Só sei que nada sei, mas ainda insisto em digitar...

domingo, 31 de julho de 2011

Só sei que desabafei.

"E todo esse seu passado não tão nobre assim, que você simplesmente se permitiu viver como parte das experiências tão humanas, serão apenas passado. Então é muito mais cômodo adiar essa mudança, ou fingir que não é com você. Ou tentar justificar isso da maneira que melhor lhe convir."



Costumo escrever de forma polida na maioria das vezes, abordando tudo sempre filosoficamente. Hoje não vai ser assim. Vamos falar sobre o mundo real. O mundo de homens que agem como meninos, e de mulheres que agem como meninas. De meninas que agem como mulheres, e meninos que agem como homens. Eis aí o ser-humano sempre em crise. Patético.

Pede-se decência na sociedade. O companheiro ou companheira que você arrumar pra vida inteira há de ser decente. E você quer essa pessoa decente pra você, e você exige que uma pessoa assim apareça no seu destino. E aparecendo ou não essa pessoa, a verdade é uma só: a decência não basta. Nos teus pensamentos mais sombrios você quer ser tratado ou tratada às vezes com indecência. Talvez exija que seu companheiro decente te trate de forma indecente. Ou talvez queira que outra pessoa além do seu companheiro te trate com indecência, afinal ninguém vai ficar sabendo. Será que não é um direito seu? Afinal, quem vive limpo, às vezes gosta de se sujar. Só pelo prazer de poder se limpar. E talvez depois se sujar denovo. Nojento.

O amor não é o suficiente pra você. Pois nesse planeta habitado por seres humanos ainda tão egoístas, o amor sempre acaba tirando parcelas da sua liberdade. E quem quer ficar preso? Então você faz assim: mesmo que você venha a se "prender" num relacionamento, você precisa respirar. Um flerte aqui. Talvez um abraço ali. Quem sabe uma transa acolá. Mesmo que você não concretize isso no plano físico, você se permite a fantasiar com esse tipo de coisa no banheiro ou jogado na sua cama. E fazendo isso, os homens podem fingir serem exemplares pais de família, enquanto ainda ostentam seus hábitos mais primitivos de caça e conquista sexual, tendo ainda assim o seu título de macho-alfa. E as mulheres podem viver seu sonho de usar véu e grinalda, viver seu sonho numa casa de bonecas com seu marido, talvez alguns filhos, e ainda assim ter seus momentos de uma verdadeira protagonista de um romance do Nelson Rodrigues. Afinal,  todos ainda têm seu lado animal. E tem dias que ele simplesmente berra, não é? Eu apenas rezo para que você saiba discernir o que é realidade, e o que não é. E não é porque você vive uma situação de carne, osso e talvez um pouco de suor, que isso significa que essa situação que de fato aconteceu é real. Tantas vezes vivemos mentiras na nossa carne. Às vezes vivemos mentiras na carne dos outros também. Se pelo menos alguém nos avisasse, não? Triste.

Ou que tal simplesmente fugir do amor? Dizer a si mesmo que ele simplesmente "não é pra você". Foque na sua carreira. Faça seu mestrado. Seja rico ou rica antes dos quarenta. Diga que é independente. E entre noitadas vazias regadas à muita bebida, talvez algumas drogas, você vai vivendo sua vidinha vazia de merda achando que é o máximo. Seu sorriso forçado nas fotos é só mais uma máscara que você resolveu usar, e que faz questão de mostrar pra todo mundo. Parabéns, você se enganou direitinho. Covarde.

Mesmo o amor não sendo o suficiente, você também não quer passar o tempo todo sendo tratado ou tratada como um objeto. Ser apenas usado o tempo todo cansa e deprime, por mais que você também use os outros de certa forma. Então às vezes revolta-se com o estilo de vida que você impôs à si mesmo ou à si mesma. E acha injusto o fato de todo mundo te achar um filho da puta, ou uma vadia. Afinal, por baixo de toda essa podridão ainda bate um coração. Poético.

Você sabe que precisa achar um meio-termo. De verdade. Mas hoje não. Talvez amanhã, talvez mês que vem ou ano que vem. Você decidiu aproveitar esses seus momentos de humanidade ao extremo, pois sabe que quando assumir de vez seus compromissos mais nobres, esse caminho não terá volta. E todo esse seu passado não tão nobre assim, que você simplesmente se permitiu viver como parte das experiências tão humanas, serão apenas passado. Então é muito mais cômodo adiar essa mudança, ou fingir que não é com você. Ou tentar justificar isso da maneira que melhor lhe convir.

Pois assim são algumas de nossas experiências humanas, em especial as que descrevi acima. Patéticas, nojentas, tristes e covardes. Algumas até poéticas, em meio à todo esse caos que todos nós vivemos em dado momento da nossa vida. Ou que ainda iremos viver. Ou se já vivemos, que talvez iremos viver novamente, em maior ou menor intensidade. 

Pessoas como eu descrevi acima são niilistas? Românticas? Me parece mais um niilismo romântico, eu me permitiria dizer. Mas no final, o "niilista romântico" vai ter que escolher um lado, ou outro. Viver em cima do muro é simplesmente anti-natural.

É claro que toda regra tem suas exceções. E se você é uma dessas exceções, me perdoe. Mas caso não seja, te vejo por aí.

Um comentário:

  1. Nossas conversas na madrugada estão fazendo muita falta! Preciso dizer que me identifiquei com o que vc disse?

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