adapta cedo ou tarde.

Se ama, respeite o espaço. Respeite os defeitos. Do contrário, você vai se decepcionar. Você vai chorar. Pois o teu orgulho não vai permitir que os outros errem com você. O erro dos outros é incompreensível, não é verdade? Então se não vai saber amansar teu orgulho, nem o atiçe. Com certeza tu não estará preparado para dar uma prova de amor dessa magnetude, enquanto na Terra. Não vou te mandar nem fazer vista grossa. Vou te mandar apenas respeitar o espaço.

Pois aquilo que escondemos, está sendo tratado. Convivemos com aquilo, tentando descobrir e desenvolver uma maneira de expurgar aquilo de nós mesmos. Por isso está escondido. E esse problema é meu, e não seu.



Claro que cada tem suas prioridades. Mas vai ser difícil e quase impossível o amor falar mais alto, enquanto o teu orgulho estiver dando escândalo.

E quantas vidas que poderiam ter sido infinitamente felizes a curiosidade, a falta de confiança e o orgulho não destruíram? E não digo "falta de confiança" no sentido da pessoa errar. Pois ela VAI ERRAR, e não vai ser uma vez. Digo "falta de confiança" no sentido de resolver o problema. Você podia ter dado uma chance a ela, ou duas, ou dez. Temos a vida inteira pra resolver um problema. Talvez ela resolvesse aquilo no último suspiro. E não teria valido a pena ficar do lado dela para tê-la ajudado? Ter feito parte dessa vitória? A mim parece nobre. A outros, parece mais nobre ser montado pelo orgulho como um cavalo, e sair em galope pela vida afora entre lágrimas, e com um aperto no coração.

E pau no cu dos prejudicados.

PS: Respeite a privacidade alheia. E caso tenha a sua privacidade respeitada, aproveita essa "paz" pra se emendar, tomar vergonha na tua cara e parar de fazer merda de uma vez, cara.

4 comentários:

  1. Tudo o que diz respeito a nós mesmos é justificável, seja lá o que for, mas quando tratamos de outra pessoa, nossa privacidade eventualmente é muito mais que problema nosso, muitas vezes acaba por se tornar o problema do outro, a quem asseguramos uma postura que a realidade da nossa "privacidade" contradiz. Nesses casos em que traímos a confiança de uma outra pessoa, sob os véus da nossa privacidade, torna-se plenamente justificável uma "invasão" em legítima defesa por parte da vítima de nossas podridões ocultas, lembrando que nossa própria lei admite o homicídio em legítima defesa. Se admite o homicídio, quem somos nós para encontrar nossa privacidade em posição tão privilegiada ao ponto de devassar a confiança alheia, expondo até mesmo os próprios valores dessa pessoa a terceiros?

    "O dever principia sempre, para cada um de vós, do ponto em que ameaçais a felicidade ou a tranquilidade do vosso próximo; acaba no limite que não desejais ninguém transponha com relação a vossa."

    Irmão, se pretendes evoluir como demonstra em seu texto, comece pensando primeiramente em seu próximo e em tudo que suas atitudes acarretam a ele, e lembre-se que crueldade é traição. Paz.

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  2. Mentir para si mesmo é sempre a pior mentira.

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  3. Irmão ou irmã, mentir para mim mesmo atualmente é o único remédio que encontrei, no auge da minha humanidade que me soa transitória, e ao mesmo tempo infinita. É a única coisa que me separa da loucura causada pela dor de machucar a pessoa que mais amei nessa vida e na outra. É o que vai manter o mínimo de sanidade que ainda me resta nessa vida. Tudo isso que me falou, eu já sei. E bem. Simplesmente não quero lembrar. Sabe o motivo? Pois não vou aguentar. Eu viver um pouco no meu mundinho de fantasia, talvez me conduza ao mundo das verdades. Ou veja pelo menos como "férias". Estou tirando férias de mim mesmo. Férias de sentir ódio e nojo de mim mesmo. Um dia eu volto. Só não sei quando. Paz. Luz!

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  4. Acho que o resumo da ópera é: todo mundo erra, nos resta perdoar ou não. E isto é, de fato, uma escolha. Amar é uma escolha, amor não se escolhe (lembra disso?). Amar significa perdoar, relevar, praticar a caridade - e isto não tem NADA a ver com fazer vista grossa aos erros do outro, mas de fato, aceitar - assim como aceitamos os erros que temos dentro de nós mesmos. O primeiro passo para retornar dessas suas férias aí é parar de sentir ódio e nojo de si mesmo - amando a si mesmo e perdoando os seus erros.

    Partindo deste princípio, pensar no futuro e em como as atitudes influenciarão os outros - e a si mesmo. Porque, sinceramente, este é o principal. "Não faça aos outros o que não queres que façam a ti". "Ama ao próximo como a ti mesmo".

    É difícil, todos somos humanos, a decepção é algo que faz parte da vida, mas o grande espírito desta jornada que chamamos de vida é melhorar, sempre.


    O problema é quando a própria pessoa é a prejudicada.. Aí o pau é no cu dela mesma...

    Só para acrescentar - falta de confiança é o pior veneno de qualquer relacionamento humano. Todo mundo erra, todo mundo peca, e é uma merda querer que o outro seja puro e santo, quando na verdade ninguém é.

    só sei que me perdi nesse comentário!

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